Capítulo 7 = Caio =

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Estou eu aqui no quarto do hospital, com uma dor horrível, sendo paparicado pela Tata e pela Bia que esta fazendo um cafuné bom demais, pelo menos eu consegui parar de chorar, quando olho para a porta eu vejo ele, o homem mais lindo que já vi, estou hipnotizado naqueles olhos, ele é alto, parece ser musculoso, tem tatuagens nos braços, meu Deus do céu, parece o anjo caído, porque o homem tem uma cara de safado. Medo me define nesse momento, estou com o corpo todo tremendo, meus pés estão suando. Eu vou passar mal.

Ele esta me encarando, mas eu não vou desviar o olhar. Bia deu umas puxadinhas no meu cabelo e não entendi porque, Tata levantou correndo e esta analisando o homem que entrou. Quem é ele?

- Bom dia, eu sou o André, o médico que ficará cuidando de você até ter alta. Até que enfim vi seus olhos abertos, cheguei ontem de noite e você passou a madrugada toda dormindo.

Morri, que voz grossa é essa? Gente, eu estou tremendo. Ele esta vindo até mim, não consigo parar de olhar, acho que estou em choque com tanta beleza.

- Prazer doutor André, eu sou o Caio.

A mão dele é grande, muito grande, estou pensando muita besteira agora. Acho que falei muito a palavra muito. Estou ficando louco.

- São lindos Caio. Seus olhos.

Oi, o que tem meus olhos? o que tem de lindo tem de doido.

- Doutor, quer que nós saímos para o senhor o examinar?

- tia, não precisa não, acho que ele não vai tirar a minha roupa. ou vai?

Me enrolei todo agora, será que ele pensou que eu queria ficar pelado, tô passando mal gente, eu juro..... O André começou a rir, oOoooOOô senhor, que sorriso é esse meu pai.

- Não Caio, eu não vou tirar a sua roupa, a não ser que você peça. Só vou tirar a camiseta. Vocês podem ficar se quiser.

Agora já era, morri, vi um quadro na parede e fiquei olhando para ele, espero que a Tia e as meninas não me deixem sozinho com esse filhote do capiroto. Mas elas estão saindo. Bia não para de rir, o que houve, perdi a piada. 

- Esta com dor Caio? 

- Sim, esta doendo minha costela e a minha mão inteira, e estou com dor de cabeça que não aguento nem amarrar meu cabelo.

-  Vou te dar remédio para a dor, tire a camiseta para eu ver como esta a sua costela. E não precisa amarrar o cabelo, está perfeito assim.

Senti meu rosto pegar fogo, e a vergonha que dá de tirar a camisa. Mas afinal, o que eu tenho ele tem, só que ele tem com mais melanina, o cor do pecado senhor. Com cuidado eu tirei a camisa e ele ficou me olhando, sem disfarçar. Será que estou tão roxo assim? Aas pancadas devem estar feias demais porque ele não parou de me encarar. 

- Você, faz academia Caio?

- ah não, eu faço muita capoeira, e faço corridas também. Não gosto de ficar trancado em um local fechado com muitas pessoas que não conheço ao redor. Já tentei uma vez mas os caras ficavam me encarando então eu achei que estava fazendo errado.

- Caio, seu jeito inocente é encantador.

- Eu não sou inocente não, só não gosto de fazer academia, prefiro fazer exercícios na casa da Tata.

- Vira um pouco para eu ver suas costas.

Eu virei, ele ficou olhando e começou a passar uma pomada, estava doendo bastante, segurei para não chorar, mas estava difícil, não consegui respirar direito, comecei a bater na mão dele e a puxar o ar, ele me voltou ao lugar e colocou um inalador em mim.

- Puxa o ar Caio, com calma e sem pânico.

Eu agarrei na mão dele e tentei respirar, estava difícil. Me senti envergonhado nesse momento. Pelo jeito eu sempre fazia tudo errado. Comecei a me acalmar. André fazia carinho no meu cabelo e estava muito próximo de mim, tanto que eu conseguia sentir o perfume suave dele.

