Capítulo 5

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Chegamos ao hospital para ver o Caio, ele estava sentado na cama tomando café da manhã, se é que pode se chamar de café né, hospital e comida não combinam nunca.

Eles três choraram muito,  ficaram abraçados. Caio contou tudo o que aconteceu e as meninas não paravam de chorar, elas ficaram fazendo carinho nos cabelos de Caio e eu fui atrás do médico para ver como ele esta.

Para a minha surpresa o médico era outro, antes era um senhor e agora é um gatão, o médico aparenta ter uns 25 anos, menos de 30 ele tem com certeza.

- Olá, a senhora é a dona Jussara responsável pelo Caio? Eu sou o André, o médico que esta cuidando dele.

- Oi André, muito prazer, confesso que é bem melhor falar para você do que com o Dr José. Ele é muito fechado, um médico conservador e tenho medo dele ser desagradável com o Caio.

- Por que a senhora diz isso?

- Nada de senhora, por favor, senhora não! André, o Caio é gay, apanhou do próprio primo homofóbico e a mãe acha que isso é certo, que ele tem que apanhar mesmo. Eu não preciso de um médico que o afunde mais ainda.

Vi que ele estava com as mãos em punho e estava vermelho, consegui ver raiva nos olhos dele.

- Dona Jussara, te garanto que enquanto ele estiver nesse hospital ninguém ira falar ou tocar nele, só eu. Sou o responsável por ele e o Dr José não chegará perto desse quarto, isso eu garanto.

- Gostei de você André, conheço o Caio desde os 4 anos dele, o tenho como um filho, um menino amoroso, estudioso, tem o sonho de abrir um restaurante, um caráter brilhante, ele e minhas filhas vivem grudados como irmãos, assim que sair daqui o levarei para a minha casa.

- Você acredita que eu internei ele aqui ontem de manhã, e até agora a mãe dele não veio aqui no hospital, ou procurou saber dele. Vou fazer o impossível para guardar Caio em um potinho e levar para a minha casa.

- Vejo que a senho... quer dizer você, tem muito carinho por ele, um garoto de sorte.

- Não meu querido, nós é que temos sorte de ter ele por perto, eu amo aquele garoto. Bom, vamos lá ver ele senão as meninas vão deixa-lo louco.

- Vamos, ainda não conheci o meu paciente.

Quando entramos, estava o caio deitado com a cabeça no colo da Bia, que fazia carinho nos cabelos dele, e a Tatá esta sentada no fim da cama com as pernas dele no colo dela, falavam da roda de capoeira que iria ter no sábado na praça da República, para quem não sabe é uma praça enorme que fica no Centro de São Paulo.

Vi que André ficou paralisado ainda na porta olhando eles, achei estranho, quando eles perceberam a nossa presença, o Caio olhou para o André e ficaram ali se olhando sem piscar. Óbvio que evidentemente eu já pensei em várias teorias e já comecei a shippar eles dois. Podem me julgar, mas vou shippar e pronto!

- Bom dia, eu sou o André, o médico que ficará cuidando de você até ter alta. Até que enfim vi seus olhos abertos, cheguei ontem de noite e você passou a madrugada toda dormindo.

Ele foi andando até Caio e deu a mão para ele. Gente, eles não desviaram o olhar. To passada, estou presenciando o inicio de um amor. Será? Dramática? pode até ser! mas é tão lindo.

- Prazer doutor André, eu sou o Caio.

Misericórdia, da onde o Caio tirou essa voz manhosa, não estou vendo isso não, sem estrutura.

- São lindos Caio. Seus olhos.

Nooooossa para tudo Brasil, vocês leram isso? Ele elogiou os olhos dele, estou emocionada. Vai com tudo Caio. Ele ficou vermelho igual a um pimentão.

O doutor é lindo, ele é negro, deve ter 1,90 de altura, brinco em uma orelha, cabelo bem cortado, cavanhaque bem desenhado, só não deu para ver o corpo pq esta com roupa e o jaleco por cima, mas depois eu reparo. E tem aquele olhar de cafajeste, aquele sorrisinho de homem safado, embora que nesse momento ele esta olhando para o Caio como se fosse o lobo mau pronto para devorar a chapeuzinho vermelho.

Já o Caio parece um bonequinho, bem branquinho, cabelos castanho meio louros e liso até o ombro, ele vive de coque samurai, mas nesse momento a Bia deixou ele descabelado. Ele tem os olhos azuis, tem exatamente 1,81 de altura, eu sei porque sou eu que sempre o levei ao posto de saúde nas consultas, ele esta incluso no meu cartão da família. Ele é magro mas é todo definido, afinal ele é um capoeirista, corpo de atleta, fora que é corredor semi profissional.

As meninas olharam para mim e se tocaram na hora do clima que está rolando.

- Doutor, quer que nós saímos para o senhor o examinar?

- tia, não precisa não, acho que ele não vai tirar a minha roupa. ou vai?

Ele ficou mais vermelho ainda, tô passando mal de tanto segurar a risada, a Bia não se controlou e parece uma hiena rindo. O doutor começou a rir.

- Não Caio, eu não vou tirar a sua roupa, a não ser que você peça....... Só vou tirar a camiseta. Vocês podem ficar se quiser.

Caio não conseguia mais nem olhar para frente de tanta vergonha. Tatá disse que era melhor sairmos para tomar um lanche porque ela estava com fome. Então saímos da sala.

- Mãe, o que foi aquilo? o que aconteceu com aqueles dois, e que médico é aquele, é muita melanina para uma só pessoa.

Tatá esta falando e se abanando. Já a Bia vai soltar alguma perola .

- Preciso ir no banheiro urgente, já estou até ficando tonta.

- O que foi Bia, ta passando mal minha filha? vamos para o banheiro logo.

- to mãe, to quase vomitando arco iris aqui, é muita cor em um quarto de hospital.

- Bia, para de me fazer rir, a mãe daqui a pouco faz xixi nas calças de tanto rir.

- Me senti em um jogo de xadrez, não sabia se olhava o rei preto ou o branco. Um mais lindo que o outro.

- Biaaaa.... vou passar mal, para garota..........meninas vamos parar vai, vamos tomar uma água e daqui uns 20 minutos voltamos.

- mas mãe, será que em 20 minutos da para eles namorarem?

- Bia pelo amor de Deus, aonde você esta aprendendo essas coisas garota? e você Tatá, para de rir porque o povo esta olhando para nós, eu heim parecem doidas.

- Impossível mãe...... A Bia não cala a boca, e o pior é que ela solta essas pérolas e fica séria como se não tivesse falado nada.....  - Tatá vai passar mal, está sentada rindo.

Essas meninas são fogo. A Bia realmente é assim, carinhosa, seria e vive soltando piadas mas sem dar risada, não sei como se controla. Ela vê que Tatá fica rindo aí que ela fala mesmo. Ela é super caseira, só gosta de sair para estudar ou lutar. Ela não é muito de carinho mas fala cada coisa que vai lá no fundo da alma.

Já a Tatá é de boa,  brincalhona,  adora sair, sempre com o Caio, ri de tudo.

O Caio é o amoroso, gosta de abraços,  cafuné, beijos. Ele é Tatá são bem vaidosos.

Uma coisa eu sei, esses três são muito unidos, eles matam e morrem um pelo outro. E eu mato e morro por eles.

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