Dancing Without music

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Bárbara simplesmente amava passar os domingos com sua família assistindo aos espetáculos da Broadway. A família Passos ignorava os comentários sobre a decadência do teatro para a TV, simplesmente não podiam crer nessa bobagem de que a arte havia se tornado algo ultrapassado. E se houvesse algum outro programa favorito da família, este se chamaria ficar em casa cozinhando e cantando. Adinan e Flaviana adoravam inventar receitas ou acrescentar ingredientes em pratos já prontos, e consequentemente arrastavam seus filhos junto para a cozinha. Podia-se dizer que eram um desastre, mas não havia tristeza naquela casa. Babi os amava acima de qualquer coisa.

Foi então naquele domingo de sol enquanto Flaviana preparava panquecas na cozinha e Adinan tocava violão na sala, o dia em que Babi cantarolava pela casa segurando uma escova de cabelo como microfone com Bruno sacudindo uma vassoura imitando uma guitarra, aquela foi a primeira vez que ela apareceu.

Houve três breves batidas na porta. Adinan logo largou o violão no sofá e fez com que seus filhos se calassem anunciando que abriria a porta. Ele caminhou de meias pela casa sobre os protestos de Flaviana e abriu a porta gentilmente, erguendo uma sobrancelha em seguida quando se deparou com uma jovem loira cujos cabelos caíam até a altura dos ombros. A garota usava short jeans, tênis vans, uma blusa preta da série Friends e em suas mãos, uma torta de maçã.

Primeiramente, Adinan ficou extasiado com a beleza da moça que lhe sorria de volta, mas então voltou à realidade.

– Posso ajudar? – perguntou curioso enquanto analisava a garota de baixo a cima.

– Na verdade, pode sim. – ela respondeu com uma voz doce. – O senhor é Adinan Passos?

Adinan olhou para os lados abrindo e fechando a boca várias vezes seguidas. A beleza e a educação daquela garota tinha o deixado abobado, quase como se estivesse falando com alguém de sua própria família. Ele não pode deixar de sorrir para ela, era contagiante aquele olhar determinado e doce.

– Sim, acho que sim... – a voz do homem morreu, arrancando um breve sorriso da garota que tomou o cuidado de segurar a torta em uma das mãos e estender a outra em cumprimento.

– Muito prazer! Meu nome é Carolina Voltan. – eles apertaram as mãos. Na verdade Carol apertou, pois Adinan continuava em seu estado aéreo. – Bárbara está em casa? Não quero parecer rude, mas eu gostaria muito de pedir a sua permissão para sair com sua filha esta noite.

Adinan não teve tempo para processar o pedido de Carolina, logo Flaviana apareceu por trás do marido com uma ruga na testa.

– Algum problema, amor? – então seus olhos caíram em Carol e em seu sorriso encantador que fez a voz da mulher também se calar.

Agora o casal tinha a boca entreaberta para a loira como se estivessem frente a frente com a coisa mais linda que eles já tenham visto na vida.

– A senhora deve ser Flaviana Passos, certo? – perguntou Carol, mesmo sabendo a resposta. A semelhança entre mãe e filha era inegável, Carol pensou que gostaria de poder ver Babi naquela idade. – Carolina Voltan, mas podem me chamar de Carol.

– Olá, Carol. – o casal Passos disse em uníssono.

O silêncio se abateu por um minuto e a loira sentiu-se constrangida sabendo que estava sendo medida da cabeça aos pés. Queria causar uma boa impressão aos pais de Bárbara, parecer casual e despreocupada, e implorou mentalmente que Babi não a matasse por chegar bem mais cedo do que o combinado.

– Então... – recomeçou Carol ficando na ponta dos pés um pouco impaciente. – Babi está?

– Oh sim, Bárbara! – Adinan retomou a fala repentinamente. – Estrelinha? – gritou pelo hall de entrada. Flaviana continuava sua análise em Carol. – Você tem visita!

The Red Bow - BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora