Capítulo 21 - Insuperável, inevitável

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Três meses se passaram. Sucedeu que, neste tempo, Anahí e Tom perderam contato apesar do término amigável que tiveram. Ora, é possível que um amor se torne amizade, mas não assim, não imediatamente. A transformação depende do tempo para ocorrer e, antes dela, talvez seja necessário esquecer.

Era agosto e Anahí seguia bem. Curtia os piores e melhores dias da maternidade acompanhando Manu crescer. Ele começara a estudar, inclusive, e isto refletia em constantes descobertas. O seu bebê tornara-se uma criança falante, alegre, inteligente. Ela não tinha mais queixas. Como dizem, os filhos preenchem qualquer vazio.

Quanto a Alfonso, não obstante o seu desejo de estar com Anahí, não pôde ausentar-se de suas obrigações. Além de muitos trabalhos, ele precisou dar maior atenção aos filhos e à Diana que postergava incansavelmente uma consulta para avaliar quais os motivos de ela sentir-se indigesta constantemente. Às vezes, mesmo comendo muito pouco, a esposa de Poncho reclamava das sensações de estofamento e indigestão, ocasionando um aumento incomum de sua barriga. Alfonso cogitara até mesmo uma nova gravidez, mas não levou a cabo tal ideia, visto que já não se deitava com a esposa há muitos meses.

No decurso destes meses, algo muito bom aconteceu. O filme protagonizado por Alfonso com a participação de Anahí como coadjuvante foi finalmente lançado. Os fãs dos dois aproveitaram ao máximo as cenas deles juntos, apesar do tempo de tela reduzido de Anahí. A película, que a princípio estrearia apenas em uma plataforma de streaming, passou a ser exibida também nos cinemas, aumentando exponencialmente o sucesso do projeto. Com tais feitos, foi decidido que o filme ganharia uma sequência de mais três longas-metragens, tornando-se uma pretensiosa quadrilogia. Inesperadamente, Anahí acabou sendo convocada pelo diretor para integrar o restante da obra:

- Você fala sério? – Perguntava Anahí ao telefone, pintando as unhas dos pés enquanto permanecia sentada em uma cadeira na sala de sua casa. Ora ou outra inspecionava se Manu continuava deitado no tapete, ponderando sobre as respostas de sua atividade escolar.

- Seríssimo. O filme se tornou um sucesso. Para um projeto independente é quase impossível de acreditar, mas aconteceu. Aposto que para continuar nesta jornada crescente, precisarei reunir o elenco brilhante. Diga-me que aceita retornar, Anahí. Sua personagem será de suma importância para a sequência. – Do outro lado da linha, o diretor tentava convencer Anahí a participar do longa, mas encontrara uma atriz um tanto quanto relutante.

- Não sei se posso... eu adoraria, mas temo que não seria adequado continuar no papel.

- Anahí, por Deus! Qual o impedimento? Desculpe-me, mas perguntarei claramente: é por causa do Poncho?

- Claro que não! – Respondeu em um sobressalto. – O que leva você a pensar que eu recusaria um trabalho pelo Poncho? – Dissimulou; a voz embargada por hesitação.

- Encare assim, então. Apenas como um trabalho. Tenho grandes planos, Anahí. Por favor, considere minha proposta. Deixem o passado para trás, você e o Alfonso.

- Prometo pensar.

- Vou precisar estabelecer um prazo, então. Começaremos as gravações tão logo for possível.

- Amanhã. Darei a resposta amanhã.

Despediram-se em um breve cumprimento e Anahí desligou, pensativa. Manu manifestou-se, correndo até a mãe com um pequeno caderno nas mãos. Alcançada pelo filho, dispensou alguma atenção a este antes de receber uma notificação do Twitter no celular. Maite havia acabado de marcá-la em algo no qual ela nem prestou atenção. A notícia abaixo, porém, prendeu-lhe os olhos. Tratava-se de uma entrevista em que Tom declarara as seguintes palavras: "alguns relacionamentos, da forma que surgem, têm prazo de validade pré-estabelecido. Anahí e eu chegamos ao nosso. Apesar de curto, nosso tempo foi memorável".

Uma curva no destino (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora