9 de Julho de 2016. - Paris, França. Segundo ano da faculdade.O dia ensolarado no bairro Quartier Latin abrigava centenas de franceses e turistas que caminhavam de um lado para o outro aproveitando a primavera ensolarada. Era possível encontrar diversos tipos de pessoas ao redor dos bistrôs localizados em uma das ruas movimentadas do bairro, o lugar normalmente era frequentado pelos estudantes em Surbonne por ser próximo à Universidade, era usado como local para estudos nos intervalos de aulas ou como encontros de jovens casais. A quantidade de turistas dispostos a caminharem debaixo do sol forte era algo que deixava a jovem americana abismada. Nem mesmo em seu primeiro dia em Paris ela trocou uma boa cama por um tour pela cidade, mas ainda sim não tinha como não se impressionar como a beleza rica em detalhes do lugar.
A loira de olhos verdes cintilantes e cabelos lisos se encontrava sentada em uma mesinha ao lado de fora de um dos bistrôs, ela observava atentamente tudo a sua volta como um novo tipo de hobby. As chaves de seu Dodge descansavam ao lado da xícara de café que, mesmo com o calor, a jovem não dispensava em momentos de reflexão. Olhar para todas aquelas pessoas a fazia sentir-se desconectada de assuntos que havia deixado nos Estados Unidos há quase um ano.
Carol pousou os olhos no Dodge preto estacionado do outro lado da rua e soltou um suspiro sôfrego. Desde pequena fora apaixonada por carros antigos e velozes, lembra-se de ouvir o sermão de seu pai por quase uma semana quando usou o dinheiro dos seus dezesseis anos para comprá-lo ao invés de um Porsche como o combinado. O Dodge tinha sido seu pequeno xodó por todo esse tempo, o ciúme que sentia do carro era quase doentio, palavras de sua própria mãe. A questão é que agora sentia seu peito se contrair com a decisão que vinha arquitetando há alguns meses. Não fora uma ideia de uma hora para a outra, mas levando em consideração a dor que lastimava seu peito, ela sabia que algo deveria ser feito.
Foi então que, em um dia comum caminhando pelo parque Duc de Chartres's, sentou-se ao gramado ao se deparar com um casal de mulheres brincando com um garotinho de no mínimo dois anos. Sua atenção foi atraída à cena como ímã, e ela não pode deixar de sorrir sozinha imaginando como seria se estivesse construindo seu futuro ao lado de Babi. Tudo o que elas planejaram; a casa, o trabalho, os filhos... A questão era fechar os olhos e poderia facilmente visualizá-las passeando de mãos dadas com seu filho, o pequeno Bernardo como Babi escolhera na noite de natal de 2014. Ou até mesmo Sarah, nome que ela havia escolhido caso fosse menina em homenagem à mulher de Harry, o soldado abatido na segunda guerra mundial.
Ainda naquela noite, a mente de Carol trabalhou arduamente com o pensamento preso na cena das mães com o filho. Pensar em Bárbara ainda a machucava de tal forma que as únicas pessoas que ela deixara se aproximar até aquele dia eram Bianca Thaiga e Logan Lerman em seu tempo em Paris. Carol não queria conhecer pessoas novas, não queria um novo amor, amigos novos ou qualquer coisa que a impedisse de pensar em Babi. De certa forma, sentir a dor da saudade a lembrava de que a história de ambas fora real, e isso bastava.
Até aquele dia.
Carolina sentiu-se consumida pelos pensamentos nos próximos dias, sua concentração já não era mais a mesma, evitava conversar com Bianca sobre o assunto, pois preferiu deixar seu passado em New York, mas se trancava todos os dias no dormitório sentindo a cabeça estourar pelo tanto de situações que criava em sua mente envolvendo um filho. Apesar de ainda manter contato com Alana e Milena, manteve o pensamento em construção para si e deixou seus amigos fora disso, sabia que ninguém jamais a apoiaria, e que todos iriam tachá-la de louca.
Foi só depois de alguns meses que Carol teve sua certeza formada quando, em uma das inúmeras cartas que trocava com Adinan, o homem lhe contou que Bárbara passou a ser voluntária no hospital do câncer infantil, levando sua música e amor para os pequenos.
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The Red Bow - Babitan
RomansaQuando se é jovem geramos expectativas e sonhos muitas vezes maiores que nós mesmos, o amor é o extremo do perfeito e canta a melodia mesmo sem saber a letra. Babi e Carol formam o perfeito oposto, mas a pergunta é: Isso durará para sempre ou acabar...