Nova rotina

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Os dias foram passando e todas as manhãs eu e Shadow tínhamos o costume de treinar por uma hora. Ele aos poucos foi ficando mais exigente comigo quanto à atenção e movimentos com a espada, e isso me frustrava, mas por outro lado, aprendia coisas novas. Depois do treino, dirigíamos ao palácio e manias de etiqueta na mesa eram repassadas. Após o almoço, aulas de piano e mais teóricos de batalhas, como histórias de outros reinos antigos.

Shadow era excelente ensinando cada uma dessas coisas, e sem eu nem ao menos perceber, já fazia uma semana que não ía para a cidade. Sentia falta de Rouge, queria saber como ela estava e se possível, até assistir uma de suas apresentações esta noite. Conversei sobre isso com o ouriço negro, que prontamente acompanhar-me-ia. Fiquei contente por poder folgar um dia nos afazeres e aproveitar o pouco de liberdade que tinha antes.

- Você estava certo, o dia hoje parece mais frio – comentei, caminhando sorridente ao lado dele. Antes de sair, Shadow pediu que puséssemos uma capa mais grossa – Oh! Olha! - apontei, e ao lado de alguns sacos de arroz, sobre um baú em frente de uma casinha humilde, havia um gato sentado, aproveitando o Sol que aos poucos surgia detrás das nuvens gélidas – Tão fofo – acariciei o felino, que acordou e parecia sorrir com o agrado.

Shadow apenas não tirava seus olhos de mim um segundo sequer, de fato bem atento. Aquilo era um pouco constrangedor, mas seu trabalho. Essa semana ficamos ainda mais próximos, e sempre quando chegava perto, ou me tocava, sentia-me diferente. Na verdade, apenas com sua presença o peito aquecia. Na hora de dormir, era o único momento que ele afastava-se e caminhava até o seu quarto, também o único momento que conseguia "respirar".

Parei de pensar nisso quando chegamos no bar que Rouge trabalhava, dessa vez ela não estava lá, disseram-nos que havia saído com um cara para outro serviço, imaginei bem o que seria. Mas podíamos vê-la de certeza no show pelas nove horas.

- Voltamos? - perguntou Shadow e eu assenti.

Já no castelo, entrei no meu quarto e atirei-me sobre a cama, espreguiçando-me. Shadow permaneceu parado na porta, parecia pensar em algo.

- O que foi? - quis saber, pelo seu jeito. Lancelot então convidou:

- Sabe andar a cavalo?

- Não.

- Quer?

- Jura?! Sim! - levantei de um salto e fomos caminhando para fora novamente, onde seria o estábulo.

- Esse aqui é o Garanhão, meu companheiro de longa vida e bastante veloz – apresentou-nos e meu olhar brilhou.

- Você nunca me disse que tinha um cavalo! Ele é lindo! - uma pelagem tão escura quanto a dele.

- Só cuidado que ele não é manso com estranhos. Talvez seria melhor conseguir um mais baixo para começar também.

- Não, eu quero andar nele – insisti, era incrível.

- Acho que não é uma boa ideia, Sonic – virei-me para encará-lo com seriedade.

- Eu não vou montar em nenhum que não seja o seu – o silêncio pairou e eu senti as bochechas queimando, aquilo havia soado bem diferenciado.

- Kaham...como preferir, mas não me diga depois que não avisei – ele abriu a porteira e foi colocando todo o equipamento sobre o animal, estava ansioso – Aqui vamos! - ele montou e foi trotando até a saída, obviamente, os segui – Vou te fazer uma demonstração primeiro, note bem minha postura junto a cada movimento do cavalo – assenti.

Aquele ouriço armado sobre seu cavalo, cavalgando na grama baixa, meio a brisa fria, transmitia uma energia de força e bravura, como se juntos houvessem já passado por todo tipo de conflitos, era lindo. Foram apressando o passo e saltaram por alguns arbustos.

- Woah! - bati palmas enquanto voltavam ao meu encontro.

- Obrigado, obrigado. Bom trabalho, garotão – deu dois tapinhas no lustroso quadrúpede e depois desceu – Primeiro passo seria ganhar a confiança, então... - Shadow segurou minha mão e conduziu-a até a testa do Garanhão – Amigo, esse aqui é o Sonic, futuro rei, seja bom com ele – o animal encarava-me – Diga alguma coisa – sugeriu Shadow.

- E- eu adoraria aprender a andar a cavalo, e você é o cavalo do Shadow, e Shadow e eu somos bons amigos também... você gosta de maçãs? - ao pronunciar o nome de tal fruta, Garanhão pareceu ficar entusiasmado, me empurrando e farejando à procura de uma. Shadow riu e eu estava um pouco assustado sem saber o que fazer.

- Você não deveria ter dito isso, melhor trazer o que prometeu, ou eu trago e você dá a maçã a ele.

Foi uma situação adorável a que veio a seguir. Eu entreguei a maçã para o belo animal, que deixou abraçá-lo logo em seguida.

- Isso foi tão rápido que chegou a ser mágico – comentou Lancelot.

Eu estava feliz. A tarde se passou voando e consegui trotar um pouco com Garanhão. Sentamos os três debaixo de justamente uma macieira, e acabamos com as poucas que tinham.

Estava anoitecendo e nos despedimos de Garanhão no estábulo, voltando até o palácio. Ao adentrá-lo, os guardas foram saldando-nos como de costume e de repente meus pais vieram até nosso encontro dar um comunicado um tanto inesperado.

 Ao adentrá-lo, os guardas foram saldando-nos como de costume e de repente meus pais vieram até nosso encontro dar um comunicado um tanto inesperado

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