- Preciso alertá-la de que amanhã acaba seu prazo. Dez dias para você se decidir, Any. Já se passaram dez dias.
- Decidir o quê? De que forma eu perderei o Manu?
- Faça o que estou pedindo e você recupera o seu filho. – Afirmou Camila, simples.
- Não se faça de boba. Você sabe que ele pode me incluir em qualquer processo que ele sofrer.
- Você fez alguma coisa errada?
- Além de aceitar a farsa do casamento?
- Você participou dos crimes de corrupção, Anahí?
- É claro que não!
- Então não há o que temer. Livre-se de mim, do Velasco, recupere o Manu. Você só precisa fazer uma revelação pública e fazer o Velasco acreditar que você pode provar os crimes dele. Deixe que eu cuido do resto. Se você não fizer nada, sabe que ficará sem seu filho.
Não tinha nada. Nada chega a ser redundante demais: a verdade é que Anahí não possuía uma perspectiva sequer de retomar o filho para si. Velasco era intocável e Camila, um enigma. Certamente não estava a favor de ninguém, afinal almejava destruir a imagem do político ainda que arrastasse quem quer que seja com ele. Agora, Anahí sabia que o tempo todo Camila jogava dos dois lados, envenenando a já deturpada mente de Velasco contra ela e colocando-a no cerne de um plano do qual não tinha conhecimento.
Anahí preparava-se para subir as escadas quando ouviu a campainha tocar. Acabara de receber a mãe e a irmã e já não esperava mais visitas, contudo, foi surpreendida por um Alfonso abatido em sua porta.
- Eu... nem peguei o celular para avisar. – Informou Alfonso mesmo antes de cumprimentá-la.
- Não esperava vê-lo tão cedo. Entre.
Somente depois que Alfonso atravessou a porta, Anahí reparou em si mesma. Estava de pijamas, como em todos os dias. Não tinha ânimo para vestir outros trajes.
- Ah, eu vou trocar de roupa e já volto. Só um instante.
- Não precisa, Ani. Por Deus.
Com um sorriso desajeitado, Anahí apontou o sofá para Alfonso. Ambos sentaram-se lado a lado e iniciaram uma conversa:
- Eu sei que sumi e você deve me odiar, mas...
- Não odeio você. Entendo o que está passando. – Anahí o interrompeu apenas para confortá-lo. – Achei melhor não ligar também. Temi que Diana visse e se chateasse.
- Ela está sob efeito de tantos remédios que nem consegue se preocupar com isso.
- Vocês já têm um diagnóstico definitivo?
- Aqui. – Levantou um envelope. – Acabei de voltar do laboratório. É o resultado da biópsia. Eu nem tenho coragem de ler.
- Então não leia. Entregue ao médico e deixe que ele fale. Ele certamente entenderá melhor que você.
- Estou com medo, com muito medo. – Apoiando a cabeça sobre a mão, Alfonso passou a tremer a perna nervosamente.
- Calma, Poncho. – Anahí franziu as sobrancelhas em uma expressão melancólica. Pousando uma das mãos sobre o ombro de Alfonso, prosseguiu. – Você precisa acreditar que vai dar certo, que a Diana ficará bem e que seus filhos terão vocês dois sempre presentes. Você tem que ser forte por eles. Transmita essa força à Diana. Eu sei que você é capaz.
- Não consigo deixar de me sentir culpado. Isso é o que está me matando mais ainda! E eu não deveria vir aqui despejar isso em você, eu sei, eu sei...
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Uma curva no destino (FINALIZADA)
Hayran KurguCoincidências não existem. Elas são os desígnios do destino sendo cumpridos. O inexorável destino cujo caminho pode ser reto, mas como em toda estrada, as possibilidades de atalho se apresentam. São as curvas que quase sempre se manifestam como esco...