Preparações

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 – Estamos incríveis! Essa festa vai bombar – dizia Knuckles, confiante. Ele estava todo de preto, tirando as luvas e camisa que eram brancas, com laço vermelho no pescoço. Mas apesar de sua exuberância, só admirava o cavaleiro de azul. E, com sorte, consegui esconder o que sentia.

Aquela mesma moça gentil voltou sua atenção a nós e efetuou as compras com sucesso, emocionada, desejando uma boa festa. Saindo da loja, dirigimo-nos até o bar que Rouge trabalha, reservando três lugares na primeira fileira de cadeiras e em seguida, voltamos ao palácio, aguardando a tão esperada noite que estaria por vir. A qual mudaria minha vida drasticamente.

Todo esse plano fora efetuado em segredo diante de toda corte real, o único cúmplice fora do nosso pequeno grupo, ajudando a encobrir essa ida de dois príncipes e um cavaleiro até o "puteiro", seria o cocheiro de Knuckles. O homem não perderia seu emprego por cometer esse ato, até porque a própria alteza do norte havia oferecido-lhe bom pagamento extra, sendo mais específico: leve suborno, com intuito de que este não revelasse quaisquer difamações aos pais do jovem vermelho. As demais pessoas presentes já permaneciam em silêncio e até digamos que, acostumadas com minha ligeira presença, porque já sabiam da afetuosidade para com a morcega.

Resolvi aproveitar o resto da tarde treinando com Shadow, enquanto Knuckles observava de longe, em meio os calmos cavalos pastando. Fui derrotado diversas vezes, podendo-se ouvir as risadas do echidna, debochando; rangia os dentes, mas não conseguia me concentrar desde a ida àquela loja e também queria ao máximo ausentar a pressão que seria estar a sós com o meu servente, então ficava até aliviado por meu amigo permanecer ali, apesar do comportamento ridicularizador.

– Se acha seu companheiro tão ruim na espada, venha e desafie-o! – gritou Lancelot. Knuckles levantou-se de lá, gabando-se:

– Fui treinado pelos melhores espadachins da minha rica região, posso muito bem ganhar com uma mão só – eu considerava-me fraco, mas seguia com honra, então revidei do seu narcisismo:

– Então cadê a sua espada... "nobre"? – Knuckles franziu a testa e Shadow cochichou para mim:

– Irritar seu oponente só pioraria as coisas, lembre-se: você consegue ser tão bom quanto ele, então não renda-se tão fácil, esteja sempre confiante em si mesmo, sei que consegue – ele tocou meu ombro sorrindo, e assenti, derretendo-me por dentro.

– Não a trouxe comigo porque não via necessidade, então é uma pena, não vou poder lutar – o echidna deu de ombros, fingindo infelicidade.

– Não seja por isso, alteza. Pegue – Shadow confiou sua espada a ele, que mesmo contrariado, agarrou-a.

Lembrei de todas as lições que o prateado repassava comigo e já de cara notei erros em sua postura e olhar, não enaltecia devida confiança. Ele claramente não fazia ideia do que estava fazendo.

– Isso vai ser divertido – riu Shadow, afastando-se de nós dois – As regras são simples: quem cair primeiro, é o perdedor da partida. Haverá apenas uma chance de vitória, então... que comecem os jogos.

Ajeitei minha postura, em posição de defesa, sorrindo de canto enquanto encarava Knuckles e assim notei este até engolir em seco, era engraçado como já havia se arrependido do que disse, mas agora era tarde. Efetuei meu primeiro ataque, reproduzindo um som agudo na espada de Shadow, assim o echidna apenas deu alguns passos para atrás, olhando para os lados; era minha chance, ele não estava muito focado. Num movimento ligeiro, minha espada se chocou com a outra, que voou para longe, fazendo com que o avermelhado se assustasse, caindo, assim apontei a ponta afiada até seu focinho.

– Está bem! Vocês venceram, eu me rendo! – ele levantou ambas mãos, com raiva. Sorri e olhei para Shadow, que encarava-me no mesmo instante, com uma encantadora expressão. Desviei corado, com o coração já acelerando, isso me fazia extraordinariamente contente.

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