Capítulo 10 - Finalmente, Tom Ellis!

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Passados quase dois meses desde que começaram a ficar juntos, Anahí e Tom ainda não haviam tido a primeira transa. Não era, nem de longe, falta de vontade dos dois, mas Tom esteve se detendo o tempo todo. Quando a viu pela primeira vez em 2018, olhou-a dos pés à cabeça. Ao pesquisar sobre ela, seu desejo só aumentou. Na verdade, não houvera um dia sequer que ele não tenha pensado em transar com ela. Não sentia algo puramente leviano, mas se tornaria impossível para qualquer um conter estes desejos no lugar dele. Contudo, Tom segurou a barra. Primeiro porque não queria que ela pensasse que a única intenção dele era levá-la para cama, e segundo porque pretendia que ambos se sentissem confortáveis um com o outro, elevando o nível de intimidade e interação; afinal de contas, senão por esse tempo em que estavam juntos, antes eram completos estranhos um para o outro.

Anahí, por outro lado, já queria ter transado com ele no segundo encontro. Ela realmente não perdia mais tanto tempo com pudores desnecessários. Só não quis já no primeiro porque ficou pensando que, talvez, ele não quisesse o segundo. Ou talvez quisesse, mas fosse enjoando dela depois, enquanto qualquer sentimento que ela nutria por ele estivesse apenas aumentando. O fato é que, apesar de serem completos estranhos antes, Anahí já não ligava para mais nada. Perdera muitos anos de sua vida em um casamento por contrato, com um homem longe de ser viril, que casara com ela para encobrir a própria homossexualidade. Ela queria redescobrir tudo, o prazer e o amor principalmente. Por algum motivo, Tom parecia ideal para lhe reapresentar as duas coisas.

Como se não bastasse a sua atual satisfação sentimental, Anahí também não podia queixar-se de seu trabalho. Estavam em meados de março, somente duas cenas restavam a serem gravadas. As principais cenas de Anahí, diga-se de passagem.

A primeira, talvez, a mais difícil de todas. Ela e Lesley protagonizariam uma insinuação de sexo. Nada muito ousado, tampouco duradouro, mas o suficiente para abalar o público e desafiar Anahí em níveis jamais afrontados antes. Para tanto, ela decidiu guardar a trama somente para si e para a equipe de "Lucifer". Sua família, seus amigos e até mesmo seu próprio tirano só teriam noção da audácia de seu novo papel quando sua participação fosse ao ar. Esperava de todo seu coração que sua mãe não surtasse. Já havia inventado uma desculpa para ela quando esta foi à Los Angeles buscar Manu e Camila, dada a permanência deles na cidade por quase dois meses. Marichelo Portilla não podia sequer desconfiar que a filha estava com um novo pretendente.

Finalmente, a última cena a ser gravada motivava sua participação na série como cantora. Cantaria, na Lux, a boate de Lúcifer, uma música com acordes bem distintos. Já ouvira algumas sugestões para arriscar sua voz mezzosoprano no rock, mas nunca levara a sério ou recebera uma proposta de fato.

Bem, esse dia havia chegado.

Em um traje de couro preto lustroso, justo o suficiente para ter sido vestido a vácuo, Anahí se tornou a personificação da sensualidade. A boca vermelha e os cabelos louros esvoaçantes compunham o feitio de uma mulher fatal.

Quando os primeiros acordes de guitarra soaram no set preparado para gravar a cena em que Anahí cantaria a música tema da série, "Being evil has a price", o coração dela errou o compasso. No entanto, foi no momento em que as luzes sobre ela se acenderam que Tom entrou em êxtase assistindo-a. Apesar do nervosismo, Anahí dublou muito bem sua base pré-gravada, a qual não errara um tom sequer e todos os drives de sua voz ecoaram perfeitos com a melodia do rock. A apresentação em si fora perfeita. Todas as danças sensuais, as expressões lúbricas, a exploração do cenário renderam à Anahí muitas palmas ao fim da gravação.

Tom, por sua vez, se sentia abatido. Sentia como se um trator houvesse passado por cima dele. De fato, ele havia sido esmagado por Anahí quando, durante a apresentação, ela sentou-se em seu colo enquanto ele interpretava o Arcanjo Miguel. Depois disso, era bem fácil imaginar o que se passava pela mente de Tom.

Uma curva no destino (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora