Uma curva no destino (FINALIZADA)

Capítulo 20 - Tempo de transformação

Adentrou o hospital com tanta pressa que acabou esbarrando em algumas pessoas. Entre estas, um número reduzido lhe reconheceu, mas, no máximo, viraram o pescoço em direção a ela, estranhando sua presença naquele ambiente.

            Todos na recepção do Cedars-Sinai Medical Center aguardavam algo, como de praxe. Alguns receberiam ótimas notícias, recolheriam seus entes queridos para casa e iriam embora melhores do que chegaram. Outros, como Anahí, entraram ali sem saber o que esperar. Ela percorrera cerca de 2,5 mil quilômetros de distância em um jato executivo que alugara apenas para diminuir o tempo de viagem da Cidade do México até Los Angeles. Ainda precisou arriscar ir ao mais famoso hospital da cidade sem ter certeza que encontraria Tom lá. Fizera tudo isso em questão de horas. A partir do instante em que percebeu que algo ocorrera com Tom, Anahí não mediu esforços para chegar até ele.

            Antes que chegasse ao balcão para pedir informações, a notícia do acidente de carro de Tom Ellis estava sendo transmitida na televisão. Anahí estancou no meio do caminho ouvindo atentamente a reportagem. Obteve a confirmação, então, de que o ator estava sendo atendido no Cedars-Sinai Medical Center e ela pôde, enfim, sentir-se minimamente aliviada. Deu mais alguns passos e perguntou à recepcionista:

- Boa noite. Eu me chamo Anahí Puente, sou namorada do Tom Ellis. Onde eu consigo informações sobre o estado dele?

- Namorada? – Com uma ênfase irônica, Lauren se aproximou de Anahí, cessando a busca desta por Tom.

- Oh, Lauren! – Abraçou a outra em um entusiasmo repentino, alegrando-se por ver um rosto conhecido no meio de tanta inquietação. – Vim o mais rápido que consegui. Como ele está? Será que eu posso vê-lo?

- Graças a Deus não foi nada grave. Somente um corte na têmpora esquerda que já foi tratado. Segundo a ressonância, foi tudo superficial. Ele só vai passar a noite aqui por precaução, mas amanhã terá alta.

- Ai, graças a Deus! Sabe, na hora que aconteceu, ele estava comigo ao telefone. Fiquei desesperada. – Anahí liberou finas lágrimas que já pesavam há algum tempo em seus olhos. Baixou a cabeça e passou a encarar as próprias mãos emaranhadas uma na outra.

- Eu sei. Tivemos acesso ao celular. Na verdade, nada ficou muito destruído. Ele subiu no meio-fio e bateu em uma palmeira que por sorte, não caiu. Eu não sei se no tempo em que passaram juntos você percebeu que ele dirige muito mal, mas tem muita sorte.

- Contei com isso o tempo todo. Ele pode receber visitas?

            Lauren riu baixinho. Um riso de escárnio que causou espanto em Anahí.

- Você deixa o cara na merda, ele descobre que em menos de dez dias você já voltou com seu amorzinho de adolescência e, como se não bastasse, você liga para ele enquanto ele dirige. Aí ele sofre um acidente e você ainda quer vê-lo? Quer o que mais? Abrir os pontos do corte dele?

- Lauren, acho que sua reação está sendo totalmente desproporcional. – Com o cenho franzido, Anahí prosseguiu. – Eu não sabia que ele estava dirigindo quando liguei. Você tem noção disso, não é?

- Claro que sim, Anahí. Só que eu, assim como a família e os amigos dele, só precisávamos disso aqui para descontar todos os males que ocorreram a ele em você. – Lauren fez um gesto com os dedos em formato de pinça para ilustrar o quão pouco faltou para que todos desgostassem de Anahí.

- Que males? Você fala como se ele estivesse definhando esse tempo todo antes do acidente.

- E estava! Por sua culpa, por sua indecisão!

- Foi ele quem terminou comigo.

- E esteve errado em fazê-lo? Você não correu para se jogar nos braços do seu ex como o Tom já esperava? Por que veio vê-lo? Deveria ter ficado com o... como é mesmo o nome dele?