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Por Aurora

   Abri a porta do quarto com meu cotovelo, tentando equilibrar as bandejas nas mãos. Hoje iremos na clínica para finalmente fazer a inseminação, já havíamos consultado e tirado todas as dúvidas, os exames que a doutora havia pedido também já havia sido feito e estava tudo ok.
   

   Monitoramos o ciclo menstrual da Ana o mês todo, para que quando chegasse os dias férteis fizéssemos tudo certinho. O procedimento seria as nove da manhã e agora já eram por volta das seis. Eu não consegui dormir de tão nervosa que estava, minha cabeça trabalhava sem parar, tinha medo que não desse certo e ela acabasse se frustrando ou de magoando. Não queria ela triste e bem, fui eu quem praticamente obrigou ela a fazer a inseminação.

   Mas tudo iria dar certo, eu tinha certeza. Eu já havia me arrumado, tomado banho, só faltava comer alguma coisa. Ana como sempre dormia esparramada no colchão agarrada com uma pilha de travesseiros, enquanto seu cabelo tapava uma parte de seu rosto. Sua boca estava aberta e ela roncava: perfeita!!! Perfeitamente perfeita, ela estava linda, Anastácia era uma perfeição, e daqui um pouco teria um serzinho dentro do ventre dela.

  Pensar em uma criança correndo para lá e para cá me fazia transbordar de felicidade. Só de pensar em arrumar um quarto, comprar as roupas, comprar mamadeiras,chupetas e brinquedos me fazia pensar em dias apenas ensolarado. Sempre amei crianças.

   Posso ser uma completa sem paciência para as coisas da empresa, com assuntos das campanhas e propagandas. Agora para família, eu sempre teria paciência, eu fui criada com pais e mães que acreditam na educação gentil. Eu tive uma educação gentil, e isso fez toda a diferença na minha vida, a Ana também foi criada essa mesma forma de criação, ela também pensa como eu.

   Eu quero dar a melhor educação que a minha filha possa ter, eu quero que ela seja uma pessoa boa, um ser gentil e carinhoso. Eu sei o quanto a educação que meus pais me deram foi importante, fui criada contra qualquer tipo de preconceito ou intolerância racial ou religiosa. Nunca gritei com alguém com algum dos meus empregos, nunca gritei com meus pais ou com a Ana. E é isso que eu quero, eu quero dar todo o amor a uma criança, toda a atenção que eu posso, todo o carinho e todo o zelo que tenho.

  Coloquei as duas bandejas sobre a cama e fui para o closet, peguei um vestido soltinho, no modelo que eu sabia que ela gostava, peguei uma calcinha e uma sandália confortável. Deixei tudo em cima da poltrona que ficava ao lado da nossa cama. Sentei e fiquei olhando seu rosto sereno, fui tirando mexas de cabelo que caiam por seu rosto. Sua pele parecia porcelana pintada cuidadosamente, pelo mais talentoso pintor. Fui mexendo e acariciando seus cabelos, cada vez mais.

  Aos poucos fui vendo um sorrisinho brincar em seus lábios avermelhados. Me peguei sorrindo também, apeoximei-me devagar e fui deixando beijos por todo o rosto, ela passou os braços ao redor do meus pescoço e abriu mais seu sorriso. O sorriso dela pra mim, era como doce é para uma criança.

- bom dia meu amor - eu falei sussurrando em seu ouvido

- bom dia

  - eu fiz café - Ana concordou enquanto aspirava o cheiro na volta do meu pescoço, - que preguicinha, em?

- muita - ela me soltou e eu saí de cima  - me passa a bandeja

  Me arrastei até os pés da cama e lhe alcancei a ela, comemos rápido, na verdade ela só comeu porque eu empurrei comida pra sua boca. Não sei porque mas chega um tempo que ela simplesmente não como. É incrível, e sem sentindo nenhum.

    Fiz questão de vestir Anastácia, não sei por que mas eu sentia que deveria ter mais cuidado com ela, proteger mais e ficar mais presente o possível. Minha garota não protestou estava mais interessada em dormir do que outra coisa, só se levantou quando eu disse que tínhamos que ir.

Little angel (Em Pausa) Onde histórias criam vida. Descubra agora