The Red Bow - Babitan

Good Night, my love

11 de Janeiro de 2015. Primeiro ano da faculdade.

Babi abriu os olhos sentindo-se incomodada com a falta de calor contra o seu corpo. A primeira coisa que viu assim que seus olhos se acostumaram com a claridade, foi a silhueta de sua namorada sentada no chão ao lado da cama abraçando as pernas flexionadas e o queixo apoiado no joelho. Os olhos verdes a observavam, como se estivesse velando por seu sono a um bom tempo. Babi aconchegou-se um pouco mais na cama e as duas ficaram em silêncio se olhando com carinho; também havia culpa naqueles olhos sem brilho, Babi sabia que Carol queria lhe contar algo, mas pensar nas opções fazia seu estômago se contrair.

- Oi. - a morena disse bem baixinho, como se houvessem várias pessoas em volta ela quisesse que apenas Carol a ouvisse.

- Oi. – respondeu Carol, sua voz suave era triste.

- Há quanto tempo você está ai?

- Duas horas e meia. - sorriu fraco e levantou o queixo do joelho. - Eu acordei com dor de cabeça e sua mãe me ofereceu uma aspirina.

Babi ficou surpresa por sua mãe saber que passaram a noite juntas em seu quarto. Carol ainda usava o moletom de Columbia e a calcinha boxer que a deixava com um ar quase infantil apesar do rosto cansado e as visíveis olheiras.

- Eu vou ao banheiro escovar os dentes, tá bom?

Carol concordou e a mais nova saltou da cama correndo até o banheiro com um pouco de dificuldade devido ao sono. Tinha passado quase toda a madrugada zelando o sono de sua amada, vindo a cair no sono pouco antes do amanhecer. Não levou nem meia hora e já tinha tomado um rápido banho e escovado os dentes. Carolina agora estava sentada na cama com as costas apoiadas na cabeceira vasculhando algo em seu celular, Babi a imitou e em seguida puxou a namorada para um beijo terno, apenas para matar a saudade daqueles lábios deliciosos.

- Amor? - Carol a chamou quando encostou a cabeça na cabeceira para olhá-la preguiçosamente, o celular sendo esquecido no criado mudo. - Me desculpe por ontem, eu não deveria ter aparecido aqui bêbada...

- Amor... Hey! Está mesmo se desculpando por isso? Eu queria matar você, mas por ter dirigido bêbada. Sabe o quanto é perigoso, Carol? Você é a minha namorada, minha função é cuidar de você. Que tipo de esposa vou ser daqui a dez anos se não cuidar da minha loirinha?

Os olhos verdes brilharam e foi o que bastou para Babi sorrir timidamente.

- Você vai ser minha esposa? - a voz de Carol quebrou o coração de Babi, quase como se não pudesse acreditar em suas palavras. - Eu não mereço você, amor...

Bárbara sentou-se na cama de frente para a namorada e deixou suas mãos descansarem no estômago dela.

- Quer me contar o que houve ontem?

A loira suspirou alto, seus olhos já estavam cheios de lágrimas antes mesmo de começar a contar.

O evento era, na verdade, na casa de um dos associados de João Luiz Voltan. O lugar estava cheio de advogados com suas esposas e filhos, todos muito bem vestidos e de classe alta; é claro que João Luiz sempre fazia questão de se relacionar com a alta sociedade. Carolina estava ao lado do pai contando os minutos para sair daquele lugar, o vestido em seu corpo era incômodo, as pessoas um pé no saco, como sempre foram desde que se conhece por gente e acompanhava o pai em eventos como esse.

A necessidade de pegar o celular e conversar com Babi a estava consumindo.

Já estavam naquela casa há quase quatro horas e a única coisa útil a se fazer era comer e beber o máximo que podia enquanto seu pai ignorava sua existência e conversava com os amigos se gabando de todo o seu dinheiro. Ela se perguntou onde sua mãe estaria naquele momento, então se deu conta de que ela provavelmente havia dado uma desculpa esfarrapada e ido até Alana cuidar da filha mais nova, era a única coisa que tinha coragem de fazer.