O Honda Accord foi estacionado em frente à antiga casa dos Passos sem um pingo de gentileza. Bárbara derrapou com o carro e mal tinha desligado os faróis, desceu batendo a porta com força e caminhando rapidamente para dentro de casa determinadamente com um Bruno assustado em seu encalço. A casa estava escura e a morena mal se deu o trabalho de lugar as luzes, logo atravessou a sala e subiu as escadas pulando os degraus e rumando direto ao quarto de Flaviana.
- Ba, eu não acho que...
Bruno mal terminou de falar e Babi abriu a porta do quarto com tudo. Flaviana se encontrava em sua mesma posição de sempre, meio sentada com as costas apoiadas na cabeceira da cama, os olhos fixos na tela da TV e o edredom cobrindo seu corpo.
Babi parou no meio do quarto e ficou encarando a mãe por um tempo, se perguntando como pudera mentir tanto tempo com algo tão sério como o assunto Carolina.
- Mãe. – chamou e não se intimidou quando Flaviana a olhou. – Você sabia que Carolina trocava cartas com papai?
Ao contrário de Bruno e Alana, Flaviana não esboçou nenhuma reação. Suas mãos continuaram presas no edredom e seus olhos sem emoção analisando a filha. Bruno adentrou o quarto e parou ao lado de Babi, então Flaviana assentiu.
- Ela é uma boa menina. – a mulher disse e Bárbara revirou os olhos.
- Sim, isso a senhora já me disse. – respondeu com mágoa. – Onde estão as cartas?
Nesse mesmo instante, um som de motor de carro surgiu no terreno chamando a atenção dos três no quarto. Babi aproximou-se da cama, os olhos já vermelhos e marejados pela mágoa que sentia das pessoas em que mais confiou todo esse tempo.
- Onde estão? – perguntou novamente e com mais firmeza na voz. Flaviana virou o rosto lentamente e apontou para o guarda-roupas. – Estão aqui dentro? – perguntou ao abrir a primeira porta e Flaviana assentiu mais uma vez.
- A caixa. – a mulher instruiu e Babi viu a única caixa branca no canto com um adesivo na tampa escrito "Não mexer".
Com cuidado, Babi pegou a caixa no colo sentindo que segurava todo o seu mundo e caminhou até a cama sentando-se com as pernas cruzadas. Quando tirou a tampa, Alana surgiu na porta e parou estática ao lado de Bruno, e olhos arregalados, cabelos desgrenhados e respiração descompassada.
- Fique onde está. – a brasileira alertou sem tirar os olhos do bolo de cartas presas por um elástico. Seu coração mal se aguentava no peito e deixava todo seu corpo em alerta.
Os três pares de olhos estavam voltados para Babi que estava presa nas cartas. O que mais a surpreendeu quando pegou as cartas foi o que encontrou em baixo, esquecidos com o tempo como um pedaço de sua vida posta em uma caixa. Ninguém ousou dizer nada quando ela tirou outro pacote da caixa, dessa vez um pacote de fotos Polaroid. Fotos que ela conhecia muito bem. Com o coração apertado, Bárbara tirou a primeira foto e analisou. Carol e ela deitadas no gramado do rancho, Carol tinha os olhos fechados e o nariz franzido enquanto Babi beijava seu pescoço e com a mão direita segurava a Polaroid. A segunda foto foi a primeira que a latina tirou da loira. Era no quarto de Babi na noite em que Carol a levou para dançar no coreto. Na foto, Carolina tinha as mãos na frente do rosto escondendo-se da foto. A terceira foto era Carol tocando violão com Babi logo atrás o queixo encostado no ombro da loira e suas expressões distraídas, essa foto tinha sido tirada por Victor em uma das muitas vezes em que se reuniam.
(Play na música William Fitzsimmons & Priscilla Ahn - I don't feel it anymore)
Aquele famoso incômodo no estômago e os batimentos acelerados de Bárbara a fizeram pular para as cartas. Ignorando as outras presenças no quarto, a morena tirou a primeira carta do envelope e começou a ler, deixando assim, que suas lágrimas caíssem.
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The Red Bow - Babitan
RomanceQuando se é jovem geramos expectativas e sonhos muitas vezes maiores que nós mesmos, o amor é o extremo do perfeito e canta a melodia mesmo sem saber a letra. Babi e Carol formam o perfeito oposto, mas a pergunta é: Isso durará para sempre ou acabar...