Culpa

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Ash constatou que Eiji devia estar sentindo-se muito confortável nas suas costas para cair no sono tão facilmente depois de apenas alguns passos dados. Felizmente, não foi difícil para ele gravar o caminho para o apartamento do fotógrafo, e por estar com as chaves do outro, em nenhum momento quis acordá-lo. Chegar ao apartamento e abri-lo, portanto, fora fácil.

Abrindo a residência, o gângster reparou na humildade do lugar, fazendo-o se questionar quais eram as condições financeiras do seu amigo. Parando para pensar, Ash se deu conta de que embora Eiji fosse muito inteligente, ele não estava cursando nenhuma faculdade, o que sinalizava para o fato de não ser muito abastado.

Depois de alguns passos, ele deixou o adormecido no sofá e foi até seu quarto. Lá arrumou a cama de modo a deixá-la confortável para Eiji. Em seguida, buscou o fotógrafo e o depositou sobre a cama. Nesse ínterim, o americano ficou pensando no quão cansado seu amigo provavelmente estava para dormir tão profundamente. Normalmente, era ele próprio que fazia o papel de dorminhoco. Pensar nisso, fez Ash rir da situação.

Não esquecendo do próprio leito, o americano arrumou o futon que gostava de chamar de "colchão no chão" ou simplesmente de colchonete. Logo em seguida, foi a vez de dar atenção a dosagem diária de remédios. Ele então foi a cozinha, buscou o que precisava e voltou ao quarto.

– Ei, Eiji, acorda!

– Sim? – Respondeu o outro, sonolento e de olhos fechados.

– Trouxe seu remédio. Abra a boca.

Não pensando muito, o fotógrafo fez o que Ash pediu.

– Beba. – O americano ordenou. Em seguida, Eiji fez isso e antes de cair no sono novamente, pediu para que Ash tomasse seu remédio também, o que foi feito.

Depois de tomar o remédio, o americano tirou suas roupas para verificar seus pontos. – Essa merda tinha mesmo que abrir? – Falou em voz alta. Instantes depois, ele conseguiu achar uma caixa de remédios e por sua própria conta costurou os pontos soltos do seu ferimento. Em seguida, foi tomar um banho difícil, pois seu corte ardia quando a água tocava. Contudo, a situação era tolerável pelo simples fato de que Ash havia se acostumado com a dor.

De banho tomado, ele lembrou dos sermões do adormecido e por isso enfaixou seu peito na localização dos pontos. Cansado, o americano finalmente resolveu se deitar.

Já deitado, ele observou uma das mãos do fotógrafo caída para fora da cama. Sem pensar muito, estendeu sua própria mão e segurou a mão do outro.

Enquanto observava seus dedos entrelaçados com os dedos da pessoa que gostava, Ash lembrou da situação difícil que havia passado no mês anterior. Ele havia visitado Eiji no hospital, mas teve que correr às pressas para não ser pego pela polícia. Naquele dia, ele e o fotógrafo tentaram alcançar suas mãos, mas suas ações foram frustradas.

Contudo, a situação agora era diferente. "Nossas mãos, finalmente se alcançaram", pensou contente por poder finalmente segurar a mão de Eiji.

Inesperadamente, como se fosse assombrado por pensamentos ruins, Ash começou a se indagar se era merecedor da felicidade que estava desfrutando. A razão de pensar assim se devia ao incômodo que guardava para si desde que havia acordado do coma. Ele tinha quase certeza, que o futuro que havia visto no seu sonho, era o futuro que esperava o fotógrafo, pois os sentimentos daquela realidade eram muito reais. Todo sofrimento que Eiji passaria era devido a sua escolha infeliz de morrer. E mesmo sofrendo tanto, o fotógrafo ainda diria que era feliz por ter tido a oportunidade de conhecer o lince de New York.

One more time, One more changeOnde histórias criam vida. Descubra agora