Capítulo 35 - Astros

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*NARRADO POR MANUELA*

Os convidados começaram a chegar, David os recebia muito bem, brincava, ria e apresentava Julieta, que de vez enquanto falava que suas irmãs estavam ali e acenava para nós duas que retribuíamos o aceno.

A festa estava rolando animada com muitas conversas. Notei que Julieta conversava com Ludmila, esposa de Oscar, e David não estava por perto, mas logo o vi descer:

- Vamos agitar esta festa? - Ele vinha com seu notebook.

Os meninos começaram a dançar, eu e Alice estávamos curtindo o som no miudinho até que percebi o isolamento de Philip que ria e se sacudi de um jeito engraçado, eu ri e o chamei:

- Anda, vem cá Gringo, - eu disse pegando sua mão e o puxando para próximo de mim e Alice - vou te ensinar como fazemos no Brasil. - Comei a sambar em um ritmo lento, e entre sapateios e trotadas Philip tentava nos acompanhar. Eu ria tanto que chegava me desconcentrar, quando arrisquei um rebolado, fui surpreendida.

- Isso eu sei fazer - Philip disse e me mostrou um rebolado. Juro que faltou ar.

Voltamos às aulas de samba quando percebi uma movimentação masculina, conhecendo bem pouco os meninos, mas sabendo da fama de bagunça, imaginei que eles iriam aprontar, me afastei um pouco e logo a rodinha se formou. Pobre Philip, virou motivo de zuação, mas ele gostou da brincadeira e continuou trotan... quer dizer, sambando. Ganhou até um pandeirinho imaginário para incentivá-lo. Deixei ele ali sendo centro das atenções até que a música acabou e começou um samba mas romântico. Alice estava perto da mesa de frios, e Arthur, primo do Lucas, se aproximava dela. Bom, sozinha ela não estava. Me enchi de coragem e antes que Philip ficasse mais vermelho me aproximei, colei minha bochecha na dele e falei ao seu ouvido:

- E esse, você sabe como se faz no Brasil? - Mais uma vez fiquei "de cara". Philip sussurrou de volta em meu ouvido:

- Uhum - Segurou minha mão direita me fazendo dar uma rodadinha, quando estava de frente para ele, colocou a outra mão em minha cintura e começou aquele passinho simples de "dois pra lá e dois pra cá", ficou com seu rosto colado na lateral do meu e mais uma vez sussurrou com aquela voz grave e aquele sotaque carregado: - É assim? - Estava tão envolvida no momento que concordei com um aceno de cabeça, deixei a música tocar e Philip me levar.

***

Eu estava um pouco deslumbrada com tantos jogadores juntos, não que eles fossem lindos e maravilhosos, mas eu estava observando os caras que só via na TV como formiguinhas correndo de um lado para o outro, aqui estavam todos ao vivo conversando normalmente rindo, dançando. Aqui eles eram pessoas como eu. Philip dizia alguma coisa:

- Manuela? - Ele me chamou e eu interrompi novamente minha mente tagarela.

- Ah, oi. O que? Me desculpe, não entendi. - Eu olhei para ele e subitamente percebi um olhar não muito feliz ou animado quanto antes.

- Nada, eu vou na varanda um pouco. - Philip saiu e me deixou na sala com Alice, que me olhava com uma cara de desaprovação.

- Você fez merda. - Alice parecia até me aconselhar.

Julieta percebeu a situação e veio até nós.

- O que houve? Cadê o Philip?

- Ele está chateado por que a Manu ficou olhando demais para esses jogadores e não deu atenção a ele. - Julieta me olhou com cara desaprovação, mas riu.

- Não foi bem assim - eu me forcei em dizer. - Eu só fiquei um pouquinho encantada com os caras da TV.

- Isso acontece. Só que eu acho que Philip gosta demais de você. - Julieta segurou minha mão e me forçou olhar para ela.

- Você acha? - Julieta não disse nada só sorriu e voltou para junto de David. Alice, levantou as mãos como se estivesse se rendendo e incentivou:

- Eu concordo. - Eu foi para perto de Arthur que a observava.

Levantei e fui procurar Philip. Não era muito difícil encontra-lo, ele era alto e eu particularmente o conhecia muito bem.

- Olá, - eu disse timidamente. - Está tudo bem? - Ele só assentiu com um leve aceno de cabeça. - Olha, me perdoe, eu não estou acostumada a ter tantos famosos assim por perto.

- Por que está se desculpando? Não precisa disso, eu que sou um idiota e fico assim, com ciúmes de algo que não me pertence. - Philip não me olhava, ele estava observando o movimento na rua. Mesmo que ele fosse bem mais alto de que eu, coloque a mão em seu rosto e o olhei bem dentro dos olhos.

- Eu tentei ignorar todo esse tempo, mas não tem como, é impossível. Quer saber de uma coisa? - Philip deu de ombros. - O único cara que me interessa nessa festa é você, e sempre foi. - Puxei o rosto de Philip para mais perto e o beijei carinhosamente. Era um beijo tranquilo que eu sentia muita falta, seus lábios eram macios. Seus braços envolveram minha cintura e me fizeram grudar em seu tórax, fazendo-me sentir segura e vulnerável. Entre o beijo Philip sorria e estar ali com ele me fazia bem, me deixava feliz. A festa inteira poderia estar me olhando nesse momento ou mesmo o mundo inteiro que eu não iria ligar, eu não me importava com nada, só com o britânico que me tinha nas mãos e que eu presumia ser o futuro dono do meu coração.

Bom demais pra ser verdadeOnde histórias criam vida. Descubra agora