O protetor desnecessário

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Abri os olhos inchados, observando o quarto silencioso. Bocejei largamente espreguiçando-me logo em seguida. Fiquei recordando da festa enquanto levantava e saía correndo em disparada à cozinha.

Como de costume, agarrava uma fruta para iniciar minha manhã, assim, uma maçã cairia bem. As cozinheiras viram eu ali e já perguntaram se desejava algo a mais em especial, disse-lhes que estava tudo bem, nem houvera despertado direito ao ponto de sentir vontade de comer coisas mais sofisticadas.

Saí pelos corredores, aquele silêncio estava começando a deixar-me desconfiado e com desejo de dormir mais. Foi nesse instante que decidi passar despercebido pela sala do trono. Aproximando-me cada vez mais perto de lá, um diálogo ía estando em grau maior, podendo-se ouvir cada detalhe da conversa com perfeição. A voz de meus pais juntamente à de um desconhecido fazia-se presente. Escondi-me atrás de uma estátua de mármore, sem tirar os olhos daquele ser usando uma armadura prateada.

- Sabemos que sua reputação caíra drasticamente após o ocorrido catastrófico no antigo palácio em que o senhor trabalhou como protetor real... - explicava minha mãe, dirigindo-se ao ouriço, que mantinha seu rosto coberto por um escudo reforçado acoplado à sua cabeça - ...porém, após pensarmos bastante, chegamos à conclusão, que de fato você seria a melhor escolha.

- Rainha Aleena, eu... - o ouriço negro foi interrompido por meu pai:

- Confiamos em você para cuidar de nosso filho, Sir Lancelot, sabemos que jamais nos decepcionaria. A personalidade dele é rebelde e irresponsável, e com sua rapidez e agilidade, será fácil corrigi-lo - curvou-se - Por favor, pagamos o quanto necessário for.

- Não, não se preocupem com pagamento, isso...eu farei o meu máximo e possível. Eu prometo, têm minha palavra - disse autoritário, fechando o punho em seu peito.

Revirei os olhos não querendo acreditar que meus pais contrataram uma babá com espada e armadura de prata para ficar cuidando cada passo meu, isso soa ridículo. E ainda por cima é alguém de nossa espécie, que será bem difícil desviar e evitar, porque se fosse um humano, poderia muito bem sair correndo e o mesmo não teria agilidades suficientes para capturar-me de volta.

- Bom dia, alteza! - saudaram altivos em respeito dois guardas de segurança que patrulhavam por ali, fazendo meu esconderijo ser descoberto automaticamente.

- Sonic - chamou meu pai em tom ríspido, só pela sua voz, sabia que a sua expressão seria bem pior.

- Pai...? - sorri forçado colocando apenas um olho para fora dali.

- Dirija-se até aqui agora, eu e sua mãe queremos te apresentar alguém bastante importante - "fudeu", pensei ao caminhar devagar até os três presentes.

Encontrava-me num aspecto lamentável, não escovara os dentes quando fora dormir pela madrugada, nem agora pela manhã, sentia os olhos inchados e pesados ainda, sinal que as olheiras seguiam visíveis, espinhos todos bagunçados, sem nenhum acessório ou vestimenta real, e inclusive, recém percebi estar usando uma meia só. Minha mãe julgou-me feroz com o olhar também, fazendo-me também lembrar da nossa tensa conversa de ontem, a qual ficara pendente com intuito de terminar hoje.

- Sonic, este é Sir Lancelot, também chamado de Shadow the hedgehog. Sir, este é nosso filho e futuro Rei Sonic the hedgehog - apresentou-nos o mais velho.

- É uma imensa honra, príncipe Sonic - curvou-se ele, apoiando um joelho sobre o chão, segurando uma de minhas mãos, retirando seu capacete para finalmente selá-la. Retirei-a devagar de si, bem sério. O mesmo pôs-se de pé outra vez, seu rosto e olhar eram irritantemente bonitos. Então, tive a brilhante ideia de criar a distração perfeita e sair correndo dali como se não existisse um amanhã.

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