Breakfast

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Na manhã seguinte, Ash foi o primeiro a acordar, algo que raramente acontecia. Ele, no entanto, não se levantou imediatamente. Ainda sentindo-se confortável pelo calor do kotatsu, observou a pessoa adormecida ao seu lado.

Depois de tudo que passou e depois do longo sonho que tivera, tudo o que Ash queria era ver Eiji e isso foi feito no dia anterior. Contudo, ele sentia um estranho incômodo em relação a não ter matado toda sua saudade. Se fosse corajoso o suficiente, teria abraçado Eiji na noite anterior por horas, para só então sentir que sua saudade fora sanada e, mesmo assim, não seria o bastante. Nunca seria o bastante.

"O que faço com esses sentimentos que eu tenho por você", pensou enquanto encarava o japonês desacordado.

Ash sabia exatamente o que sentia por Eiji, mas não sabia ao certo se era recíproco. Durante o sonho que revelou o futuro do fotógrafo, o mais novo pôde ver o quanto seu amigo sofreu pela sua morte. Um verdadeiro inferno na terra, uma depressão sem precedentes. Era normal um amigo sofrer tanto pelo outro? Ash sabia que não, mas os sentimentos são relativos e ele jamais poderia falar pela pessoa adormecida ao seu lado.

"Eu não quero perder o que temos, por isso eu protegerei essa amizade", refletiu enquanto seguia a mesma linha de pensamento. O americano temia que se desse mais um passo, se seguisse seu coração, pudesse macular a relação que construíra com Eiji. "Você é meu melhor amigo, Ash", foi o que o fotógrafo havia escrito na carta que ele guardava com tanto zelo. Esses eram os verdadeiros sentimentos de Eiji, e Ash protegeria essa relação nem que para isso passasse por cima dos seus próprios.

"E se Eiji me amasse também, eu seria merecedor desse amor? ", o fato de Ash pensar isso se devia ao seu passado como prostituto e assassino. Havia também outra questão... quando duas pessoas se amam, consequentemente seus contatos se tornam íntimos até que... Ash sabia o que dois amantes faziam e isso o deixava com medo, pois tudo que ele achava que conhecia sobre sexo era em referência aos estupros que sofreu ou quando seduzia alguém com algum objetivo eminente. O americano temia que pudesse associar Eiji com suas experiências dolorosas, e foi por isso que ele se sentiu feliz em apenas ser amigo da pessoa que gostava naquele momento.

– Eu tenho que parar de pensar tanto, isso só vai me deixar para baixo. – Ele falou consigo mesmo em voz alta. – Vou fazer algo útil como preparar o café da manhã.

Silenciosamente, se retirou da sala onde dormira com Eiji e foi em direção a cozinha. Lá, revisou as opções de café da manhã e chegou a conclusão de que não saberia fazer absolutamente nada com comida japonesa. No entanto, considerou que pelo menos ovos fritos e café poderia preparar. Revirando ainda mais as coisas do seu amigo, Ash achou bacon. "Café da manhã estilo americano", pensou contente com a descoberta.

Após preparar tudo, organizou o café da manhã em uma bandeja e a levou para sala. Lá, colocou a bandeja em cima do kotatsu e observou Eiji dormir por mais um minuto.

– Ei, Eiji, acorda, fiz café para gente. – O americano cutucou a bochecha do adormecido.

O fotógrafo abriu os olhos sonolento e após alguns instantes se espreguiçou e se sentou ainda com os olhos fechados. – Que milagre é esse que te fez acordar antes de mim?

– Aproveita que não é todo dia que isso acontece. Olha, eu fiz café da manhã. – O americano apontou o dedo.

Eiji então reparou na bandeja de comida preparada pelo seu amigo. – Oh, um café da manhã americano. No entanto, isso não parece muito saudável...

– Eu estou tentando ser gentil e você aí reclamando.

– Ok, ok. Vou aceitar essa iguaria estrangeira com todo meu coração, mas na próxima vez eu farei o café.

One more time, One more changeOnde histórias criam vida. Descubra agora