XVI - A sobremesa

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Olho para Cato e vejo que ele também está com raiva dela. Como é possível ela e o... o... Peeta estarem pegando fogo sem se queimar? Fico com tanta raiva que quase caio da carruagem. Zero patrocinadores. Zero. Quero gritar e gritar, sair da carruagem e atirar a minha faca nela, porém não posso. Depois de uns vinte minutos o desfile acaba e somos levados de volta para a entrada do prédio em que os tributos ficam.

- Vocês estavam perfeitos - disse Lyme.

- Ouro puro hein... - falou Brutus.

- Só não estavamos melhores que o distrito 12 - digo.

- Eles pegaram fogo e não morreram - Fala Cato.

- Infelizmente... - digo.

- Com certeza todos os nossos patrocinadores foram para eles - disse Cato.

- Nem todos - disse Trude's, a mentora de Cato.

Percebo que Cato está encarando Katniss severamente. Vejo que o mentor dela sussurra alguma coisa e todos os integrantes do 12 se dirigem para o elevador.

Tigris tira meu aro e troca minhas botas, um pouco desconfortáveis, por sandálias.

- Vocês não vão poder tirar a armadura em seus quartos, pois esse ouro foi emprestado pela capital e será derretido e transformado em outra coisa. Vocês terão que tirar ela na frente de seus estilistas - disse trude's.

- Eu vou subir só se cueca? - pergunta Cato.

- E eu só de calcinha?- pergunto intrigada.

- Suas roupas já estão em seus provadores. Agora vão - ordena Tigris.

Os provadores ficam no subsolo. Entramos no elevador e descemos um andar. Lá estavam apenas os tributos do cinco e do sete. Entro na porta com o número dois e um círculo rosa. Tigris me acompanha e entra na sala/provador comigo. Tiro minha armadura e coloco uma blusa verde escuro, com um short branco. Saio de meu provador e ouço Cato praquejando, por não conseguir tirar suas botas. Subo com Tigris, Glyde, Lyme e Brutus enquanto Cato e Trude's ficaram la embaixo. O nosso andar é o segundo, pois somos do distrito 2. Olho para o relógio digital, que fica no canto superior esquerdo da sala de jantar e vejo que já são 8:30 p.m., por isso estou com tanta fome. A última coisa que me lembro de ter comido foi o café da manhã. Acho que foi há uns dois dias. Sento-me na mesa de jantar com todos. Glyde aperta uma campainha, e um Avox aparece com um caderno, um cadárpio e uma caneta na mão. Brutus analisa o cardápio e diz:

- Números 1,7,12 e 25.

- O que é isso? - pergunto, sem saber o por quê do que ele acabou de dizer.

- Estava apenas escolhendo a nossa janta - responde ele, como se dizer números aleatórios para um empregado, fosse a maneira mais normal do mundo de pedir comida.

No momento que ele termina de dizer isso, Cato e Trude's aparecem. Cato com uma calça preta e uma blusa de manga listrada de azul escuro e branco e Trude's, com seu cabelo raspado, com um moicano azul e seu vestido com todas as cores que você possa imaginar, isso sem contar com sua pele tinjida de um marrom bem escuro e seus olhos puxados. Bem... os olhos são puxados por natureza... eu acho.

Eles dois se juntam à nós e depois de uns cinco segundo vários avoxes aparecem com bandeijas que continham de tudo. Vi vários frangos assados, grandes até demais, sopa de nabo com cebolas e batatas, macarrão com molho verde, pedaços de carne fatiada, ovos e mais ovos com bacon, caldos laranjas com tomate e pedaços de cenoura, saladas com diversos temperos diferentes e pra finalizar o pão típico do distrito 2. Um pão adocicado com um pó, que parece tijolo ralado, e pedaços de chocalate alaranjado, que muitas vezes quando era pequena minha mãe dizia que era tijolo quebrado... e eu... acreditava... uma profunda tristeza toma conta de mim.

- Vamos comer! - anuncia Glyde - e...para beber... dois do número 5, quatro do 9 e... traga ao longo do tempo alguns do 33.

Por que eles não falam logo o nome das bebidas?

No meu prato coloco pedaços do frango e da carne. Coloco sopa de nabo e ovos com bacon. Como que nem uma esganada e para sobremesa como dois pães. A minha bebida roxa, já chegou faz tempo, só que não quero bebe-la.

- Agora vem a sobremesa - diz Glyde, catucando seus cabelos amarelos, que formam cinco pontas, como se fossem estrelas.

- De novo? - pergunto.

- Como assim... "de novo" - diz ela imitando minha voz.

- Já não tivemos os pães? - pergunto.

Todos exceto Cato e Lyme, que era uma mulher séria, caem na gargalhada.

- Minha fofa... números 56, 21, 13 e 4 - grita Brutus, sem nem apertar a campainha.

Segundos depois aparecem mais avoxes, com bandeijas com bolos de chocolate com um creme branco por cima e amoras em cada canto do bolo, sorvetes... bem... acho que derretidos, pois estavam dentro de copos e com canudo. Havia também, várias outras guloseimas.

- E para Clove... traga o número 13 - disse Lyme. Só que... havia algo estranho no seu tom de voz, uma tristeza.

Esse pedido demora para chegar. Já se passaram dez minutos. De repente começo a sentir um cheiro familiar... la do distrito 2. A minha comida favorita... a torta de amoras que minha mãe fazia. Já comi várias outras com o cheiro semelhante, só que essa... o cheiro estava igual. O cheiro começa a aumentar. E lá está ela... cheia de lágrimas no rosto... minha mãe carregando a bandeija com torta amora.

clove nos jogos vorazesOnde histórias criam vida. Descubra agora