Capítulo 12 - Ele está entre nós

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Como brigadeiro quente.

Como naquelas tardes de verão, quando o sol permanece escaldante lá fora e após o almoço, você deseja comer algo doce. Então você prepara brigadeiro de panela e sequer pode esperar que ele esfrie. Queima sua língua, seus lábios, mas você quer tanto que não pode aguardar. Está tão quente lá fora; a sobremesa é doce, e, simultaneamente, cáustica.

Beijá-la, trancado naquele elevador sem ventilação, era como experimentar um brigadeiro quente. A doçura dos lábios dela permanecia tanto quanto a sensação férvida que causavam. Contudo, algo além queimava: um fio tênue de moral restara a Alfonso. Frágil, quase incapaz de resistir à entrega de Anahí sobre seus lábios, mas suficiente para desviar do rosto dela.

- O que você fez, Ani? – Alfonso permaneceu de olhos fechados, escorregando para longe dela, escondendo o próprio rosto atrás dos joelhos dobrados.

- Desculpa, eu... – Anahí suava frio. Sentiu uma gota de suor escorrer em sua espinha.

- Você não podia. Nada é como antes, nós não resolvemos as coisas assim agora. Eu estou casado, eu tenho filho... eu tenho um filho. – As palavras falharam. Poncho quase revelou a gravidez da esposa. – Nosso tempo acabou, Ani.

- Eu sei. – Anahí deu um sorriso triste. Com muito custo, impediu uma ou duas lágrimas de caírem. – Desculpa. Eu... eu não tinha a intenção. Você tem razão. Foi um erro.

- Você namora, também. – Alfonso pigarreou. – Digo, você namora o Tom Ellis.

- Eu não estou namorando.

- Mas é só do que falam. Vocês são o casal do momento.

- Nós não namoramos.

- Então ele veio atrás de outra pessoa no México.

- Estamos ficando, Alfonso. Você poderia ter perguntado imediatamente e diminuído seu ciúme.

- Eu não estou com ciúme. Eu amo a minha mulher. Amo minha família, amo o que eu construí por amor, e não por dinheiro.

Incrédula, Anahí mirou o teto de metal. Deslizou a mão sobre a região de sua traqueia, como se tentasse engolir o que ouvira.

Como ele era capaz de ser tão severo com ela?

- Olha... – Dispersando totalmente as lágrimas que tentavam cair, Anahí prosseguiu: - Você está coberto de razão, como sempre. Eu errei, deixei-me levar por uma reminiscência de quando éramos jovens, de quando eu, burra, achei que havia conhecido o amor com você. E você pode continuar esbravejando como um louco e desacreditando de tudo o que digo, mas eu gostei do Velasco por um tempo. Se você não sabe um terço do inferno que eu vivi, então cala a boca. Não é tudo a ferro e fogo, não é como seus conhecimentos políticos lhe dizem. Perdão, Ponchito, eu quase abusei de você! – A voz de Anahí sibilou em uma ironia clara. – Agora volte para sua casa, para o seu filho, para a sua esposa. Eu posso ter parecido uma tonta aqui, mas você sabe, você viu e está se roendo de curiosidade, pois foi atingido por isso. Eu tenho alguém. Eu realmente tenho alguém, Poncho. Estou apaixonada por ele.

Alfonso coçou a têmpora e dissuadiu o olhar dela. Ora, Ani não precisava falar. Ele tinha completa certeza do que ela sentia por Tom. Aquele beijo não o fez duvidar disso.

Após anos de convivência, era fácil perceber a Anahí apaixonada, vibrante. Sempre saberia identificá-la assim, afinal, há um tempo atrás, ele fora a causa e a consequência do resplendor apaixonado que ela ostentava.

Uma curva no destino (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora