Distância

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O ensopado de carne com legumes agradou mais do que o esperado. Para Ash o sabor da comida tinha o gosto da sua terra natal, o que provocou sua gula . Ele comeu dois pratos cheios e foi censurado pelo namorado quando serviu-se pela terceira vez. Takeshi também não ficou para trás. Ele que sempre ostentava o quanto a comida japonesa era melhor que a Ocidental, rendeu-se totalmente a culinária que tanto desdenhava. No final, Ash acabou com dores terríveis no estômago por banquetear-se rápido e Takeshi foi impedido pelo filho de se servir novamente, já que tinha problemas no fígado e não fazia bem comer pratos fortes em excesso.

Mesmo mal, Ash não se arrependeu nenhum pouco; ainda mais porque depois disso Eiji passou a mimá-lo. Como naquele velho ditado, havia males que vinham para o bem.

— Francamente, Ash, eu nunca te vi comer tanto durante todo o tempo que convivi com você — disse Eiji, levando um comprimido à boca do namorado, o qual não conseguia se levantar da cama, dada as dores fortes no estômago. Em seguida, o fotógrafo também ajustou a cabeça do outro, de modo que ele pudesse beber água.

Fosse porque estava com dor, fosse porque gostava de ser paparicado, Ash não conteve os gemidos de dor. Pequenas demonstrações como essas, faziam Eiji dar-lhe ainda mais atenção.

— O travesseiro está confortável dessa forma?

O americano contorceu o rosto em dor. — Está, mas sinto frio.

— Eu busco mais cobertas para você.

Ao dar as costas, Eiji foi interceptado pelo namorado que lhe agarrou por uma das mãos, puxando-o de volta para a cama.

— Apenas durma comigo, ficarei quentinho.

Eiji afastou a mão que lhe segurava. Sua expressão decidida fez o namorado entender que estava indo longe demais nos seus pedidos.

— Estou brincando — corrigiu-se com tristeza.

Eiji inspirou, sentou-se na cama e levou sua mão ao rosto de Ash, acariciando-o. — O que faço com você?

— Você me abraça — respondeu o americano manhoso, mesmo não entendendo o que aquelas palavras queriam dizer. Com dor, deslocou-se para deitar no colo de Eiji.

No primeiro momento, o fotógrafo pareceu nervoso com o rosto deitado nas suas pernas, mas não fez menção de apartar o mais novo. Contente, Ash aninhou-se ainda mais no seu colo quente. Em seguida, o americano sentiu os dedos quentes do namorado mergulhando nas mechas do seu cabelo. Nesse momento, sentiu tanto conforto que suspeitava que pudesse ronronar.

— Ash, seu cabelo está grande — informou o fotógrafo.

— Devo cortá-lo?

Eiji enrubesceu assim que o namorado levantou o rosto para encará-lo. Ele não sabia desde quando se tornou tão consciente daquela beleza. Havia algumas opções, é claro, talvez ele estivesse mais apaixonado do que nunca, por isso sentia-se tão mexido; talvez Ash estivesse alcançando o ápice do seu amadurecimento como um homem; e ainda havia a opção que incluía as duas coisas ao mesmo tempo.

— Se você quiser pode cortá-lo, mas particularmente eu acho que lhe cai bem, você parece o personagem de um filme chamado Castelo Animado.

O americano pensou um pouco antes de dizer. — Fala do Howl?

— Você já viu esse filme? Não lembro de apresentá-lo a você.

— Não sabia que existia um filme. Eu li o livro. É uma história bem agradável e fluída, só não acho que seja tão vaidoso quanto o protagonista.

One more time, One more changeOnde histórias criam vida. Descubra agora