Wherever you will go

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5 de Dezembro de 2014. – Primeiro ano da faculdade.

Após o episódio catastrófico do almoço, Carolina decidiu ficar em seu quarto até que a raiva amenizasse antes de encarar seu pai outra vez. Babi tinha avisado que faria uma maratona de filmes com os pais e ela decidiu não interromper aquele momento em família, então se deixou hibernar na cama encarando seu tão conhecido teto fazendo o que gostava de chamar vários nadas. Já passava das três da tarde quando Alana bateu timidamente em sua porta e entrou com os olhos no chão e as mãos entrelaçadas na frente do corpo em sinal de nervosismo.

Carol rapidamente sentou surpresa pela atitude da irmã.

- Aconteceu algo? – perguntou realmente preocupada.

A garota balançou a cabeça negativamente e continuou parada no mesmo lugar.

- Eu pensei que talvez nós pudéssemos dar uma volta na praia... – começou e parou tomando coragem. – Já faz um pouco de tempo que não saio de casa e acho que você é a única pessoa em quem confio.

Carol sorriu feliz por ter ouvido aquilo.

- Eu fico feliz por confiar em mim, Lana. – confessou abraçando a irmã com saudade. – Venha, eu não vou desgrudar de você nenhum minuto sequer, ok?

A garota concordou com um pequeno sorriso e Carol pediu o carro de sua mãe emprestado. Dentro da BMW X6 vermelha, Alana se manteve totalmente em silêncio e a irmã mais velha respeitou seu momento fazendo apenas alguns comentários sobre lugares e pessoas que não visitava há tempos.

Já na praia de South Pointe Park, as duas irmãs caminharam à beira mar observando as pessoas jogando vôlei, brincando e tomando sol. Carol observava, Alana apenas andava de cabeça baixa seguindo os passos da irmã que a levou até a parte mais isolada onde apenas um grupo de amigos estava reunido em uma rodinha na areia cantando e tocando violão.

- Aqui é um bom lugar para descansar, eu estou mesmo precisando tomar sol. – comentou quebrando o clima tenso que se instalara entre elas desde que saíram de casa. – Algum problema em sentar na areia?

- Não acho que nossa mãe vai gostar do banco do carro cheio de areia. – foi o primeiro comentário dela e Carol ergueu as sobrancelhas, surpresa por ser sarcástico.

Alana sentou em estilo indiano e deixou que seus olhos se perdessem na imensidão do mar. O clima não estava tão quente graças ao inverno, então não precisaram passar protetor solar.

- Ela sequer usa aquele carro, Lana. É exagero terem mais de cinco na garagem quando poderiam vender ou até mesmo dar um a você.

- Papai disse que não vai me dar um carro até que eu volte a ser normal.

Aquilo pegou Carol totalmente desprevenida e só fez sua raiva pelo pai aumentar.

- Ele disse isso? – a garota concordou com a cabeça sem olhá-la. – Alana... Você não é anormal, e quem disser o contrário é um babaca. – a menina a olhou surpresa por chamar o pai de babaca e Carol sorriu. – Eu amo o nosso pai e você sabe disso, mas não posso permitir que ele nos trate como soldados.

O silêncio preencheu as duas como se as prendesse em sua própria bolha de pensamentos. Carol queria levar Alana consigo para New York, alugar um apartamento e morar apenas as duas enquanto a irmã finalizava o ensino médio. Seria a sua forma de cuidar dela estando por perto quando precisasse conversar em momentos como este, sem a pressão de uma família que só se importa com status social.

Então um brilho refletido pelo sol chamou sua atenção e seus olhos caíram no objeto de prata no dedo anelar de Alana da mão direita. De repente, tudo fez sentido. Sentiu angustia por dentro enquanto olhava aquele anel, ela queria poder estar usando um também neste exato momento, sem vergonha de mostrar as pessoas que amava alguém e que estava extremamente feliz por isso.

The Red Bow - BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora