Capitulo 1 - Quem morreu?

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Então, meus leitores que tanto amo. Dei uma leve revisado no capítulo e o dividi em três partes para ficar mais bonitinho. Ou seja, antes era um capítulo com a visão da Hae e do Yoongi e aí dividi ele em três para ficar mais bonito. Coisa que já estava me incomodando faz um tempinho...
Não há muitas modificações, apenas detalhei algumas cenas hehe.
Espero que gosteeeem
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– Bem que você poderia ir à cozinha pegar uma água para a gente, não é filha? - diz minha mãe sentada ao meu lado, com aquela expressão de pidona que sempre faz quando quer que eu faça algo para ela.

– Estou com preguiça de ir lá – respondo preguiçosa. – Acabei de sentar agora.

– Estou com sede também - sorri Jackson, que está parado ao meu lado se espreguiçando em sua cadeira vermelha de balanço.

– Vai você então – disse, tentando tirar proveito da situação já que não estou nem um pouco a fim de me levantar agora, justo quando achei a posição perfeita que envolvia juntar minhas pernas contra meu peito com a cabeça pendida sobre o encosto da cadeira.

– Preguiça também. Hoje o dia foi bem cansativo.

- Para mim também – minha mãe alonga seus braços para cima e pude ouvir uns estalos, vindo das suas vértebras.

– Então vai todo mundo ficar com sede. Acabei de sentar agora.

– Tudo bem, meu bem – com aquele sorriso habitual que eu já estava acostumada, Jackson apenas estendeu suas mãos e retribuí, entrelaçando nossos dedos – Sei que você trabalhou muito hoje. Cadê a Ahri?

– Minha irmã está lá dentro estudando – apontei com o queixo.

– E você?

– O que tem? – indaguei, mas já sabendo da pergunta que ele irá fazer só por encarar aquelas orbes escuras dele.

– Já estudou?

– Claro – revirei os olhos – estava estudando também, mas vim aqui fora pegar um ar fresco.

O que era verdade, tirando o fato que eu deveria me esforçar mais em matemática já que era uma matéria cujo eu precisava de mais concentração e foco. Mas como ficar horas em frente a tela de um notebook sem parar não me rendia nada, então tirava pequenos intervalos para descansar a mente, beber uma água ou simplesmente sentar aqui fora para observar o céu, as flores que meu pai plantou quando eu era criança e agora tanto elas quanto as arvores estavam enormes e, quando possível, conversar com minha mãe, mas não passava de conversas bobas, sem profundidade.

– Faz bem dar uma pausa.

– Sim. Como é o último ano escolar, as coisas estão bem intensas. – suspires, relaxando meus ombros tensos – me sinto pressionada com essas questões de vestibular, faculdade... Ainda não decidi o que quero fazer e estou me sentindo frustrada.

– Sei como é – Jackson sorriu compreensivo, intensificando ainda mais o carinho na minha mão direito – bem, você não precisa se preocupar tanto com isso. Escolher uma profissão que vai exercer pelo resto da vida, ou até quando te fizeres feliz, é difícil. Tente focar no que gosta de fazer, busque saber sobre o cotidiano da profissão e aí escolha se quer mesmo fazer ou não.

O problema é que não havia nada que eu era boa, ou que gostasse de fazer.

Sei que ele não fala bobagens. Só que ninguém nunca me mostrou direções. Mesmo estudando em uma das melhores escolas de Seul e os professores falarem sobre isso diariamente com os alunos, não conseguia escolher. Os pais de alguns colegas meus falavam sobre isso com seus filhos, mas meus pais nunca conversaram sobre isso comigo. Não lembro de uma vez sequer de ouvi-los perguntarem o que eu queria ser quando crescesse. A minha mãe acha que só porque eu e Jackson estamos namorando e que pode ocorrer algo mais sério no futuro, como um casamento, eu não preciso me preocupar com essas questões de carreira, o que acho uma verdadeira ignorância da parte dela.

