Uma curva no destino (FINALIZADA)

Capítulo 30 - Apoteose trágica

Quando decidiram mudar o caminho que tomariam, Anahí e Tom já estavam muito mais perto da casa dela do que do hospital Medica Sur. Demorou cerca de uma hora até que chegassem ao novo destino, e, neste ínterim, o celular de Anahí descarregou. Antes que desligasse, ela tomou o cuidado de salvar o número de Alfonso nos contatos de Tom, passando a contatá-lo através do celular do outro.

Tom sabia que o momento requeria bastante seriedade, mas ele não pôde perder a oportunidade de provocar Alfonso. Antes de entregar o próprio celular para Anahí, fez questão de trocar a foto do perfil do Whatsapp por uma em que ele e Anahí estavam juntos, mas o rosto dela aparecia bem pouco. Somente alguém que a conhecesse bem saberia que era ela na foto. Ele torceu para que Alfonso se sentisse desconfortável e Anahí, contudo, sequer percebesse.

Anahí: - "Poncho, sou eu, Anahí. Meu celular descarregou. Esse número é do Tom, continue informando-me por aqui".

Poncho: - "Tá, claro, sem problemas. Eu perdi a Camila de vista, mas descobri que aqui dentro tem um hotel do Holiday Inn. Ela deve ter me deixado com a localização do quarto em que eles foram. Você me explicou, mas eu entendi muito pouco dessa história toda".

Anahí: - "Ah, claro! Tem realmente um hotel aí dentro. Quando tivermos tempo, eu vou explicar com mais detalhes e você vai entender. Por enquanto, por favor, tente achar o quarto em que eles estão e fique na porta até chegarmos. Estamos perto".

Assim que Anahí guardou o celular, Tom pediu sua atenção:

- Oi, desculpe incomodar, sabe... eu não moro aqui. Se você não continuar me guiando, nós vamos nos perder.

- Dobra para cá. – Gesticulou para o lado direito. – Eles estão logo ali à frente, naquele complexo.

- Esses prédios aqui também não são parte do hospital?

- Praticamente todo esse bairro pertence ao Medica Sur. Não é só em Los Angeles que vocês têm um super hospital. – Provocou Anahí enquanto retirava o cinto de segurança. – Pronto, pode estacionar em qualquer uma dessas vagas. Vamos encontrá-los no hotel.

Tentaram manter-se calmos ao adentrar a recepção do hotel para que ninguém percebesse que além de não serem hóspedes, pretendiam espionar um dos quartos. Entraram em um elevador cheio de gente que não os reconheceu e tampouco desceram no mesmo andar que eles.

Ao parar no terceiro andar, Anahí encontrou Alfonso perto dos elevadores, um pouco distante do quarto informado por Camila no papel.

Por sua vez, Alfonso surpreendeu-se com a distância entre Tom e Anahí. Ela andava à frente, tensa, apressada, enquanto ele mantinha-se alerta atrás, como um guarda-costas à espera de ordens.

- Por que você está aqui? Supõe-se que o quarto seja o 306, não? – Inqueriu Anahí a Alfonso.

- Eu não posso ficar lá o tempo todo. Toda vez que alguém passar vai me achar maluco.

- Ele tem razão. – Interferiu Tom. – Por isso, vamos colocar isso. – Mostrou o grampo que acabara de remover de sua gravata.

- Para que serve isso? – Desconfiado, Alfonso indagou.

- Eu comprei com o detetive que contratei. É uma escuta com gravador. Eu sempre compro porcarias sem grande utilidade, mas parece que uma escuta caiu bem agora, não? – Entregou à Anahí um minúsculo fone de ouvido. – O plano é o seguinte: vamos nos separar. Ninguém quer que sejamos encontrados juntos aqui, não é? Seria no mínimo estranho. Vou colocar a escuta por debaixo da porta, e, em seguida, ficarei escondido. Você tenta ficar mais perto da porta, mas de forma que não seja vista. Naquela cadeira próxima à janela e ao vaso de planta está bom. – Indicou o local para Anahí. – Já você, bem... acho melhor que dê cobertura a ela, mas não precisa ficar junto, sabe? Talvez ali, dobrando o corredor. É, ali está bom. – Para Alfonso, Tom deu um falso sorriso. – Esperem aqui, na porta do elevador, enquanto preparo a escuta e a coloco lá dentro. Por favor, não mexam um membro fora dessa área.