01| Nada mais que um tiroteio

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Acordo; ainda deitado na cama e envolto por um endredon macio e aconchegante, vejo as horas no meu celular que se mantinha na mesa de cabeceira. Urgh! Hoje é segunda! Pensei antes de me levantar e partir para dentro do banheiro. Deixei que água morna caísse sobre o meu corpo nú e senti um alívio gostoso percorrer cada parte do mesmo.

Meu nome é Jason, Jason Navarro, sou filho de um grande advogado, Mario Navarro, meu pai é um dos melhores advogados do Rio de Janeiro, por isso somos ricos, ou chegamos perto disso. Eu não me acho um garoto atraente, pelo contrário, acho que ninguém se interessaria por mim, um típico garoto riquinho e mimado de dezessete anos, meus cabelos são pretos, olhos castanhos, minha pela é morena.

Ao sair, ouço uma notificação, na minha mente eu já sei quem é, ou pelo menos acho. Me dirijo rumo ao mesmo e o desbloqueio, e uma mensagem de voz do meu melhor amigo, Hugo, aparece na tela, fico assustado pelo tamanho.

"VIADO, CADÊ TU? NÓS VAMO FAZER UM TRABALHO HOJE, ESQUECEU? O VIADO DO PROF DISSE QUE É PRA ENTREGAR AMANHÃ, POR CAUSA DAS PROVAS, VEM LOGO BIXA! AH, E NÃO ESQUECE DE TRAZER O COISO LÁ"

Puta merda! Pensei, e pulei da cama, me dirigindo rumo ao guarda roupa, pego um tênis branco da Nike e uma camisa cinza da polo, que combina com a calça jeans preta, me visto rapidamente, descendo logo em seguida para sala, onde meu pai estava sentado no sofá

- Pai, me leva pra escola - falei enquanto descia as escadas, ele me olha.

- Bom dia pra você também, Jason- ironiza ele, mas estou atrasado demais para ligar pra isso

- É sério pai, o trabalho foi posto pra mais cedo, eu estou super atrasado - digo pegando minha mochila, que desde ontem a noite estava na mesa da cozinha

- Tá legal, vamos logo disse ele por fim, se rendendo ao meu pedido, mas antes de passarmos pela porta, ele parou - Mas, saiba que sou contra esse trabalho, não sei qual afinidade de ir até aquele morro. Lá é perigoso, vai que de repente tenha um tiroteio?

Revirei os olhos, já é a décima vez que ele vem com essas desculpas. O que tinha de tão mal para eu não ir lá? Fora a criminalidade, eu não via nenhum motivo.

- Caso tenha, eu sei me proteger. - ele ainda estava parado - Pai, isso é sério? Eu já te expliquei - digo - Vai me deixar lá ou não? Porque senão eu vou pegar um Uber ou coisa assim.

- Vamos - dito isso, saímos, o Hugo deve estar muito bravo comigo, ele odeia quando atraso

***

O caminho até o morro não foi um dos piores, meu pai é tão extrovertido que ele não deixa o tédio reinar, eu acho isso até um certo incômodo. Em alguns minutos, já estávamos na entrada no morro, olho em volta e vejo o Hugo, mexendo em seu celular encostado em um carro e tinha uma bolsa em cima do carro, ele é mesmo louco de está mexendo no celular aqui.

Ao sair do carro, eu já estava preparado pra aguentar os sermões dele.


- Onde você estava, Jason? Estou te esperando à uma hora, você só podia está dando esse seu rabo, porque sinceramente, quem diabos se atrasa desse jeito? - surtou Hugo, se afastando do carro e guardando o seu iPhone no bolso, e eu seria um louco de rir dos seus chiliques, senão ele era capaz de tacar aquela mochila na minha cara

- Bom dia, Hugo! - digo, com um sorriso sínico

- Eae, Hugo, de boa? - pergunta meu pai

- Oi, Daddy, tudo pom? - Ele pergunta, tirando um sorriso do meu pai, o que tá acontecendo?

