- O que você está fazendo aqui? – Anahí sussurrou, fechando a porta do camarim depressa. – Alguém viu você entrar?
- Claro que não. Sou cuidadoso. – Poncho depositou um selinho apressado nos lábios dela. – Já estou livre. Podemos ir para casa.
- Você chama o bar em que estamos hospedados de casa?
- Ora, por que não? Temos cama, banheiro, comida, bebida e amor.
- Awn! Amor! Temos amor! – Fez uma careta dengosa e afinou a voz como a de um bebê, abraçando Alfonso pelo pescoço.
- Estou triste.
- Por que, gatito bebé? – Desfez o abraço para olhar o rosto dele. – Por que você está triste?
- Já é sábado. Amanhã de manhã vamos voltar para o México.
- Você, no caso. Eu volto hoje à tarde.
- E eu deveria me animar com isso?
- Sei que você quer se livrar de mim... – Quase continuou a brincar, porém o celular de Alfonso começou a vibrar no bolso dele. Irônica, completou: - E vai mesmo se livrar.
- Um instante, por favor. – Pediu, constrangido por ter que atender Diana na frente de Anahí.
- Fique à vontade. – Sorriu cinicamente e afastou-se, sentando na cadeira em frente à penteadeira.
- Oi, Di. – Atendeu, pigarreando em seguida.
- Oi, Poncho. Tudo bem por aí? – Diana quase espremia o aparelho contra a orelha na tentativa de ouvir qualquer ruído que denunciasse onde e com quem o marido estava.
- Tudo. E você? E os meninos?
- Nossos filhos estão ótimos. Eu também estou melhor. Ontem e hoje não senti nada. Realmente deveria ser algo relacionado à alimentação.
- Mas insisto que você vá ao médico, por precaução. – O tom de voz não oscilou nem por um instante. Continuou seco, frio.
- Eu vou. Liguei justamente para isso. A consulta está marcada para segunda de manhã. Você estará aqui, não é?
- Sim. Volto amanhã.
- Pensei que viria hoje...
- Amanhã. – Interrompeu-a, tentando livrar-se daquele diálogo na frente de Anahí o mais rápido possível.
- Você não pode falar agora? Não está sozinho?
- Estou no trabalho, Diana.
- Claro. Desculpe-me. Esperarei você, então.
- Ok. Cuide-se e mande um beijo aos meninos.
Alfonso desligou a chamada e custou a virar-se para Anahí. Esta, por sua vez, encarava-o através do espelho, impassível. Ela mesma iniciou um diálogo.
- Ela marcou a consulta?
- Sim. Para segunda-feira. Mas também acabou de dizer que já está melhor. Deve ter sido uma crise de gastrite. Boa alimentação e um remédio resolvem.
- Você fala como se quisesse se livrar dela. É muito frio.
- Como eu tenho que agir, então? Carinhoso? Estou tentando preservar você. – Olhou para ela, finalmente.
- Não consigo ignorar o quanto isso vai fazê-la sofrer. E também aos seus filhos.
- Ani, sério, não vamos para esse ponto. Casamentos acabam, casais se divorciam. É normal.
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Uma curva no destino (FINALIZADA)
FanfictionCoincidências não existem. Elas são os desígnios do destino sendo cumpridos. O inexorável destino cujo caminho pode ser reto, mas como em toda estrada, as possibilidades de atalho se apresentam. São as curvas que quase sempre se manifestam como esco...