Onze meses se passaram. Onze longos meses se passaram.
À esta altura, é claro, todos estavam bem. Anahí, por exemplo, agora que não tinha de prestar contas com ninguém, estava exultante. Tinha consigo o filho cheio de saúde, a família ia bem e os amigos estavam mais próximos do que nunca.
Ora, havia tudo isso em sua vida, mas ela não estava completa. Faltava-lhe dois pedaços, e, por ser dois, não podia ter nenhum.
O tempo tornou-se tão curto para todos os problemas que sequer teve tempo para pensar a respeito do que sentia, simultaneamente, por Alfonso e Tom. Instintivamente, jamais de propósito, passou a precisar dos dois ao seu lado para sentir-se completa. Contudo, depois do que Camila dissera antes de partir, Anahí não pôde mais seguir tendo uma parte dos dois e entregando uma pequena porção de si para cada um deles. Alfonso estava disposto a mudar sua vida por ela e Tom, certa vez, deixou claro: chegara em um ponto de sua vida que não desejava mais festas, bebidas, um acervo de mulheres. Se ele, porventura, voltou para tudo isso, estava claro que era pela falta que Anahí fazia. Ele nunca disse isso, mas era possível notar a mudança. A segurança, a intrepidez, a superioridade, o fato de há tempos não ter estado com nenhuma outra mulher antes de Anahí, tudo isso havia sumido. Tornou-se outro e as constantes provocações com Alfonso provavam isso.
Precisava apenas tomar uma decisão e, em vez disso, afastou os dois.
Quando Tom retornou para Los Angeles, Anahí o acompanhou até o hangar. Ele a convidou para viajar com ele, deixou claro que gostaria de reatar. Ela recusou a proposta, mas não conseguiu dispensá-lo completamente. Prometeu manter contato, embora ao longo de onze meses não tenha ligado e nem atendido chamada alguma feita por ele.
Em contrapartida, Alfonso estava certo de que fora o escolhido. Afirmou que estava tudo resolvido com Diana, que ela, inclusive, havia aconselhado os dois a ficarem juntos. Prometeu cuidar da ex esposa e dos filhos, unido à Anahí e livre para viver sua história de amor. Todavia, recebeu uma negativa e um pedido de espera, pois depois da recuperação total de Diana, receberia uma ligação.
O desânimo em cumprir qualquer uma das promessas feitas levou Anahí a uma profunda apatia. Por sorte, talentosos compositores encontram no sofrimento o ensejo para boas músicas. Um novo álbum recheado de melancolia e frustrações amorosas foi lançado e mais uma vez, enquanto artista, Anahí despontou. É fato consumado, desde sempre, que acertadas obras a respeito dos infortúnios humanos são sucesso de crítica e público.
Ah o coração partido de um artista! Ele vale tão pouco diante de alguns milhões de dólares...
- Maria, você veio! Estou esperando você desde cedo, amiga. – Anahí espremeu a visita em um abraço.
- Nossa, como você está carente, hein? Eu estive aqui ontem, pelo amor de Deus!
- Para mim já faz muito tempo. – Disse a anfitriã com um biquinho manhoso. – Você sabe que tenho estado muito sozinha.
- Sozinha? O Chris e a Mai estavam ontem aqui, além de que lá no seu quintal sua família está toda reunida.
- Tia Maria, tia Maria! Você veio para jogar no Playstation comigo? – Manu irrompeu a sala como um furacão e jogou-se sobre Maria, abraçando-a pelas pernas.
- Parece que de ontem para hoje ele cresceu ainda mais, é possível? – Maria beijou o topo da cabeça do menino. – Vim para jogar, conversar, comer muito... Ah, e tomar banho de piscina também!
- Por favor, tia! E converse muito com a mamãe mesmo. Acredita que hoje, no café da manhã, do nada ela começou a chorar?
- Eu não estava chorando...
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Uma curva no destino (FINALIZADA)
FanficCoincidências não existem. Elas são os desígnios do destino sendo cumpridos. O inexorável destino cujo caminho pode ser reto, mas como em toda estrada, as possibilidades de atalho se apresentam. São as curvas que quase sempre se manifestam como esco...