- Vamos, Hugo? Você não estava apressado? - pergunto, já querendo acabar aquela conversa, Hugo já fora apaixonado pelo meu pai, e não quero que isso aconteça novamente. Talvez não aconteça, mas eu não queria pensar naquilo.

Puxo-o pelo braço e então dou um "tchau" para meu pai, que respondeu com um aceno com a cabeça, Hugo o olhou por alguns segundos e então subimos, uma grande ladeira nos esperava, para por fim, chegarmos ao grande morro.

O nosso trabalho é sobre a vida nas favelas do Rio de Janeiro, não sei porque o Hugo foi escolher logo o morro do alemão, esse morro tão perigoso, não quero dá de cara com um dos bandidos daqui, com essas minhas roupas eu chamo a atenção de todo mundo, sem se gabar é claro.

Depois de longos e demorados minutos, já estávamos lá em cima, onde estava bastante movimentado, o sol já estava posto em seu devido lugar, não estava tão quente, como também não estava frio. Os barulhos das motos e dos carros era o que mais escutavamos, além das várias pessoas falando, e alguns cachorros.

- Tinha que ser aqui? Tantos lugares? - pergunto já suando, enquanto soprava por dentro da minha camisa, de tanto calor que estava fazendo, não sei porque, mas eu estava com muito calor, não era normal.

- Ô, princesinha da Disney, na hora de dá esse seu rabo, você não reclama - disse ele, após sentarmos em um banco, debaixo de um mercadinho, ele abre sua mochila e tira de lá seu caderno, e também uma caneta azul - Agora pega o seu caderno, vamos começar logo essa merda.

Abri minha mochila, e tirei de lá meu lápis com borracha e uma caneta e meu caderno, ponho o título do trabalho e então entramos no mercadinho, onde iamos perguntar como o dono do mercado vivia alí.

...

Horas depois, já estávamos na última casa, na última moradora daquela rua, não tinha necessidade de falar com todos os moradores daquele imenso morro, e se bem que ia pegar o dia todo, ou talvez mais. Após falarmos com todos, fomos lanchar em uma lanchonete perto de um casarão, ou polsada, pedimos dois hambúrgueres e dois milkshaks de morango. Logo depois de terminar de lanchar, o Hugo ligou para meu pai, ele ia nos pegar na entrada, já que Hugo não queria ir pra sua casa.

- Aff! Nunca caminhei tanto na minha vida, tomara que isso sirva pra ganharmos nota máxima - digo, Hugo revira os olhos e joga um monte de folha secas em mim, como eu estava suado, elas grudaram em mim - Ah, seu... - estava prestes a correr e bater em sua cara, mas tiros foram ouvidos, parei e meu coração pulsou, os tiros estavam mais perto, Hugo pegou em meu braço e seguimos rumo a entrada

- Vem Por aqui! - ouvi ele gritar, mas não estava o vendo, ele tinha sumido dentre as pessoas que alí se desesperaram, onde ele está? Pensei e antes que pudesse gritar por seu nome, sou puxado para um beco quase escuro, onde os tiros não eram muito altos.

Me debati, bati na pessoa que me segurava de olhos fechados, enquanto sua mão ainda estava na minha boca

Após ele tirar a sua mão o olhei, ele usava uma mascara como as dos ninjas, mas era possivel ver seu olho verde claro, comecei a berrar:

- Socorro! Socorro eu vou ser estuprad... - ele novamente colocou sua mão na minha boca, mas dessa vez eu pude ver seu rosto, pois ele tirou a mascara, revelando o rosto mais lindo que já vi

- Cala boca, caralho! Se eles nos verem, vão matar nós dois, está me ouvindo? - assenti com a cabeça, com muito medo, mas gostando da vista, eu estava encostado na parede de pedra, enquanto ele me apertava na parede, sua respiração estava muito perto de mim, nossos rostos estavam quase colodos um no outro.

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O Cara Que Me Dominou ( Romance Gay ) | CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora