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Hey meus amores como vocês estão ?

Por Aurora

Assim que sai da sala onde elas colocaram meu nariz no lugar, recebi a notícia que Anastácia tinha ido para a UTI, a cirurgia havia ocorrido bem e apesar de ela ter tido uma parada cardíaca, Ana estava tendo boas respostas quanto aos cortes e hematomas. O que me falaram é que ela estava em coma induzido, pois, levou uma pancada forte na cabeça, disseram que era precauções para evitar possível danos.

Eu não arredei o pé um segundo daquele hospital. Todo dia eu via o amanhecer da janela do hospital, todo dia eu dormia em uma cadeira dura do corredor. Quando completou duas semanas ela foi para o quarto, e finalmente pude vê-la, seu rosto bonito ainda tinha alguns hematomas, seus braços estavam ralados dos estilhaços. Eu ficava observando o dia todo os médicos indo e vindo checar ela. Seu rosto era sereno, ela parecia estar tão confortável, tão suave. Todos os dias eu estive ali ao lado dela, eu não tinha feito antes então estava tentando compensar. Assim não me sentia tão culpada, toda vez em que me sentia bem, logo em seguida me sentia mal, por que lembrava de como a minha garota estava, de quão mal ela estava mesmo os médicos dizendo que estava progredindo. Quando completou um mês, Anastacia finalmente abriu os olhos, os médicos fizeram uma bateria de exames e tudo que poderiam fazer e para minha sorte ela estava bem. Não havia esquecido nada, nenhuma parte do que havia aconteceu naquele dia.

Ana apenas me ignorava, as vezes eu me perguntava se eu realmente estava ali por que ninguém parecia notar. Ela falava com minha mãe. Com minhas irmãs mas nunca nem olhava pra mim. E mais um mês se seguiu arrastando dessa maneira tortuosa.

Quando finalmente o corte havia cicatrizado os médicos deixaram que ela desse alta, mas ao chegar em casa Ana regrediu. Mas diferente das outras vezes ela regrediu mais ainda. A comida era dada na boca, ela tinha que tomar banho com supervisão e sua mamadeira estava sempre na mão. Isso se arrastou por meses, já estávamos no último trimestre do ano e ela não falava comigo. Meu peito doía de saudade mas eu não podia fazer nada além de esperar, a babaca da história fui eu, o que eu poderia fazer era esperar.
Eu não queria obrigar ela a conversar comigo, mas tentaria baixar a guarda dela então fui no mercado compre sorvete, a Nala estava indo junto, comprei um urso de pelúcia e uns bichinhos que ela gostava de brincar. Coloquei tudo em pacotes de presentes e descartei a ideia de escrever uma carta.
Dirigi até a casa dela e fui muito bem recebida por meus sogros. Se é que ainda são meus sogros. Eu peguei o sorvete e fiz um milk shake bem cremoso como eu sabia que ela iria gostar, coloquei no copo e em uma tigela coloquei balas de todos os tipos. Arrumei tudo na bandeja e subi com a Nala me seguindo e a sacola de presentes pendurada no meu braço.

Eu bati na porta mas não obtive resposta então entrei, a cena que eu vi era muito mas muito fofa. Anastacia estava toda largada no chão do quarto com um ursinho de pelúcia que um dia eu tinha dado a ela. Sua chupeta era uma preta o que provavelmente significava que hoje ela não estava de muito bom humor, entrei no quarto e sentei ao seu lado. Ele me olhou revirou os olhos bufando, jogou sua chupeta no chão e foi para o banheiro.

Vinte minutos se passaram e ela saiu do banheiro de cabelos molhados e com roupas "normais" para idade dela. Ali eu sabia que não era mais a pequena Anastacia, agora era Ana quem estava ali, uma mulher com um olhar cansado, suas olheiras eram visíveis. Meus sogros haviam me avisado que nas últimas semanas tiveram que colocar calmantes nas bebidas dela para poder acalma-la e fazê-la dormir, isso só comprovava o quanto ela era muito sensível.

A mulher a minha frente me encarava, seus olhos eram tão intensos, havia tantos sentimentos ali. Eu gostando ou não Anastacia tinha se tornado uma desconhecida por mim. Não sabia mais quem ela era, como agia, eu estava ao lado dela nesses últimos 8 meses e mesmo assim eu a desconhecia.

Little angel (Em Pausa) Onde histórias criam vida. Descubra agora