Reencontro

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Enquanto olhava para Eiji, uma pontada atingiu o peito de Ash. Seu amigo estava usando cadeira de rodas, provavelmente porque ainda sentia os efeitos do tiro que recebeu.

Ignorando este fato, ligeiramente, o americano poderia jurar que as escadas rolantes estavam roubando todo o tempo do mundo, e que por isso nunca chegava na base. No entanto, quando finalmente isso aconteceu, toda aquela demora valeu a pena. Não apenas por isso, Ash sentiu que muitas outras coisas pelas quais passou e sofreu, fizeram aquele reencontro valer a pena. – Eu finalmente estou no Japão. – Falou assim que chegou na base das escadas.

– Eu senti sua falta. – Eiji falou logo em seguida.

– E você acha que eu não senti a sua? – Mesmo sendo forte, o mais novo foi o primeiro a deixar as lágrimas rolarem pelo rosto, logo em seguida, foi a vez do outro. Ash não conseguiu se conter ao ver Eiji no mesmo estado de emoção que ele. Assim, deixou suas malas caírem no chão, se ajoelhou e deitou sua cabeça sobre o colo do fotógrafo. – Eu senti tanta sua falta, mas tanta....

– Está tudo bem. Você finalmente está no Japão, você finalmente está aqui. – Aproveitando que a cabeça de Ash estava sobre seu colo, Eiji acariciou gentilmente seus cabelos.

Depois de um minuto inteiro, Ibe resolveu incomodar o reencontro.

– Eu odeio atrapalhar vocês, mas acho que estão interrompendo o trânsito das pessoas. – De fato, os dois estavam praticamente na frente das escadas rolantes, o que atrapalhava ainda mais a passagem dos outros.

Ash levantou seu olhar e percebeu que além de atrapalhar o caminho, ele e Eiji estavam criando uma certa comoção. Algumas pessoas pareciam tirar fotos deles por acreditarem que um reencontro emocionante entre amigos ou até mesmo amantes estava acontecendo. A situação era ainda mais dramática pelo fato de Eiji estar em uma cadeira de rodas e ambos estarem chorando.

Embora estivesse longe da América e livre dos seus crimes, não era a intenção do americano chamar a atenção dos inúmeros inimigos que fez na vida, por isso ao perceber que estava sendo fotografado, tratou de desviar o rosto dos flashes e se retirar do local.

– Ibe. – Exclamou Ash para o fotógrafo mais velho. – Pode deixar que eu conduzo Eiji daqui em diante. – Afirmou logo se apoderando da direção da cadeira de rodas.

– Você parece desconfortável, algum problema? – Eiji indagou, logo percebendo os flashes. Ao se dar conta disso, o japonês se arrependeu de perguntar, pois era de seu conhecimento que Ash não gostava muito de ser fotografado, sem mencionar que por conta da vida que sempre levou, o mais novo estava em constante alerta para a possibilidade de perseguição.

– Está tudo bem, só me diz onde iremos agora, não conheço nada do Japão. – Ash respondeu sorrindo, na tentativa de tranquilizar seu amigo.

– Que tal comermos algo antes? – Ibe sugeriu.

– É uma boa. Você deve estar com fome, né, Ash? Depois disso deveríamos ir a minha casa e descansar. Daqui alguns dias podemos ir à Izumo. Que tal? – Convidou o fotógrafo.

– Pensei que morasse em Izumo. – Ash afirmou curioso.

– Eu me mudei para Tóquio essa semana. Acho que poderei ter mais oportunidades de trabalho aqui.

– Você é bastante responsável, com certeza deve estar se virando bem morando sozinho. Quanto ao que vamos comer... devo dizer que não estou muito curioso com a culinária japonesa...

– Obrigada pelo "responsável". Quanto ao que vamos comer, eu estou quase ofendido por você duvidar das comidas do meu país, fique sabendo que é quase impossível desgostar de tudo. – Retrucou o fotógrafo.

One more time, One more changeOnde histórias criam vida. Descubra agora