Sinais

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Em nenhum momento Mamoru mencionou aonde levaria seus amigos, e eles também não a questionaram sobre. Depois de estacionar o carro, ela fez a frente, no que foi acompanhada por Ash e Eiji até um corredor subterrâneo. No fim dele, uma placa informava que tipo de estabelecimento adentrariam — um bar aparentemente comum não fosse o fato de ser tão isolado.

— Você já veio aqui? — murmurou Ash ao namorado.

O fotógrafo fez que não com a cabeça. — Em todo caso, acredito que seja perfeitamente seguro.

Ash sorriu — Eiji, você lá tem senso de perigo? Se tivesse jamais teria me conhecido.

Eiji sorriu, parecendo lembrar de memórias muito distantes. — Tendo senso ou não, eu não sai perdendo ao te conhecer.

Enquanto conversavam, Mamoru trocava palavras com alguém do outro lado da porta. Não demorou muito para um homem vestido de preto, um segurança, permitisse a passagem da garota e dos seus amigos.

— Compreendo agora o porquê do local ser subterrâneo — exclamou Eiji ao entrar. Mamoru avisou — eu espero que vocês dois não sejam homofóbicos. O pessoal que frequenta esse bar não costuma ser tolerante com pessoas preconceituosas. — e cumprimentou com a cabeça o segurança que permitiu sua entrada. Um homem de quase 2 metros com músculos sobressalentes mesmo sobre o terno.

Ash e Eiji se entreolharam. Silenciosamente eles achavam graça do aviso.

Foi o mais velho quem falou primeiro. — Eu não sou como os meus pais — em seguida, sentou-se em um assento para o bar.

— Quanto a você, imagino que não tenha problema algum, certo? Nunca vi um anarquista homofóbico — afirmou a universitária.

Ash assentiu — você não poderia estar mais certa.

Conforme os três se acomodavam em assentos — Eiji no meio, entre Ash e Mamoru —, alguém do outro lado do balcão se aproximou — garotinha, o que você faz aqui? Esse é um bar apenas para homens. A única exceção sou eu! — era um bartender de trejeitos exagerados quem falava.

Ash estava acostumado com pessoas trans; já Eiji, enquanto um japonês criado numa família conservadora, estava curioso sobre a figura musculosa e maquiada a sua frente. Em todo caso, ele não fez qualquer julgamento. Desde que alguém se sinta confortável com a identidade que assume, essa pessoa tem o direito de se expressar da forma que quiser, assim pensava o fotógrafo.

Mamma, não comece, você adora quando venho aqui. Eu sei que você fica intoxicada com esse ambiente masculino, por isso abre esse sorrisão quando me vê entrando por aquela porta.

O bartender olhou Mamoru de cima a baixo, então, apontou um dedo cheio de anéis para o torço da universitária. — Se você afastar os clientes com esses peitos aí, eu vou cobrar a sua conta, garotinha!

Em nenhum momento, Mamoru ficou constrangida. Na verdade, parecia levar com bastante naturalidade aquele tipo de interação.

Quanto a Ash e Eiji, eles assumiram que a universitária compartilhava uma grande amizade com a tal mamma, isso explicaria o fato da sua conta não ser cobrada.

— Eu vou querer um martini — fez a frente Mamoru.

Eiji interrompeu — tem certeza que pode beber? Você não está dirigindo hoje?

Como um clique que estalou, Mamoru se deu conta que o amigo tinha razão.

— Relaxa — era Ash quem aconselhava. — Mamoru pode deixar o carro aqui perto e pegá-lo amanhã. Por hoje vamos apenas aproveitar. Mais tarde podemos chamar um uber.

One more time, One more changeOnde histórias criam vida. Descubra agora