Bom demais pra ser verdade

Capítulo 5 - Tentando agir naturalmente

Cheguei a Chelsea mais ou menos uma hora depois de almoçar. Deixei meu carro em um estacionamento próximo ao bar, peguei tudo que precisaria e fui para o ensaio.

Ao adentrar o recinto me dei conta de que só Philip, o baterista, havia chegado. Cumprimentei-o com um abraço bem apertado.

- Quanto tempo! Sentimos sua falta. – Ele disse feliz em me ver.

- Eu também senti! – Eu disse fazendo um leve carinho em suas costas enquanto nos abraçávamos.

- Como estão as coisas no Brasil? – Ele disse quando nos soltamos.

- Estão ótimas! Manuela não parou de falar em você nenhum instante sequer. – Nós rimos.
Philip e minha irmã tinham tido um “lance” há uns meses quando ela veio me visitar.

- Nós nos falamos de vez em quando. Suas irmãs ainda estão com planos de vir morar aqui com você?

- Sim, ainda! – Eu revirei os olhos. – Elas não iam se adaptar nunca, sem contar que seria difícil de conseguirem emprego afinal, Manu não terminou a faculdade e Alice não sabe nem o quer da vida ainda. Aí fica complicado!

Philip concordou com a cabeça. E nosso assunto foi interrompido por berros, logo reconheci, era Lucy. Minha querida amiga é um pouquinho escandalosa.

- Como assim teremos que arrumar o palco sozinhos? Pablo que é o responsável, nós não temos nada a ver com isso. – Ela reclamava com o gerente do bar.

- Pablo está doente e não poderá vir. – Lucy arregalou os olhos em um gesto raivoso.

- Então trate de arrumar outra pessoa! Isso é função de vocês. – Ela deu as costas para Mark e sorriu fingindo que nada havia acontecido ao me ver.

- Amiga! Como é bom te ver! – Ela me abraçou forte.

- É bom ver você também! – Eu disse retribuindo o abraço.

Enquanto abraçava minha amiga, meu celular vibrou no bolso traseiro da minha calça. Soltei-a e fui checar do que se tratava. Eu corei ao ver que era David. Abri a mensagem que dizia: “Agora já estou livre, espero que possamos nos falar. Bjs”
Lucy reparou em minha expressão e ficou ao meu lado pra tentar ver “qual era do babado”.

- Hummmmm, já vi que tem muitas novidades pra me contar! - Ela riu levantando e abaixando as sobrancelhas com um olhar insinuante. Não contive o riso.

Cliquei em responder e comecei a digitar. Apaguei e escrevi várias coisas até enviar a seguinte mensagem: “Podemos sim, claro! Beijinhos.”

Philip, Lucy e eu ficamos conversando e resolvendo os últimos detalhes da apresentação daquela noite enquanto esperávamos os outros integrantes chegarem.
Em torno de 20 minutos chegaram Rachel, Logan e Jason. Tecladista, trompetista e violinista, respectivamente.
Ao mesmo tempo em que Lucy e Philip os cumprimentavam eu lia mais uma mensagem de David que dizia: “Que bom então! O que está fazendo de bom ai em Londres?”. Respondi: “Estou no ensaio com a banda aqui no bar. E você?”. Eu sorria de orelha a orelha sozinha enquanto digitava e nem percebi que Logan se aproximara.

- Que cara de pateta é essa Julieta? – Ele disse rindo de mim.

- Ãhn? Que cara? – Disfarcei.

- Nenhuma! – Ele riu. - Vamos ou não ensaiar? – Ele disse convocando a todos da banda.

Levantei e fui aos bastidores pegar meus saxofones alto e soprano. Abri os cases e os montei, pus o talabarte no pescoço e o sax alto apoiado nele, já o sax soprano coloquei no suporte que havia no palco, perto de onde Logan estava com seu trompete.
Todos estavam prontos e Philip começou a contagem com as baquetas para iniciarmos a primeira música e meu celular vibrou.