18 - Todos os Segredos pt2

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A última vez que me lembro de Yoongi foi quando estávamos brincando pelo jardim da minha casa e meu pai me interrompeu para que eu entrasse. Yoongi falou que iria para casa visto que seu pai havia chegado e fazia muito tempo que ele não o via. Gostávamos muito de cuidar das flores e tocar piano. Bem, era Yoongi que tocava piano e eu  que cuidava das flores. Às vezes, eu me distraia com a bela melodia do piano. Yoongi sempre tocou muito bem e eu amava observar aquele rosto concentrado dele. Eu tinha dez anos e Yoongi dezesseis. Conhecemo-nos quando éramos crianças, pois fomos vizinhos por um tempo.

Depois de uns dias quieta pensando sobre o que Yoongi me contou, tomei coragem e comecei a perguntar algumas coisas para ele. Yoongi responde cada uma delas com todos os detalhes. Eu não sei como tudo isso aconteceu na minha vida e eu não me lembro de porra nenhuma.  É uma agonia tão grande que dá vontade de chorar e ao mesmo tempo gritar. Olha, é tanta desgraça que parece até aqueles livros dramáticos, os de péssima qualidade ainda por cima.

Observando Yoongi, tão relaxado e solto nesses dias, parecia que ele havia tirado um peso das suas costas porque seu semblante está mais leve que da primeira vez que o vi.

- Então você não sabia quem era o meu pai? – Pergunto após refletir sobre as coisas que Yoongi havia me contado e das fotos que estavam dentro da caixa marrom.

- Eu mal conhecia sua família – responde ele. Suas mãos acariciam meus cabelos enquanto estamos deitados nesta cama, recebendo raios solares pela grande janela. – Eu nem sei como viramos amigos. Não lembro como nos conhecemos. Acho que... – ele olhou para frente como se estivesse tentando lembrar – Você me bateu! – exclamou ele.

- Como assim? Eu sou paz e amor! – dei um tapa nele.

- Está vendo? – riu ele. – Mas sério você me deu um tapa. Era de tarde e eu acertei a bola de basquete em você e não pedi desculpas.

- Merecido – arqueei as sobrancelhas.

- Verdade. Eu era um idiota.

- Era? – Ri e Yoongi me lança um olhar. – brincadeira. Você não é idiota.

- Como pude me esquecer disso? Admito que fiquei muito surpreso. Nossas diferenças de idade são de seis anos e ver você me bater foi engraçado. Você era bem baixinha.

Como eu não consigo me lembrar disso? Ouvindo Yoongi contar e ver seus olhos brilharem por recordar o passado me faz se sentir culpada por não saber de quase nada.

- Você me reconheceu no primeiro dia que me viu?

- Eu nunca me esqueci de você, Hae – sorri gentilmente.

E é assim que me sinto mais culpada ainda.

- Desculpa. Não me lembro de muita coisa.

- Você não tem culpa. Eu não sei o que aconteceu com você e não tenho todas as respostas das suas perguntas, só sei que você ficou um bom tempo internada no hospital e mal me deixaram te visitar. Não por culpa de seus pais, mas sim dos meus.

- Por que seus pais não te deixaram me ver?

- Foi minha mãe, na verdade. Meu pai já estava morto nesta época.

- Morto? Seu pai morreu como? – arregalei os olhos - Eu sinto muito por isso, não quero te deixar desconfortável.

- Pode perguntar o que quiser Hae. – Ele apoia sua cabeça na palma da sua mão - Eu devo isso a você e cumprirei com minha palavra.

- É que sei lá, falar sobre algo assim é estranho e quero que você também fique confortável com isso.

- Eu e minha mãe achamos que ele tinha feito mais uma daquelas longas viagens dele, mas logo veio a noticia de que ele havia morrido bem na nossa rua.

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