Prólogo

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A noite estava fria e mal se podia ver a belíssima lua que estava em seu ponto mais alto. A chuva fazia um estrondoso barulho batendo nas janelas das casas e seus relâmpagos e trovões eram arrepiantes. O som terrível do raio, que possivelmente teria caído nas proximidades do Centro de Florença, foi o bastante para que a energia de toda uma vizinhança se esvaisse e logo restou apenas a escuridão nas ruas, que eram iluminadas pela fraca luz da lua, que por trás das nuvens da tempestade, brilhava.

Em uma dessas casas próximas ao Centro, estava uma bela mulher de cabelos loiros encaracolados, em frente a penteadeira de seu quarto acendendo diversas velas, para que pudesse espalhar pela casa. O barulho da velha porta de madeira se abrindo com um ruído foi o bastante para a moça virar-se com um sorriso gentil, para olhar a menininha assustada que estava na porta segurando na maçaneta com um sorriso amarelo.

-Ora meu bem, está com medo? -Ela perguntou para a criança enquanto se sentava na cadeira da penteadeira. A menina deu mais um de seus sorrisos amarelos, um tanto envergonhada enquanto caminhava em passos lentos até a mulher loira. -Não tenha medo, meu doce! Não deixarei que ninguém a machuque, jamais -A mulher falou ainda com seu sorriso gentil no rosto, e deu uma leves batidinhas em suas pernas sinalizando para que a menina se sentar ao seu colo.

-Mas tenho medo, mamãe -Ela falou baixinho com sua voz um tanto rouca pelo sono. -Não conte ao papai, ele vai me chamar de medrosa- Ela encostou a cabeça no ombro da mulher que deu uma leve risadinha enquanto acariciava os cabelos castanhos escuro da criança. -Não precisa ter, eu te juro de mindinho -A mãe sorriu estendendo seu dedo mindinho para a criança que sorriu estendendo o seu e entrelaçando com o dela. -Mas posso dormir com vocês? Já que ele não está -Ela sorriu timidamente para a loira que apenas assentiu dando um beijo no topo da cabeça da filha e deu uma leve batidinha no ombro da criança.

Ela encarou seu reflexo na penteadeira vendo o quão pouco se parecia com sua mãe. Suas feições eram semelhantes, mas o tom de cabelo e de pele eram diferentes. Diferente de sua mãe, a menininha era negra e de cabelos castanho escuro, assim como seu pai.

-Espere aqui um minutinho que vou levar essas velas para a sala e para a cozinha, eu já volto -A mãe sorriu docemente para a criança, que se levantou indo em direção à cama. Pegou algumas velas que estavam em pequenos pires de chá e antes que pudesse sair, ela foi até a menina e a beijou no topo da testa novamente -Buon compleanno, bambina -Sussurrou com um leve sorriso e voltou a caminhar para colocar as velas em seus devidos lugares.

A garota permaneceu sentada na cama da mãe, esperando que ela voltasse. Um trovão soou, fazendo a menina saltar de susto e logo após mais um e por fim um relâmpago que iluminou todo o quarto, fazendo a mesma encolher-se, olhando de forma agoniada para a porta.

Ela respirou fundo contando de um a dez e logo depois repetiu o processo várias e várias vezes. Desde sempre tivera medo de tempestade, principalmente como essas. A criança olhou ao relógio e dez minutos tinham se passado, então com toda aquela demora e a tensão dos trovões e relâmpagos, a menina finalmente pôs os pés no chão, o gélido chão que a fez arrepiar-se ainda mais. Ela estava tão assustada que mal podia andar, e uma sensação estranha em seu peito palpitava fazendo com que a garota desse a cada segundo um passo.

Respirando fundo, ela abriu a porta do quarto da mãe e correu da forma mais silenciosa que conseguiu até a cozinha, imaginando que ela deveria ter ido fazer um suco ou bolachas para ela, mas a criança nunca esteve tão errada.

Os belos cabelos loiros encaracolados estavam suados e seus cachos já se desmanchavam permitindo que fios de cabelos se grudassem ao belo rosto e pescoço da mulher. O seu rosto sempre com um sorriso gentil e um olhar acolhedor, naquele momento demonstravam puro terror; os olhos esbugalhados de medo e a respiração falha demonstravam a quão assustada a moça estava.

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