Capítulo 11

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Charlotte

–Sabe, acho engraçado como te chamam. –Nicolas disse enquanto dobrava o jornal local e me entregava.

Joguei a calda por cima das minhas panquecas e li a manchete em cima da mesa.

Polícia suspeita que Brooklyn trabalha para famoso mafioso procurado: O chamado Parker, sumido das manchetes há anos volta a virar pauta quando uma teoria entre políciais vem à tona em entrevista. ''Eu acredito que ela pode ser o braço direito de Parker, não é estranho que ele tenha sumido e ela de repente ganhado fama? Pode ser uma distração do verdadeiro problema. Uma mulher bonita com certeza chama a atenção mais que um velho mafioso, ele deve ser o cabeça e ela o novo rosto, mas a milícia é a mesma.'', afirmou o oficial Sanders em entrevista. A polícia não descarta a teoria, mesmo que seja apenas isso: Uma teoria.

–Claro, porque uma mulher não pode conquistar nada por si, ela precisa estar na sombra de um homem –Murmurei antes de enfiar uma garfada de panqueca na boca.

Estávamos tomando café da manhã numa lanchonete rodoviária do Kansas, perto do armazém que iriamos mais tarde investigar.

–São uns idiotas. –Nicolas disse sacudindo o frasco de ketchup para espirrar em seu hamburguer. –Uma mulher não precisa de homem para chegar ao topo. Seja ela uma Henderson ou a Brooklyn –Ele falou baixinho, mesmo que estivéssemos na ultima mesa da lanchonete, distante de todos. –Passei minha vida vendo as mulheres que me criaram sendo postas no chinelo e maltratadas por serem só mulheres. Nunca vou entender isso, mas sinto muito que precise passar por isso, ainda mais precisar ser ligada a esse monstro.

–É um inferno, mas até que é útil –Dei de ombros –Quer dizer, quanto mais cutucarem ele, melhor. Se acham que estou ligada à ele, é porquê estão longe da realidade e quanto mais longe de mim, melhor. E é claro, não é como se eu fosse uma santa–Suspirei pesadamente e dei uma bebericada no suco de laranja.

–Mas é engraçado como te chamam. Brooklyn –O ex-jornalista deu ênfase no codinome e riu –Quer dizer, é bacana e tal, mas é só um nome de bairro. Seria tão bacana se não fosse um bairro americano? Imagine só: A grande mafiosa Barbalimpia! Ou melhor, Recife! Que dizer, bem, Recife ficaria bonito, né? Mas não é tão bacana quanto Brooklyn! –Nicolas deu uma mordida no hambúrguer e eu ri.

–Nicolas, você é um homem estranho –Comentei entre risinhos. –Como pode um cara tão inteligente e bonito ser tão bobo para certas coisas? Acho que ninguém é perfeito afinal, garotão

–Isso foi um elogio completo? De aparência e personalidade? Não! –Ele tocou seu peito com uma falsa expressão de surpresa –Ora ora ora, Brooklyn Henderson me elogiando? Cuidado, Lottie, vou começar a me achar! Ou pior! Achar que você gosta de mim!

Comecei a rir ainda com as bochechas cheias de panquecas e levei minha mão até minha boca para esconder a risada.

–Brooklyn Henderson? –Perguntei depois de engolir as panquecas.

–Ah, é para pesar mais, os dois nomes de peso para eu me sentir –Nicolas me lançou uma piscadela e eu revirei meus olhos ainda com um sorrisinho nos lábios.

–Você é um idiota.

–Bom, mas não qualquer idiota! –Ele começou e revirei os olhos mais uma vez.

–Mas um idiota bem elogiado –Dissemos ao mesmo tempo e rimos com a sintonia.

Estava acontecendo de novo.

Estava envolvida naquela bolha agradável com Nicolas. Uma bolha que eu não queria estourar nunca porque é muito mais simples comer panquecas com hambúrguer em uma rodoviária com um rapaz bonito e engraçado do quê assumir a verdade de que eu era uma má influência para ele e que estávamos condenados. Se não fosse à morte, pelas mãos de Parker, seria pela justiça quando eu pegasse Parker e me entregasse à polícia por tudo que já fiz.

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