09| Mário, o bipolar

6.6K 587 126
                                    

Acordo no dia seguinte com a música "Hundred Miles" - que por um momento eu quis estrangular a Yall - e um pouco dolorido, não sabia o porquê, mas minhas costas pareciam carregar dois Hugos nela, não que ele fosse gordo, mas seu peso era incomum com o seu físico, que assim como eu, era genética magra. Antes de me levantar para ir tomar banho, lembrei da conversa que tive ontem com minha mãe, será que foi uma boa eu Contar tudo para ela? E se isso só afetasse mais o relacionamento dela com o pai? Eu nem devia ter insinuado que estava apaixonad...
Meus pensamentos foram interrompidos pelo meu iphone tocando ao som de "Unhinged" do Nick Jonas, e ao ver a foto do Hugo na tela, me deu medo.

- Bom dia, Hugo - digo secamente, já preparado para o que vinha

- BOM DIAAA, VIADAA - gritou ele, o que fez afastar o celular do ouvido, era isso que eu temia

- Precisa gritar, Hugo? Meu Deus. - falei irritado, ele apenas dá uma risada maligna, ou ele tentou imitar a Malévola, ou um iena engasgada - Olha Hugo, nos vemos na escola. Tchau! - desliguei. Bufei e me direcionei ao banheiro, me olhei no espelho e como sempre, minha beleza estava intacta.

Entrei debaixo do chuveiro e senti a água quente cair sobre meu corpo...

...

- Bom dia, família! - cumprimentei, ao chegar na cozinha, onde meu estava na sua mermice de ler o jornal, e minha comendo um misto quente.

- Bom dia, Jason! como foi sua noite? - respondeu minha mãe, com seu sorriso no rosto

- Foi bem... - falei enquanto olhava para meu pai, ele sequer respondeu ao meu cumprimento. - Pai? - ele olhou pra mim, e voltou a olhar para o jornal - O que ele tem? - perguntei confuso, minha mãe apenas dá de ombro e volta a comer. Vai entender meu pai, às vezes sinto medo da sua bipolaridade.

Deixo aquele assunto de lado, e começo a comer, estava morrendo de fome, parecia que eu fiquei cem anos em cativeiro, não tantos, mas a fome era gigantesca.

Após alguns minutos, eu já havia acabado, limpei a boca e tomei um pouco de suco. Escovei meus dentes rapidinho e voltei para a sala com minhas mochila nas costas, meu pai já se aprontava para sair, e pelo visto minha mãe também.

- Ué. Vai pra onde, mãe?

- Ah! Vou tentar arrumar um emprego, não aguento mais ficar parada, e sem falar que tenho que ajudar nas contas da casa - ela disse, pegando sua bolsa que estava na mesinha de centro, onde continha um porta-cigarros - que sinceramente não sabia o porquê de ele está ali, ninguém de casa fumava, pelo menos não na minha presença - e controles-remotos, junto com alguns Funkos de Stranger Things

- Acho bom mesmo, se for para ficar aqui às minhas custas, deveria ter ficado em portugal - meu pai rebate, e ligeiramente minha mãe muda o semblante para triste, qual o problema dele?

- Pai!? - compreendi - Precisa disso? - falei nitidamente irritado.

Ele apenas dá de ombros e sai, deixando apenas um clima tenso na sala

- Esquece ele, mãe! - falei, pegando em sua mão - Ele é bipolar. Agora vamos! Tem um motorista esperando, a gente pode ir com ele - falo, mesmo não sabendo que rumo ela ia

- Tá. Vamos! - ela sorri, e então saímos.

ERICK

O dia no morro estava nublado, o que frequentemente vem acontecendo, eu estava na varanda da minha casa, esperando notícias das encomendas que havia pedido. Meus pensamentos foram no Jason, aquele garoto irritante e exageradamente lindo, como ele podia mexer tanto comigo?