- Muito bom, esta melhorando, mantenha a calma, não precisa ter medo porque estou aqui com você. A dona Jussara me disse o que aconteceu e como veio parar aqui nesse estado. Confesso que estou com raiva desse seu primo e da sua mãe também.

Fiquei ali calado, só olhando os olhos dele, acabei dormindo que nem percebi.

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Hoje terei alta, estou esperando tia Ju vir me buscar. Fiquei internado por 25 dias, esse foi o tempo que minha respiração normalizou, meu pulso já esta curado, mas meus dedos ainda doem, foram dois dedos quebrados. As marcas roxas estão quase sumindo. Confesso que estou com medo de ir para a casa, meus pais não vieram me ver nenhuma vez, mas isso já era o esperado.

 No segundo dia que eu estava aqui, a polícia veio e eu contei tudo o que aconteceu na minha vida, tinha uma polícia psiquiatra a Mônica, que conseguiu fazer eu falar tudo, ela tirou muitas fotos dos meu machucado. Fiz amizade com ela, já veio me ver 3 vezes.

Tia Ju e as meninas vem todo dia na hora da visita, o tio Paulo veio 4 vezes, ele me deu um celular novo, porque o meu quebrou a tela no dia que apanhei. Não sei como será a minha vida, só faço capoeira porque o tio Janjão conversou com meu pai e ele deixou quando eu era bem pequeno. Só tenho amizade com as meninas porque a Tia Ju quebrou o pau com a minha mãe, vi nos olhos da minha mãe que ela teve medo da tia. Os bicos no lava rápido e panfletagem que eu fazia era escondido da minha mãe, mas meu primo viu e falou para ela que me proibiu.

- olha só, meu paciente preferido vai embora. Vim trazer a sua alta, deve estar feliz que irá para casa e não vai mais aguentar esse médico aqui te enchendo o saco todo dia.

- você nunca enche o saco André, sem a sua presença aqui, tudo seria bem chato e entediante. Mas eu não estou feliz de ir para casa não, aguentar aquela vida não é fácil.

- Que isso rapaz, um garoto novo, é só estudar bastante que dará tudo certo. A Ju tem tudo arrumado. Tenha fé.

- é, a Tata conversou bastante comigo e me convenceu a tentar uma bolsa para estudar fora do Brasil, vou prestar junto com ela, isso se eu passar de ano né.

- com certeza você passa, a Tatá todos os dias trazia a lição para você fazer, então tudo dará certo. Mas quer ir mesmo morar fora do Brasil?

- é o único jeito de me virar e ficar longe da minha mãe, conversando com a Mônica, descobri que minha vida nunca irá pra frente se eu ficar ao lado dela. E preciso me livrar do meu primo, eu te contei tudo o que aconteceu, acho ele perigoso.

- você tem meu telefone, redes sociais e zap, somos amigo Caio, se precisar de alguma coisa, de qualquer coisa é só me chamar. Pode me chamar para alguma emergência ou só para dar uma volta, ou conversar. E cuidado com o seu primo, ele realmente é perigoso.

Dei um abraço bem apertado nele, me despedindo. Ele ficou olhando para mim, senti que estava triste, será que aconteceu alguma coisa com ele? Uma pena que não terei esse homem ao meu lado para ficar olhando ele desfilar. Confesso que eu deixava a porta do quarto bem aberta só para ver ele passando. Mas a vida é assim, vamos ver o que acontecerá agora.

Confio demais na tia Ju, tenho certeza que ela irá me ajudar. Não sei se Deus gosta de min por eu ser gay, dizem que ser gay é pecado mas eu não quero ser um pecador é nem desapontar Deus.

Mas tia Ju me disse que todos somos filhos de Deus e que ele ama todos os seus filhos iguais, que eu não sou pecador, ela disse que sou o ser mais puro e iluminado que ela conhece. As vezes acho que a tia exagera um pouco. Será?

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Caio é uma amor não acham?

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