Despertar

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Assim como adormeceu sozinho, Ash despertou sozinho.

Ao abrir seus olhos, ele não se deu ao trabalho de olhar ao redor por acreditar estar morto. Essa simples constatação se devia ao sonho que tivera. Sonho este que era culpado pelo vazio que nesse momento preenchia-o.

– Me desculpa, Eiji. – Falou enquanto lágrimas escorriam pelo seu rosto alvo.

De repente, uma porta é aberta chamando a atenção do jovem deitado.

Entre lágrimas, a visão de Ash era turva, motivo pelo qual não conseguiu reconhecer a silhueta que se aproximava. Enquanto secava o rosto molhado com a própria manga, pode finalmente distinguir quem estava diante da sua cama: era Max.

– Como está? Está sentindo alguma dor? Ash, você me assustou!

Ash não respondeu nada, pois tentava entender o que tinha acabado de acontecer. Um sonho... um longo sonho... de 10 anos... isso era meramente possível? Não. Jamais. Nenhum ser humano era capaz de sonhar por tanto tempo, e era justamente por isso que Ash Lynx tinha a certeza de estar morto, mas como explicar o cenário diante dos seus olhos?

– Max, eu realmente estou vivo?

Em resposta, o jornalista dá um tapa na cabeça do mais novo que considerava como um irmão caçula.

– Ai, isso dói! – Protestou Ash em arrependimento.

– Sentiu? Se sentiu é por que está vivo! E de agora em diante, trate de continuar assim! – Havia algo implícito na fala do mais velho que Ash pôde notar. Max claramente sabia que ele praticamente havia se suicidado ao negar atendimento médico depois de ser esfaqueado. Optando por um suicídio óbvio.

– Pode ter certeza que eu me manterei vivo. – A promessa não era retórica, depois do longo sono que tivera, o gângster jamais escolheria o caminho da morte novamente. Mais do que um sonho, ele sabia que tudo que testemunhou era uma visão do futuro - o triste futuro de Eiji.

Max não quis fazer mais perguntas. Vendo a expressão do irmão de Griffin, ele finalmente pode suspirar aliviado. Agora sabia que Ash jamais seria imprudente com sua vida novamente. – Alguém esteve muito preocupado com você.

A fala de Max instantaneamente tomou à atenção de Ash. Ele sabia de quem o mais velho falava. – Como Eiji está?

Se Max não tivesse a certeza de que Ash cumpriria com a promessa de se manter vivo, o jornalista possivelmente estaria o repreendo. Provavelmente diria que Eiji se encontrava perfeitamente bem, ao contrário dele que estava estendido em uma cama de hospital depois de passar vários dias em coma por ter perdido uma quantidade fatal de sangue.

– Ele está bem, apesar de ainda estar se recuperando do ferimento a bala. Assim que soube como você estava quis vir à América imediatamente, mas Ibe e sua família o impediram. Acharam que ele não estava bem o suficiente para fazer uma viagem tão longa depois de recém ter chegado ao Japão. E, tirando o fato da sua saúde física estar melhorando, seu estado emocional está bastante abalado. Aliás, Eiji ligou todos os dias para saber como você estava.

Ash não duvidou sequer por um segundo disso. Depois de ter visto o futuro que esperava seu amigo, vivendo em sofrimento por sua culpa, ele sabia que os últimos dias deviam ter sido difíceis para o japonês.

– Eu quero falar com o Eiji. Por favor, Max. – Ao pronunciar o nome da pessoa mais importante da sua vida, Ash tentou inutilmente apartar suas lágrimas. As lágrimas eram justificáveis, depois de ver tudo que o fotógrafo passaria caso morresse, o americano se sentia extremamente culpado.

One more time, One more changeOnde histórias criam vida. Descubra agora