Bom demais pra ser verdade

Capitulo 2 - Podem rir de mim!

Já era quase meio dia quando o avião decolou, e pela hora parecia que havia um monstro em minha barriga, mas me tranquilizei ao perceber a movimentação dos comissários de bordo, logo o almoço será servido.

Enquanto isso meu pensamento viajava aonde que quer fosse para o encontro de David. É estranho pensar de maneira diferente, pois a mais ou menos uma semana eu suspirava ao lado de minhas irmãs toda vez que ele aparecia na televisão, tanto quando ia jogar ou para uma entrevista. Com certeza foi meu jogador favorito durante a copa. Antes disso eu já tinha o visto algumas vezes em noticias relacionadas à copa das confederações, mas nada demais. 

Conforme eu perdia em meus pensamentos as aeromoças começaram a servir o almoço. Eu pus a mão no rosto para esconder o riso quando percebi que era estrogonofe, de novo, eu sei que não podia querer muito viajando na classe econômica, mas faz uns 4 anos que é sempre a mesma coisa!

A aeromoça me serviu gentilmente e quis saber qual bebida eu preferia, na verdade eu prefiro refrigerante claro, mas como eu me esbaldei demais durante as férias, então preferi pegar um suco de morango que era meu predileto.

Logo após matar quem estava me matando, se é que você me entende. Pus meus pés na poltrona que estava vazia ao meu lado e me cobri com um edredom que trouxe justamente com esse intuito, afinal o ar-condicionado do avião é bem forte. Aconcheguei-me e acabei pegando no sono.

Mais ou menos 4 horas depois acordei num susto em meio a uma turbulência, contudo me acalmei ao sentir um braço envolver meu ombro me trazendo paz e sossego.

- Calma! Não foi nada. - Alguém disse sussurrando em meu ouvido.

A tranquilidade logo se tornou espanto quando ouvi aquela voz. Eu abri os olhos bem devagar e olhei para o lado, e onde antes estavam meus pés agora havia um homem. Esfreguei meus olhos para poder ver melhor e enxerguei nitidamente aquele lindo sorriso, de ofuscar os olhos, que eu reconheceria em qualquer lugar, era David. 

- O que você está fazendo aqui? - Eu disse ainda sonolenta e tentando me recompor.

- Eu peguei o mesmo voo, e estava na classe A, mas não me contive e tive que vir te ver. - Ele disse sorrindo e eu mal pude acreditar.

- Está aqui há quanto tempo?

- Têm umas 3 horas, mas fiquei com pena de te acordar você parecia tão cansada. - Ele disse enquanto alisava meu braço.

Eu olhei para mão dele me acariciando e em seguida para ele. Eu estava muito confusa.

- Isso é demais pra eu entender! - Não consegui conter o sorriso.

- Desculpa! É que eu já te vi tantas vezes que é como se eu já a conhecesse, eu quis me aproximar de você varias vezes no bar, mas sempre acontecia algo.

Você pode ter certeza que nesse momento eu estava entendendo tanto quanto você, nada! Primeiro ele diz que frequenta o bar aonde toco com minha banda, diz que só vai pra me ver, depois pede meu telefone e agora isso? Com certeza eu estou dormindo ainda, e nem saí da casa dos meus pais. 

- Pela sua cara eu estou indo rápido demais não é?

- Talvez um pouco! É que eu te vi na televisão semana passada, e agora você tá aqui do meu lado dizendo todas essas coisas. - Expliquei.

- Esquece o que você viu na televisão, eu sou uma cara normal.

“Cara normal? Aonde?” Debochei intectualmente.

- Vou te provar que sou! - Ele parecia ler meus pensamentos.

David se inclinou, olhou fixamente em meus olhos e veio em minha direção.
 “GENTE, ALGUÉM ME EXPLICA O QUE TÁ ACONTECENDO AQUI?" Eu berrei mentalmente tentando não transparecer meu espanto.
Ele fechou os olhos, e ia tocar os lábios nos meus...

- Senhora! Senhora! - A aeromoça passava a mão no meu braço tentando me acordar. - Está tudo bem?

- Está sim! - Eu respondi envergonhada e sonolenta enquanto todos os passageiros olhavam pra mim.

- Que bom, então. - A aeromoça respondeu sorridente.

Provavelmente eu devia ter berrado de verdade e não mentalmente. Eu ri, colocando a mão no rosto enquanto balançava negativamente a cabeça. "É óbvio que era sonho né!", eu ria disfarçadamente pensando no sonho.

- Dentro de alguns instantes aterrissaremos, no aeroporto internacional de Londres. - Disse o comandante em português, espanhol e inglês.
E eu respirei aliviada e feliz por aquela vergonha torturante já ter hora para acabar.