Redenção

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Depois de dois dias tediosos e frustrantes passados em um hotel, Eiji e Ash se prepararam para ir na reunião de ex-colegas do fotógrafo. Ao se vestirem, o primeiro valorizou roupas confortáveis; enquanto o segundo elegantes, embora igualmente quentes.

– Estou apresentável? – O americano perguntou ao terminar de se vestir.

– Por que não estaria? Seu senso de moda é muito melhor que o meu. – Respondeu Eiji.

– Eu gosto mais do seu jeito de vestir. – Na verdade, o mais novo tinha uma opinião formada sobre o modo como seu amigo vestia-se. Uma vez que Eiji valorizava roupas confortáveis, muitas vezes escolhia roupas folgadas. E já que era inverno, essa impressão era ainda mais evidente: além de abusar de roupas largas, o fotógrafo vestia coisas felpudas. Em outras palavras, parecia incrivelmente adorável. Ash continha-se ao máximo para não abraçá-lo.

– Por que está sorrindo que nem um bobo? Poderia compartilhar a piada para que eu possa rir também?

– Não é nada tão engraçado que precise ser compartilhado. Vamos pedir um uber? – O americano tentou corrigir suas feições engraçadas.

O fotógrafo ficou entusiasmado. – Não sabia que você estava tão ansioso por conhecer meus ex-colegas. Ok, irei chamar! – Em seguida, pegou seu celular e começou a digitar.

Ash sentia-se mais curioso do que ansioso por conhecer os amigos de Eiji, isto porque gostaria de ouvir mais sobre o passado do amigo, além de conhecer as pessoas com que o outro se relacionava no colegial.

Não demorou muito para o uber chegar. No caminho, ambos aproveitaram para conversar. O mais importante dessa conversa foi que o mais novo descobriu que a escola em que Eiji frequentou ficava em outra cidade, mas como a maioria dos seus colegas era de Izumo, o encontro não seria nada complicado. Aqueles que não moravam na cidade simplesmente se deslocariam até ali por um trem.

Ao chegarem no endereço, subiram as escadas que davam acesso a uma série de apartamentos enfileirados. Após apertar a campainha, o fotógrafo foi recebido pela sua antiga companheira de classe e também ex-presidente do clube estudantil.

Quando viu seu amigo, ela sorriu e lhe cumprimentou com um abraço. Para Ash ela ofereceu a mão, já que não tinha tanta intimidade com ele. – Podem entrar, só não reparem na bagunça.

Ao passarem pela porta, notaram um punhado de pessoas amontoadas ao redor de uma televisão. Algumas estavam sentadas e outras cantando. Para Ash, aquilo era curioso; para Eiji, era uma visão nostálgica dos seus dias como colegial.

Quando percebeu as expressões do americano, o fotógrafo fez questão de explicar. – Eu não te disse antes, mas um passatempo bastante comum entre os jovens aqui no Japão e em outros países da Ásia é cantar em karaokês.

– Estou vendo. – O americano observou a empolgação dos cantantes.

Quando notaram a chegada de mais gente, as pessoas que cantavam de pé e as que estavam sentadas fizeram um silêncio prolongado. Eiji notou que isso ocorreu pela surpresa dos seus ex-colegas ao se depararem com a beleza americana ao seu lado. Eles estavam claramente fuzilando Ash com o olhar. Após esse minuto constrangedor, alguns rapazes e moças se levantaram para cumprimentar seu antigo colega de classe.

– Eiji mencionou que traria um amigo da América para nossa reunião, mas não imaginei que fosse um modelo. – Falou uma das meninas.

– Como é a América? Por acaso você tem irmã? – Disse um dos rapazes.

Depois das primeiras perguntas se sucederam muitas outras e logo Ash foi cercado por curiosos.

– Ash-kun, seu japonês é muito bom, desde quando está aprendendo?

One more time, One more changeOnde histórias criam vida. Descubra agora