Sing me to Sleep

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O som reproduzia Lights da cantora inglesa Ellie Goulding, a acústica criando o ambiente perfeito para os dançarinos que se movimentavam em passos calculados pelo piso de madeira em frente ao grande espelho de vidro. Arthur caminhava de um lado para outro berrando instruções e pegando no pé de um jovem de no máximo 20 anos, olhos azuis e cabelos negros, este que tinha a pele vermelha e a respiração descompassada devido ao cansaço. Babi, que observava todo o ensaio recostada ao batente da porta, havia estabelecido um limite para o garoto e o assistia atentamente o momento em que o rapaz cederia e pediria para sair. Ninguém era louco de fazer isso. Arthur tinha essa fama de professor psicótico e corria alguns boatos por NY sobre algumas sessões de tortura em suas aulas, mas o resultado era sempre brilhante e o homem tinha desenvolvido grandes dançarinos desde que inaugurou o Fooxi's Academy.

- Você me da medo ás vezes. – comentou a morena estendendo uma toalha branca para Arthur. Os alunos agora saíam aos poucos da sala exaustos de mais um dia de tortura com o professor Fooxi. – Já pensou em abordar uma técnica menos maléfica?

Arthur rolou os olhos e tirou uma garrafa de água do suporte de isopor.

- A diferença... É que você dá aulas de música para crianças de 5 anos. – disse em pausa, o peito ofegante. – Eu ensino técnicas com o corpo e disciplina, eu os treino para serem os melhores, querida.

A morena sorriu do comentário puxando uma cadeira para sentar enquanto o rapaz arrumava o salão.

- De qualquer forma, fico feliz que as coisas estejam indo bem na academia.

- Babi, você disse a mesma coisa na semana passada! – os dois riram. – Não precisa ter vergonha de iniciar o assunto "Carolina" comigo, sabe que eu não julgo você e toda essa coisa estranha entre as duas.

De fato, Arthur conhecia Babi o suficiente para saber quando a amiga estava afobada ou com algum problema. Eles se aproximaram demais depois da faculdade e o rapaz foi um dos suportes da brasileira nos momentos difíceis, assim como Victor e Milena. A situação no momento era como uma prova de fogo e todos sabiam disso, todos estavam cientes de que Babi estava correndo contra o tempo para convencer Carol a não se casar a menos de 2 meses para a loira ser oficialmente de outro.

Sabendo que não precisava esconder seus sentimentos naquela sala, Babi suspirou e deixou os ombros caírem em rendição mostrando o quão cansada estava.

- Ela não vai se render, Arthur. – deixou as palavras saírem e os olhos se perderem em um ponto qualquer no piso. – Eu vi isso em seus olhos quando fomos à Coney Island. É como se ela tivesse medo de mim, é como se eu fosse uma estranha.

- Você é uma estranha, Babi. – Arthur sentou no chão com os joelhos dobrados de frente para a brasileira. – Lembre-se que 6 anos não são 6 meses. Vocês viveram em continentes diferentes por tanto tempo que acabaram assumindo certas personalidades que não talvez não tinham na época do namoro de vocês. Lembra como a vida era boa e fácil? É porque vocês eram adolescentes sem reais preocupações. Hoje você são mulheres com uma história, um fardo que, a meu ver, é bastante assustador um para a outra.

Bárbara franziu o cenho pensando no que tinha acabado de ouvir. Elas eram duas estranhas tentando se encontra, tentando encontrar um caminho de volta uma para a outra. O maior medo da morena era de que ela fosse à única jogando esse jogo, que talvez estivesse forçando as coisas com Carol.

- E se ela o escolher? – perguntou quase infantilmente, sem se importar de demonstrar que estava desesperada. – Eu não posso conviver com isso, sabendo que a mulher da minha vida é de outro. E agora mais do que nunca eu preciso conquistar não só ela, mas Bernardo.

Arthur sorriu diante o comentário, era de se admirar Babi estar apaixonada pelo garoto que supostamente seria seu filho. Não era uma tarefa difícil para ele e os outros imaginarem Bárbara e Carolina casadas e com Bernardo correndo entre as pernas das duas como um Passos. Sempre foi assim, elas tinham química até mesmo quando não se conheciam mais e esse era o tipo de coisa que faz as pessoas acreditarem no amor.

The Red Bow - BabitanOnde histórias criam vida. Descubra agora