Capacitação intensiva

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 – Vejamos, o que é isso? Nem desconfio o que possa ser – dizia ironicamente e Lancelot meneava a cabeça, bisonho – Uau, que surpresa! Mais flores, lindas e originais – expirava seu perfume, metade dos regalos eram compostos por elas.

De emenda complacente, o bravo escudeiro via-se sentado à cadeira auxiliar da mesa de arrebiques, com uma perna cruzada, folheando o grandioso livro das "verdadeiras" histórias de reinos passados, considerado uma relíquia perdida, que se manteve intacta tão somente em nossa região. O aperreado e abstraído olhar escarlate cruzava por entremeio das centenas de linhas que compunham uma página, determinado à ideia de tentativa para descobrir o verdadeiro autor responsável a espalhar tamanhas barbáries distorcidas da realidade transcorrida.

– Sinto muito não ser de grande ajuda para você – recuo ambas orelhas, desviando meu olhar do vislumbre que era ele. Me referia pelo fato de não ter a mínima ideia de como arrancar pistas ou respostas referentes àquele sublevado tempo.

– Ouve o que está dizendo? – larga o livro sobre a mesa e vem sério ao meu encontro.

Ele se abaixa, sentando-se ao meu lado, no macio tapete, enquanto éramos cercados pela imensidão de presentes, os quais prestigiava, um por um. Uma hora de treino intensivo havia decorrido, tomáramos um banho e agora só queria relaxar e sorrir lendo as centenas de cartões acolhedores, mas isso não era o bastante para retirar o apreensível peso dos meus ombros.

– E também... – seguro mais um cartão – ...me pergunto se essas pessoas não se arrependeriam de afirmar tantos elogios, mesmo depois de saberem o que sentimos um pelo outro.

– O que aconteceu com aquele rebelde, irresponsável e desrespeitoso ouriço que conheci? – esbocei um pequeno sorriso, mas não contestei, então Lancelot concluiu, deixando-me levemente surpreso – Está falando como um verdadeiro rei deve ser.

Volto a encará-lo, escorado na base dos estrados, com somente um braço acomodado contra uma extremidade da aveludada colcha. Nunca me canso de seu prestimoso rosto, essa face é idêntica à do meu verdadeiro amor.

– Preocupado com o que o povo pensaria, sabendo que sem ele a realeza deixaria de ser uma classe superior. Graças ao apoio que temos, nos tornamos mais fortes para seguir adiante e em troca os recompensamos, lutando pela segurança de uma nação – ele eleva uma mão, envolvendo-me uma bochecha – Mas quanto a mim, estou aqui para proteger somente você.

Capturado pelas suas lídimas argumentações e afetuosa demonstração, me acomodo para mais perto dele, recolhendo as pernas e apoiando as palmas no brando tapete, então cerro o olhar e começo a acariciar meus lábios nos seus. De prontidão sou correspondido, aproveitando o adocicado sabor na sua boca, acompanhando a cálida língua que guiava a minha num sutil circular.

– Ahh... não queria me importar com o que os demais julgam estar certo ou errado – exponho num sussurro quando nos separamos, contemplado.

– Eu entendo. Porém quero que saiba o quanto nosso amor é de longe um tipo de equívoco, é um sentimento que fizemos se tornar real e a cada dia mais maravilhoso – entrelaça nossos dedos das mãos, num tomar quente e acolhedor – Que não fosse necessário ocultar e infringir tantas normas para demonstrarmos esse afeto – assinto, desde um princípio pensei dessa forma, e Shadow sabe disso melhor que qualquer outro.

– Eu só quero estar com você, para todo sempre – pesei a cabeça no seu ombro confortável. Logo engolimos a agonizante sensação que tal assunto houvera-nos proporcionado, decidindo dar continuidade à abertura de novas felicitantes escrituras.

BLAZE ON

Uma nova manhã se inicia. Ao abrir os olhos, sorrio, acariciando o belo e sereno rosto de Amy. Senti pena em despertá-la, não havíamos programado nada tão importante para hoje. Me levanto e decido deixar que dormisse um pouco mais, até porque ontem teve um dia deveras agitado, constantemente animada com o aniversário do príncipe.

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