Capítulo 15

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- Com licença, posso me sentar aqui?

- Mãe!!! O que a senhora veio fazer aqui?

- Vim tomar café da manhã, uai, aqui não serve café? Eu vim ver minha filha trabalhando.

- Claro que sim. Apesar que acho que não terei mais emprego.

- Aqui está seu pedido senhor. Tenha uma boa refeição.

- A senhora não queria se sentar? Fique a vontade!

Morri! Que voz grossa, sotaque italiano, amoleceu minhas pernas, e agora eu estou com vergonha, estou um pouco trêmula. Acho que vou embora.

- Acho melhor não, irei atrapalhar seu café.  Ouvi dizer que americanos odeiam conversar nas refeições. Já eu sou brasileira descendente de italianos então falo muito na hora de comer, na realidade falo muito quando estou nervosa e........ estou falando muito não é? Me desculpe. Já vou indo.

- Sou italiano e gosto muito de conversar nas refeições quando tem pessoas agradáveis.

- Aliás, meu nome é Enzo, e o da dama?

- Ju, quer dizer Jussara mas me chamam de Ju.

Peguei na mão dele, e que mão, enormes dedos,  que homem lindo, que mão macia.
Sentei e a Tatá já trouxe meu café sem eu nem pedir.

- Aqui mãe, seu café.  Coloquei esse croissant de frango para a senhora experimentar.  É divino.

- Obrigado meu amor, estou com muita fome. E me traz um pedaço daquela torta de morango.

Falei dando uma piscadinha para ela. Vi que o Enzo estava me olhando.

- O que foi? Me sujei?

Comecei a passar o papel na minha boca.

- não sujou nada não. Está tudo perfeito Ju.

Sabe aquela cólica que te da lá no fundo da barriga? Então, foi o que senti agora. Vou comer para ir embora logo.

- Incrível como pensei que a senhora fosse pedir salada ou esses negócios fit.

- senhora não por favor, sou novinha, tenho apenas 41 anos, e sou solteira.

- E eu gosto de salada também, mas não faço nada fit.  Não ligo de engordar, eu quero é comer o que eu quiser. Quando eu morrer serei eternamente uma caveira no caixão então irei comer sim.

Ele deu uma gargalhada que fez o povo olhar para nós e eu fiquei vermelha. Dei um tapa no braço dele e pedi para parar de rir da minha cara.

- Ai, você é brava. Encantadora e verdadeira.

- Encantadora não sei. Mas verdadeira sou mesmo. Odeio mentira.

- Isso é muito bom.

- Bom, já comemos, agora vou pagar e vou embora, ainda preciso comprar 3 camas.

- 3 camas?

- sim. Me mudei essa semana para Chicago. Preciso comprar 3 camas para os meus filhos.

- você tem 3 filhos? Uau não parece. Essa moça que me atendeu pelo que vi é sua filha?

- Sim. É a minha Tatá, tenho ela de 18 anos e a Bia de 13 anos. E tem o Caio de 19 anos que era meu vizinho mas eu o tenho como filho, a família dele o judiavam demais pelo fato dele ser gay.

- Eu tenho um filho só,  tenho quatro sobrinhos e dois deles são gays. Você disse que é solteira, então os pais .....

- .... Não tem "os pais". Eu não casei mas morei junto por 20 anos com o pai deles. Fazia muitos anos que nos víamos apenas como amigos. Eu o amo como amigo. Nos separamos de boa, hoje ele está morando com a Patricia, uma maravilhosa pessoa. No meio do ano eles virão nos visitar.

Arquitetura da Vida - Livro I (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora