Charlotte
Estranhamente o sol estava coberto por grandes nuvens na belíssima Califórnia e a neve caia lentamente pelas ruas da cidade. A praia estava agitada, com ondas arrebatadoras, e por cima da areia fofa e sempre tão quente se formava uma fina camada de uma neve branca, onde algumas crianças aproveitavam para brincar com suas roupas de frio exageradamente quente e sorrisos sempre felizes demais.
Sempre fui uma grande fã da praia, da areia quente entre meus dedos e o vento forte com o aroma tão delicioso da praia em meu rosto, mas aquilo parecia uma bobagem nos dias de hoje.
Eu estava sentada num banco na areia, com uma garrafa de Bourbon na mão ainda intocada. Cansada demais depois da grande noite de evento na Henderson's Company, empresa de hotelaria em que meu ''pai'' era dono. Apenas um disfarce para receber as informações privilegiadas acerca de um dos milhares capangas do homem que era o centro da minha vida desde os 7 anos.
Frustrada com o fiasco da informação, toda uma noite preparada para reuniões e tudo que eu consegui era algo que eu já tinha. Arranquei os saltos que tanto apertavam meus pés e os repousei na areia coberta pela neve, apenas apreciando o doce som das ondas se quebrando nas margens da bela praia.
Minha mente vagava por minha obsessão. Eram 6 da manhã e eu ainda nem sequer havia pregado os olhos, e apesar do cansaço, não podia parar, não podia dormir sem que os pesadelos da maldita noite há 20 anos viessem à tona. Eu estava perdida no olho do furacão que minha vida havia se transformado, sem poder sair e tudo parecia distante demais do estado atual. Anthony e sua filha Daphine eram as estrelas da minha galáxia obscura, mas isso não era o bastante para ocultar o buraco negro enorme que havia lá também com a morte dos meus pais biológicos.
Sentindo meu coração no peito apertar, virei a garrafa na boca e tomei alguns goles da bebida quente e pura, com o queimor descendo goela abaixo. Me levantei antes que ficasse melancólica as 6 da manhã e voltei para o hotel que meu novo pai era dono, onde havia sido a maldita festa fracassada.
Ao por os pés na suíte onde estava hospedada, pude ouvir o tagarelar de minha irmã postiça Daphine sobre a lista de convidados de seu casamento com o pobre noivo Zach. Ainda era cedo e a garota já estava de pé no ouvido dele.
–Lolla! Ainda bem que chegou! Iu, você está morta –Ela iniciou a fala empolgada, mas terminou a frase com uma cara de ''Você precisa de um banho''.
Ainda me lembrava do dia em que Anthony me levou para sua casa para me distrair com a pequena Daph que era apenas dois anos mais nova que eu. Ela era a princesa do Tony, eu podia ver no momento em que entrei em seu quarto cor de rosa que ela era a coisa mais preciosa da vida dele, assim como eu era a dos meus pais, antes deles morrerem. O bom policial ficou comigo e batalhou para criar o seu diamante e a mais nova joia rara que ele agora também era pai: Eu.
–Eu sei, Daph. Fiquei até tarde trabalhando no escritório depois do evento. –Suspirei largando os saltos perto da porta e joguei o cabelo para trás. –Mas não está meio cedo para falar de casamento? São seis da manhã, Daphine, deveria deixar o Zach dormir para trabalhar.
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Brooklyn
Ficción GeneralCharlotte Antonella Di Angelo viu seus pais serem assassinados a sangue frio em sua frente quando tinha 7 anos. Adotada por um ex-policial que teve sua vida arruinada pelo mesmo homem, a garota cresceu em treinamento para se tornar uma máquina de ma...