Capítulo 2 - Um certo diabo

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Anahí não lembrava com clareza qual a última vez que dormira em sua casa. Ela estava em turnê há três meses e as viagens eram muitas. Toda atenção era pouca, visto que um DVD da "dare you World Tour" estava sendo gravado.

Feliz como há anos não se sentia, estava dividida entre duas funções: ser artista e mãe de Manu, que no último mês viajara com ela para todos os lugares. Anahí estava ansiosa para mostrar o Brasil ao seu bebê, mas notara certa resistência em Tisha, que além de acompanhá-la totalmente no último mês, tecia algumas críticas ao modo com que Anahí lidava com a maternidade nesta nova fase de sua carreira.

- Mãe, realmente acho que você não precisa fazer essa viagem. Fique aqui, com a família, seus amigos. Você sabe como tudo tem sido cansativo, eu não quero vê-la esgotada. A babá do Manu é maravilhosa, está comigo desde que ele era muito pequeno. Bem, ele ainda é pequeno, mas você entendeu. Além do mais, você sabe que sou louca pelo meu bebê e estou sempre com ele.

- Está, Anahí? Está mesmo? Você quase não dormiu em casa nos últimos dois meses antes de levá-lo consigo; o Manu estava enlouquecendo. Você não devia ter retomado a carreira agora. Não com um bebê tão pequeno e não depois de ter encerrado tão recentemente o seu casamento.

- Você sabe que existem muitas artistas que lidam perfeitamente bem com a maternidade e suas carreiras. E você fala como se eu tivesse ficado direto fora de casa. Eu não passei mais de dois dias sem pelo menos vir ver o meu filho.

- Você não é qualquer artista...

- Mas sou artista! Esse é meu ofício.

- Você abandonou esse ofício durante longos anos. – Tisha suspirou rápido antes de prosseguir. – Esse contrato não livrou você só porque acabou. Você não pode fazer qualquer coisa. Manu está no centro disso tudo e você sabe.

- Meu filho não está no centro de nada. Meu filho, mãe. Você sabe o que quero dizer. Não vamos entrar nesses méritos. Se esse contrato amarrou a mim, você bem sabe, amarrou a toda nossa família também. Mas o meu filho não. Pelo menos, não do jeito que você está insinuando, por isso ele vai comigo. Vá para sua casa, mãe. Sei o que estou fazendo. Em pouco tempo, tenho um voo para o Brasil e ainda preciso arrumar as coisas do Manu.

Tisha pensou em abrir a boca para argumentar, ou mesmo advertir Anahí do quanto havia sido impolida com a própria mãe. Mas não o fez. Virou-se em direção à porta, claramente decepcionada, e saiu.

Anahí não se sentia bem tratando a mãe assim. Por Deus, que filho o faria? Contudo, tornara-se insustentável aquela situação. Tisha era avó de Manu; Anahí, mãe. E uma ótima mãe. Não existia sacrifício neste mundo que ela não seria capaz de realizar por seu filho. Jamais o negligenciaria ou aceitaria que alguém o tirasse dela.

Depois de conferir sua própria mala e a bagagem de Manu, Anahí notou que esta estava mais pesada. Quando abriu, não se surpreendeu ao perceber que mesmo tão pequeno, seu filho era muito inteligente e extremamente impositivo quanto às suas vontades. Simplesmente em cima das roupas, vários brinquedos ocupavam bastante espaço.

- ¡Mamá!

- ¡Hola, mi bebé! – Anahí respondeu, o tomando nos braços assim que ele agarrou suas pernas. – Você encheu de brinquedos a mala, não é, danadinho? Não é você que carrega!

- Any, já estou pronta e acho que se demorarmos mais, com certeza atrasaremos. – Camila, a fiel babá de Manu desde praticamente seu nascimento, surgira na porta do quarto, carregando uma bagagem na mão.

- Ai, você tem razão. Vamos, vou pedir para o motorista nos ajudar a descer.

O aeroporto não era necessariamente perto de sua casa. Depois de divorciada, Anahí optou por um lar confortável, com piscina e bastante harmonioso. Mas não era uma mansão exuberante e tampouco era próximo do centro da Cidade do México. Estas eram algumas das restrições impostas após o encerramento do contrato.

Uma curva no destino (FINALIZADA)Onde histórias criam vida. Descubra agora