Nicolas
–A senhora não está entendendo! Foi a própria dona Charlotte Henderson quem me mandou aqui, sacou? –Insisti pela milésima vez. A mulher me encarou de cima à baixo como se falasse ''A chefona falou com esse traste?'' e tive que me segurar para continuar sendo gentil –Olha, se quiser, dá uma ligadinha pra ela aí! Aposto como me colocou na suíte presidencial logo –Sorri agora meio debochado para ela. Espero que eu não passe vergonha, pelo menos. Por favor, presidencial, por favor presidencial, pensava repetidamente; como a abuelita falava, palavra tem poder.
–A senhorita Henderson é uma mulher muito ocupada, se ela realmente precisasse hospedar alguém aqui, ela teria ligado. Mas como você é simpáticozinho, posso deixa-lo esperando ela ligar para cá ou ela chegar. –Ela uniu as mãos com uma falsa simpatia e eu bufei alto enquanto me virava novamente para o enorme hall de entrada.
Mudei de hotel esperando luxo e recebi chá de cadeira, que porcaria, Charlotte.
Não sei quanto tempo passei jogado numa das poltronas do hall de entrada de um dos hotéis da franquia Charpie, mas sei que foi o bastante para escurecer e minhas costas doerem e clamarem por uma cama confortável. Minhas duas únicas malas estavam jogadas no chão ao lado da poltrona em que eu mudava de posição mais uma vez pela dor nas costas; bem que me falavam sempre para arrumar a postura.
Preciso admitir que não fiquei o tempo inteiro apenas esperando, também dei alguns cochilos e se fui roubado, nem saberia, estava cansado e eu não tinha feito absolutamente nada. A incrível arte do sedentarismo, não é mesmo?
–Senhor, os hóspedes estão começando a se incomodar com a sua presença aqui, vou pedir delicadamente que o senhor se retire do hotel. –Um enorme segurança falou ssériamente.
Bom, aquele era um cara que não sentia dor nas costas, sua postura era monstruosamente impecável. Precisei me arrumar na cadeira para mostrar algum nível, mesmo não tendo nenhum.
–Não vou sair até a Henderson chegar! Você não entende, ela me pediu para vir, se eu for embora estarei encrecado e possivelmente você também! –Tentei argumentar.
–Você não é o primeiro que nos joga essa, moço. Entendo que a senhorita Henderson é belíssima, mas não adianta esperar ela na porta do hotel em que é dona, só está passando vexame! Por favor, se poupe e me poupe dessa, eu só quero largar e ir pra casa –O grandalhão insitiu dessa vez já pegando minhas malas.
–Ei! Deixa isso ai! Eu não sou uma das conquistas da Charlotte, sou amigo dela! –Resmunguei quando finalmente me levantei da horrível poltrona para puxar minhas malas de volta.
Ouvi um breve "trec" da coluna ao me esticar.
–Vou ter que tirá-lo à força se não sair, rapaz –Dessa vez ele foi menos simpático.
Bom, o cara só estava fazendo o trabalho dele e de certa forma eu entendia isso. Suspirei enquanto puxava minhas malas de suas mãos já derrotado e me sentindo um idiota por não ter o número de Charlotte para apenas ligar para ela. Não que eu fizesse questão de estar no Charphie, mas ela havia mandado e eu não queria nunca estar contra aquela mulher. Eu não tinha medo dela, mas não queria testar sua paciência.
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Brooklyn
General FictionCharlotte Antonella Di Angelo viu seus pais serem assassinados a sangue frio em sua frente quando tinha 7 anos. Adotada por um ex-policial que teve sua vida arruinada pelo mesmo homem, a garota cresceu em treinamento para se tornar uma máquina de ma...