- Senhor - ouço o Foguinho me chamar, um dos meus vários capangas - As encomendas estão aí, junto com o dinheiro. - ouvir aquilo me deixou mais relaxados, não queria problema com os caras da Penha, não que eu estivesse com medo, só queria folga de problemas.

- Certo, Foguinho. - ele ia sair, mas rapidamente o chamei - Espera! Vai no barraco da tia Olivia, e diz pra ela preparar aquele lanche que eu adoro, com mais alguns extras. Vou levar um convidado.

JASON

Com alguns minutos de viajem, chegamos na escola, ainda tinha bastante aluno do lado de fora, alguns sentados na grama - que achei muito estranho, se eles estavam tentando imitar aquelas escolas americanas, não deu muito certo - outros se pegando, e alguns lendo livros. Desci do carro e sorri ao ver minha mãe abaixar o vidro fumê.

- Boa aula, meu amor!

- Valeu, mãe! E boa sorte na sua busca por trabalho!

- Obrigado, meu bem! - me aproximei dela e a mesma me deu um beijo na testa. O motorista deu partida e vi o carro sumir de vista.

Segui rumo a entrada da escola, e logo vi o Hugo fuçando no seu iPhone, enquanto sorria de forma boba. O que tinha ali de tão bom para ele rir tanto? Me aproximei sutilmente dele e na tentativa de ver sua conversa, ele me viu e gritou assustado, pondo sua mão no coração

- Oh, meu santo Lula! Quer me matar do coração, diabo? - indagou ele com um misto de irritação e cansaço

- Ah, essa foi a vingança por me assustar logo de manhã - falei entre risos, acho que saiu aquela risada de porco. - Mas, o que tinha de tão bom nessa conversa? Seu sorriso bobo era nítido para todos aqui. - falei, segurando nas alças da mochila

- Quem disse que eu estava conversando? Existe outras coisas além de Whatsapp e facebook no celular, sabia? - ele rebate, o que não me convenceu muito.

- Tipo o que?

- Tipo você dando a bunda para o David Brasil - falou ele, e tive que rir, eu não meu imaginava dando o cu para o David Brasil

Dou um empurrão nele, que quase o fez cair, e seguimos para dentro da escola...

...

No intervalo, tudo o que ouvia era gargalhadas e vozes dos alunos ao nosso redor, tinha até uma briga perto da sala do 6° ano, odiava aquela turma, eles não passavam de diabos. Vi aquilo como uma deixa para contar as novidades para o Hugo, tendo como interferência, coisas do tipo:

"Oh, meu Deus, ele ouviu tudo?"
"Sua mãe voltou para o Brasil e você nem me disse?"
"Gente, seu pai é bipolar"

No final de todas as aulas, Hugo se recusou a ir comigo no morro, segundo ele; o mesmo tinha um compromisso super sério com pai, era um aniversário da avó dele, o que francamente não acreditei em uma só palavra, mas não ia força-lo a ir comigo.

O morro naquele dia parecia um deserto: tinha poucas pessoas na rua, e as músicas de funks horrorosos não poluía o local. Segui no mesmo caminho em que dava a casa do Erick, e, alguns segundos, estava no portão, os capangas eram os mesmo de quando eu tinha ido com o Hugo, a única diferença é que eles não fizeram perguntas, apenas abriram o portão e me deram bom dia, eu realmente fiquei assustado.

Ao chegar na porta dos fundos, onde tinha a piscina que cai no meu primeiro dia aqui, respirei fundo e toquei a campainha.

"Vamos lá, Jason! Vamos investir no amor da sua vida" pensei, e me arrependi ao ver o Erick projetado em minha frente, e estava totalmente sem camisa, mostrando seu físico maravilhoso "Esquece, Jason. Você nunca vai ter chance com ele"

Votem e comentem💕

O Cara Que Me Dominou ( Romance Gay ) | CONCLUÍDOOnde histórias criam vida. Descubra agora