23 de Janeiro de 2015. – Primeiro ano da faculdade.
Era de manhã quando Carol sentiu um leve desconforto no corpo e abriu os olhos sentindo-se completamente sonolenta. Passou os olhos pelo cômodo em que se encontrava constatando que nunca saiu da sala de estar da casa dos Passos, e que a sensação de um sonho ruim era, na verdade, a realidade. Ela estava deitada no sofá com as costas contra o encosto com uma Bárbara encolhida em seus braços em um sono profundo; estavam abraçadas com as pernas entrelaçadas, mas o desconforto do móvel causou uma bela dor nas costas para a loira que sentiu sua coluna travada. Sua mente trabalhou avidamente retomando tudo o que aconteceu antes de chegarem ao sofá, e então ela se lembrou. Babi chorou como uma criança necessitando de colo, ela agarrou-se à camisa de Carol como se tivesse medo que a loira lhe fosse abandoná-la. Depois de mais algumas conversas em meio ao choro, elas acabaram pegando no sono pela exaustão da mais nova. Carol analisou o rosto inchado da namorada e sentiu vontade de chorar outra vez, Babi estava encolhida em seus braços como um bebê que precisava de todo o cuidado do mundo.
Carolina conseguiu se desvencilhar dos braços de Bárbara sem acordá-la e a cobriu com a pequena manta vermelha deixando um beijo suave em sua têmpora. Droga, ela precisava de um longo banho e remédio para dor no corpo antes de ir para o estágio. Caminhou com a mão direita nas costas até a cozinha pensando no que aconteceria quando sua menina acordasse, mas seus pensamentos mal puderam ser consumados quando se deparou com uma Flaviana cabisbaixa preparando o café da manhã, a mulher levantou a cabeça ao notar a presença de Carol lhe oferecendo um sorriso triste quando viu a surpresa no rosto da nora.
- Eu cheguei agora pouco, não quis acordar vocês. – explicou e Carol balançou a cabeça em entendimento. A loira levou a mão esquerda ao cabelo em desconforto, não sabia o que dizer e nem com perguntar sobre Adinan. – Carol, antes de qualquer coisa eu gostaria de agradecer você.
A mulher sentou-se à mesa de jantar indicando a cadeira a sua frente para que Carolina seguisse seu gesto. As olheiras eram visíveis em baixo do rosto cansado da mulher, seu semblante calmo havia sido substituído por algo mais obscuro, como se ela soubesse que eram tempos difíceis para sua família.
- Eu realmente não me import-
- Não, me escute. – ela pediu cansada. Carolina concordou. – Você tem cuidado de Bárbara todo esse tempo com tanto carinho... Cheguei a pensar que ela ficaria doente se continuasse trancada naquela sala de música, mas você apareceu na vida dela e mudou isso. E ontem você cuidou de Bruno, passou a noite naquele sofá desconfortável zelando o sono de Babi... – ela deu uma pausa e serviu o copo de café do jeito que Carol gostava. – Nós te amamos como uma filha, Carol. Nunca menos que isso.
A loira não soube o que dizer. Não tinha pensado muito bem quando ficou com Bruno em casa, ela simplesmente sabia que era o certo, assim como deixou de voltar ao dormitório para cuidar de Babi, não era uma opção deixá-los sozinhos naquele momento difícil, porque ela também sofria por Adinan. Ter Flaviana lhe dizendo que a tinha como filha era como ser oficialmente integrada à família que tanto amava e se orgulhava.
- Eu fiquei sem palavras, desculpe... – ela sorriu sem graça. – Eu não fiz nada que não faria pela minha família, Flaviana. Babi é a minha namorada e vocês são os pais que eu nunca tive.
A mulher segurou a mão de Carol por cima da mesa e lhe ofereceu mais um sorriso em compreensão.
- Babi deve ter lhe contado sobre a quimioterapia. – ela disse. A voz agora trêmula, seus olhos estavam presos no copo de café. – Eu me encontro em um beco escuro, para ser sincera. Pensei em hipotecar a casa, mas Adinan deixou claro que não vai fazer isso, que essa casa é de Bárbara e Bruno. Não podemos arriscar perdê-la agora, e nossa situação com o banco não está nada boa... Como eu devo assistir meu marido morrer sem fazer nada, Carol? Nós temos dois filhos e eu preciso ser forte pelos dois e...
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The Red Bow - Babitan
RomanceQuando se é jovem geramos expectativas e sonhos muitas vezes maiores que nós mesmos, o amor é o extremo do perfeito e canta a melodia mesmo sem saber a letra. Babi e Carol formam o perfeito oposto, mas a pergunta é: Isso durará para sempre ou acabar...