Charlotte
–Mentiroso! –Meu tom não passou de um sussurro. Parker me soltou e se afastou enquanto eu ainda estava em estado de choque.
–Sou muitas coisas, querida, mas mentiroso não é uma delas –Ele abriu a jaqueta e eu dei um passo para trás me pondo em posição de defesa. –São minhas provas para você. Não há armas, como eu disse, não sou um mentiroso.
–Eu não acredito em você –Disse firme.
Ele suspirou parecendo genuinamente cansado e pegou o que parecia ser um álbum de fotos pequeno de dentro do bolso da jaqueta.
Pegar a minha arma não estava em cogitação, então apertei o rádio esperando que Zach não respondesse, mesmo que eu soubesse que Parker não era idiota a ponto de achar que eu viria sem reforços.
–Não a julgo, Antonella, deixei que você tivesse essa imagem por todos esses anos, eu mereço isso e muito mais, mas não sou quem você pensa, não sou o grande vilão da história.
–Você matou os meus pais. Você mata pessoas inocentes –Berrei com desdém.
Senti o nó na garganta enquanto as lágrimas turvavam minha visão.
Eu precisaria enrolar até minha ajuda chegar. Por mais treinada que fosse, não podia lutar só contra ele, não é como se ele fosse um empresário sem treinamento, ele era bem treinado e seus braços grandes por baixo da jaqueta esbanjavam isso, assim como sua manobra especialista em me desarmar que não me deixou nem reagir, e pegar a arma estava fora de cogitação. Eu nem mesmo a via no depósito escuro.
Parker oscilou com minha acusação. Piscou algumas vezes e balançou a cabeça como se quisesse espantar os pensamentos.
–Sim, eu matei Lucas e Gianna. –O homem em minha frente engoliu em seco visivelmente desconfortável. –Mas eu nunca matei ninguém inocente. Minhas mãos são tão limpas quanto as suas. Sujas de sangue ruim, mas jamais de alguém bom.
Gargalhei diante de sua afirmação. Uma gargalhada ácida.
–Meus pais eram inocentes.
–Eu era o melhor amigo dos seus pais –Ele abriu o álbum de fotografias e apontou para si mesmo em uma foto. Nela, ele estava entre Lucas e Giana, os três muito sorridentes e bem mais novos.
Pisquei os olhos sem crer no que via.
Parker foi longe demais, fazer uma montagem com meus pais como se fossem amiguinhos? Não.
Rosnei baixinho e avancei nele novamente.
–Lave sua maldita boca para falar deles. Não sou idiota para cair nessa sua montagem mal feita –Cuspi as palavras enquanto apontava o dedo em seu rosto.
–Isso, você não é idiota. Você é inteligente demais e lá no fundo você sabe que tem algo de errado com essa história. Por que eu os mataria? Sinceramente, você sabe que tem furos nessa história de papais inocentes e um vilão repentino! –Ele sacudiu o álbum aberto na mão, o colocando nas minhas mãos nervosamente. Poderia afirmar que ele estava desesperado para que eu o ouvisse. –Não são montagens, essas são as minhas memórias, as fotos que olho todas as noites e choro. Matar Lucas e Gianna foi a coisa mais difícil que eu já fiz na minha vida, mas foi preciso.
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Brooklyn
General FictionCharlotte Antonella Di Angelo viu seus pais serem assassinados a sangue frio em sua frente quando tinha 7 anos. Adotada por um ex-policial que teve sua vida arruinada pelo mesmo homem, a garota cresceu em treinamento para se tornar uma máquina de ma...