08 de Novembro de 2056. – New
York, NY.Duas enfermeiras sorriram amigavelmente quando Carol entrou segurando um buquê de rosas vermelhas nos braços. Lisa, a enfermeira mais nova, informou que Bárbara estava sedada, mas que em breve acordaria. Babi e Carol eram conhecidas no hospital local desde que a brasileira começara com os ataques de pânico por conta do Alzheimer precoce.
Tudo começou há cerca de um ano, quando Babi começou a esquecer pequenos detalhes como onde colocara o celular, o nome de alguns parentes distantes e atividades que costumava fazer. No começo todos pensavam que era apenas exaustão dos shows que estava afetando seu sono, mas então os esquecimentos se agravaram para a música. Bárbara simplesmente esquecia a música ou parava de tocar por simplesmente não se lembrar mais da melodia. Carolina decidiu procurar um médico quando pouco tempo depois a esposa guardou o telefone na geladeira e o óculos no micro-ondas. Depois de muitos exames, o neurologista constatou que Bárbara tinha Alzheimer precoce e que infelizmente a doença tinha sido descoberta muito tarde.
Quando Carol perguntou sobre o tempo de vida, o médico foi direto: no máximo cinco anos.
O mundo de Carolina desabou, assim como o de Bárbara que passou a ter ataques constantes de raiva e estresse. A morena se isolou no quarto por uma semana comendo pouco e ignorando a todos que a cercavam, inclusive os filhos. Foi o pior momento de suas vidas e a advogada se perguntava o que elas tinham feito para serem castigadas daquela forma, para que o destino sempre arrumasse uma forma de separá-las. Babi precisou ser aposentada para os tratamentos, e ela odiou a todos que estavam arrancando a música dela, inclusive Carol que foi o seu alvo de raiva durante meses. Logo em seguida veio a depressão e com ela alguns problemas para dormir e dificuldade para movimentos bruscos.
Elas tinham uma bela casa, trabalhavam com o que amavam, tinham dois lindos filhos e uma vida perfeita. O suficiente para ser arruinado pela doença que afetou não só os quatro membros da família, mas todos os amigos do casal.
Carolina suportou todas as ofensas, ataques físicos e a frieza de Babi por simplesmente saber que aquela não era a sua esposa, e sim o manifesto de uma doença degenerativa. Carol deixou a própria dor de lado para suportar a de Bárbara, foi paciente, carinhosa e jamais pensou em desistir, nem mesmo quando, em um dos ataques, a morena pediu para que ela seguisse sua vida e não perdesse tempo com uma pessoa que a esqueceria.
Em dezembro, Carol decidiu viajar para a França com Babi como um presente de natal. Bernardo e Sarah concordaram em deixar suas mães terem um momento a sós para o que poderia ser uma despedida a qualquer momento. Carolina arriscou tudo levando sua esposa para fora do país, mas não poderia deixar de realizar o sonho dela. A viagem foi cansativa e foi preciso que Bárbara tomasse seus calmantes para dormir no avião, e durante todos os passeios Carol empurrava a cadeira de rodas para que ela não se cansasse ou fazia questão de levá-la no colo em um ato romântico pelas ruas de Paris.
A notícia da aposentadoria e doença de Bábara foi manchete durante semanas, assim como os vários perfis e contas em redes sociais foram criados em apoio a pianista e ao que Carol estava fazendo. Mesmo sob a desgraça de uma doença, o amor entre elas era o necessário para manter Bárbara sã.
E aqui estão elas, os tratamentos não geram resultados e Babi já não se lembra mais de Victor, Arthur e Bianca. Milena, Bruno e Alana são os únicos permitidos para a visita e os outros três aparecem quando ela está dormindo.
- Tudo bem? – perguntou a loira trocando as flores do vaso que ficava na mesinha ao lado da cama de Babi.
Bernardo, que estava sentado em uma poltrona próximo a janela, se levantou e caminhou com as mãos nos bolsos da calça de linho que usava.
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The Red Bow - Babitan
Storie d'amoreQuando se é jovem geramos expectativas e sonhos muitas vezes maiores que nós mesmos, o amor é o extremo do perfeito e canta a melodia mesmo sem saber a letra. Babi e Carol formam o perfeito oposto, mas a pergunta é: Isso durará para sempre ou acabar...