– Cadê o sogro? – ouço Jackson perguntar ao se virar para minha mãe, que estava tão relaxada em sua cadeira com o cigarro na boca.

– O que acha? – ela virou-se para ela, tragando o cigarro e logo expelindo a fumaça pelas suas narinas – Está no escritório cuidando de alguns problemas da empresa.

Meu pai sempre nos mantém longe de qualquer tipo de problemas que surgem na empresa. Ele nos acha muito nova ainda para nos preocuparmos com as questões empresarias, apesar de sempre dizer que tudo o que ele construiu iremos herdar futuramente e que como eu sou a mais velha, que devo me interessar mais. Só que isso é quase impossível quando ele mesmo me exclui de qualquer atividade envolvendo e empresa. Apesar de todos os esforços dele esconder os problemas – que não são poucos - sempre acabo sabendo de algo. Há uma falha em seu escritório e isso faz com que eu possa ver e escutar o que acontece lá dentro. Sei que há uma máfia muito poderosa que está tentando negociar com a empresa, mas eu não sei do que se trata esse negócio. Às vezes até prefiro não saber sobre isso e ignoro aquele pequeno buraco, mesmo que meu interior fofoqueiro clame por isso.

Há coisas que é melhor manter na ignorância.

Jackson segura o braço da cadeira arrastando-a para ficar mais próxima de si e coloca dentro do bolso de seu casaco preto minha mão para esquentá-las. Seus cabelos castanhos escuros balançam com o vento enquanto os meus estão presos em um rabo de cavalo mal feito.

Mesmo relutante, dizendo que não queria levantar agora, sinto-me culpada em não ter levantado para pegar a água. Mesmo que eu não queira, tenho sérios problemas em negar favores para as pessoas, em dizer a palavra "não", e por isso, faço tarefas que não estou a fim.

– Depois pego a água, okay? – sorrio derrotada. – Eu só queria ter ficado uns minutinhos aqui aproveitando a noite.

– Obrigada, Hae Ri. – Disse minha mãe que já sabia que eu tomaria essa atitude.

Ficamos por um tempo observando o movimento das pessoas de longe, dos carros e das nuvens também. Mesmo com o vento um pouco gelado fazendo com que sejamos obrigados a usar blusas longas e até um cachecol, a noite está agradável. Arrisco até em dizer que ela está perfeita.

– Hae... - Minha mãe inclina a cabeça e, mesmo sem prosseguir com a fala, e já sei o que ela quer.

– Você tinha saído da cozinha naquela hora, mãe.

– Custa?

Reviro os olhos e suspiro.

– Só porque a noite está boa.

Entro em casa em passos largos, passando com pressa pela sala e indo até a cozinha. Dou uma pequena olhada na sala já que havia passado como um vulto por lá e vejo minha irmã sentada no sofá concentrada no seu dever de casa.

– Quer água, Ahri? – pregunto pegando a garrafa de água que estava dentro da geladeira.

– Quero sim. – respondeu mantendo os olhos focados na tela do seu notebook.

Pego um copo que está dentro do armário e vou até a sala para entrega-la antes mesmo de ir lá fora.

– Depois você me ajuda com esse trabalho? – pergunta ela, observando as sombras que predominam abaixo de seus olhos, indicando que Ahri não tem dormido bem durante noites e me pergunto o que pode estar tirando o seu sono. – É de inglês – boceja, apoiando sua cabeça em seu próprio ombro.

– Claro – respondo – deixa só eu terminar pelo menos a primeira parte do meu trabalho, okay? – e assim, Ahri esbanjou um sorriso, aliviada, já que inglês não é seu forte.

Encho seu copo com água até a boca e, antes mesmo de perguntar para ela se ela estava bem, ouço cinco disparos vindos de fora. Meu coração automaticamente se desespera e sem pensar duas vezes, vou correndo para a rua, pensando em Jackson e minha mãe que até então estavam lá fora me aguardando.

E foi naquele momento, quando pisei na varanda, que o meu mundo acabou.

MafiosamenteOnde histórias criam vida. Descubra agora