50| quando não tem mais saída

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                           Luís

Estar perto da morte não me assustava.

Eu já estive perto dela, anos atrás, quando eu peguei um acidente de carro, eu fiquei 3 meses em coma, como um vegetal, sem vida.

Nunca contei isso para ninguém.

Meus pais ficaram sem esperanças de melhoras, mas então eu acordei, para então descobrir que uma coisa bem maior e bem pior estava dentro de mim, algo que não me faria ficar dormindo por meses, mas que me faria morrer lentamente.

O câncer.

O câncer é uma das doenças que mais matam no mundo, ela não é seletiva, ataca para todos os lados, não importa a idade, classe social, gênero. Alguns morrem rápido demais, e já outros morrem lentamente; vivendo sem esperanças, deprimido, apenas espetando o veredito, ou a morte, para os íntimos.

Não sabia quanto tempo eu tinha até finalmente morrer e ir para céu, não que eu acreditasse no céu ou no inferno, nem nada do tipo, só queria pensar que eu iria para um lugar bem melhor que essa merda.

...

Eu estava no meu quarto, rolando o feed do Facebok, sem animação alguma, enquanto tocava uma música aleatória no Spotify. Eu estava evitando ouvir qualquer barulho vindo de fora do meu quarto.

Meus pais não estavam muito bem ultimamente, eu achei que ao descobrirem sobre minha doença, íamos pelos menos voltar ao normal, como antes, mas aconteceu exatamente o contrário, piorou. Não éramos uma família perfeita, nunca fomos, mas pelo menos eles não me faziam sentir vontade de nunca mais voltar pra casa.

Algo interferiu a música, pausei a mesma e olhei para porta. Era alguém batendo. Eu poderia facilmente ignorar e continuar vendo aquelas fotos sem graça e ouvindo música, mas não fiz isso, apenas fui abrir a porta.

Meu pai se espantou por eu estar apenas de cueca.

—  Por que está assim? Já era para estar arrumado. Vem tomar café. Esqueceu que tem compromisso hoje?

— Não, pai, eu não esqueci que tenho quimioterapia hoje. — falei, revirando os olhos.

— Acho essa palavra muito pesada.

— O que é mais pesado do que estar com câncer em plena adolescência, quando eu devia estar me aventurando por aí, bebendo e usando drogas? — falei, meu pai sorriu.

— Não exagera. — ele disse. — Só se arruma e vem tomar café.

— Eu já vou. — forcei um sorriso e vi ele sumir de vista.

Uma notificação caiu no meu celular. Meu coração disparou e eu já imaginava quem seria, ou esperava que fosse aquele alguém.

Fechei a porta e corri pra cama, desbloqueei o celular e então estava lá, a mensagem dele.

Bom dia, flor do dia.

Abri um sorriso quando meu celular tocou e sua foto apareceu na tela, onde ele estava com um cachorro e de uniforme, deitados na grama. Não é possível um homem ser tão lindo daquele jeito.

— Bom dia, fofinho. — Rodrigo disse, dando uma risada gostosa.

— Bom dia, flor. — falei, rindo também.

— Dormiu bem?

— Eu adoraria dizer que sim, mas eu estaria mentindo. — falei. — E você?

— Levei meu pai para o hospital ontem a noite, falta de ar. — ele disse, com a voz um pouco baixa.

— Sinto muito. Como ele tá agora?

O Cara Que Me Dominou ( Romance Gay ) | CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora