Onze

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O dia não estava tão bom assim naquele domingo quando resolvi fazer as vontades de Sarada e ir a pracinha no centro da cidade para ela poder se encontrar com a sua nova amiguinha que havia feito na semana anterior. A folga na semana, excecionalmente aos domingos que o senhor Hatake mencionou que existia para as babás, não havia saído para mim. O senhor Uchiha fez uma outra viagem no dia seguinte em que estive em seu escritório, para tratar de negócios, pelo menos foi assim que Karin me notificou na manhã seguinte quanto estava na cozinha preparando o café da manhã de Sarada.

E com isso, não houve nenhuma ligação para o senhor Hatake, aceitando seu convite para sair. Para falar a verdade, não me sentia animada para ficar em sua companhia. Depois daquele dia que o senhor Uchiha me censurou sobre possíveis romances entre empregados, eu me sentia estranha, sei lá, um sentimento de que estava fazendo a coisa errada, mesmo tendo consciência de que não estava fazendo nada de errado. E também havia o detalhe de que me senti fora de mim quando estive na companhia do senhor Hatake, não havia gostado daquele sentimento, o que abriu um sinal de alerta em meu subconsciente.

Observei Sarada que estava sentada no banquinho de madeira ao meu lado enquanto comia o seu segundo algodão-doce. Suas pernas balançavam enquanto faltava alguns centímetros para seus pés tocarem no chão, e fitava todo o local e umas duas crianças brincando na gangorra.

Devido ter chovido todo o sábado, o domingo amanheceu com o tempo feio e frio, a pracinha estava quase toda molhada, a grama estava com várias poças d'água e havia um pouco de lama, o que impedia de haver crianças brincando. A pracinha estava vazia.

- Acho que a Chōchō não virá – a voz de Sarada soou baixinha, a decepção estava praticamente estampada em seu rostinho rosado por causa do frio.

- Eu sinto muito – disse, passando a mão em seus cabelos, fazendo seus olhos subirem até mim. – A pracinha está bem molhada para uma brincadeira hoje.

Sarada desviou seus olhos para frente e depois suspirou.

- Eu queria brincar com ela hoje.

- Mas não vai faltar oportunidade para vocês se encontrarem. A cidade é pequena, e essa pracinha é a única. Haverá muitos finais de semana pela frente ainda, só não tivemos sorte hoje.

Sarada voltou a me fitar, agora havia esperanças em seus olhos ônix.

- Será que ela ainda vai se lembrar de mim?

Sorri, tendo uma lembrança dessa mesma pergunta que fiz para minha mãe quando estava me tornando amiga de Ino. Era impressionante como Sarada fazia lembrar-me de minha infância, a insegurança era um ponto alto que fazia ela ser praticamente igual a Sakura que eu fui um dia.

- É claro que ela irá se lembrar de você – disse as mesmas palavras que minha mãe disse para mim. Afaguei seu rosto delicadamente. – Uma amizade verdadeira começa com uma pequena sementinha que com um tempo se torna uma bela árvore com raízes profundas.

Sarada comprimiu os lábios, tentando reprimir um sorriso enquanto colocava um pedaço generoso de algodão-doce na boca. Era inacreditável como eu me sentia a cada dia mais ligada aquela menina, parecia que tínhamos um vínculo que vinha de épocas distantes, vidas passas... Era um pouco assustador e ao mesmo tempo reconfortante, parecia que nada mais faltava para mim. Sarada conseguia preencher cada buraco que existia, colava cada pedaço que estava quebrado, me inteirava como se eu nunca estivesse inteira em toda a minha vida.

Eu amava aquela criança com todas as minhas forças.

Depois de mais um tempo, o suficiente para terminar de degustarmos o algodão-doce, resolvi que estava na hora de voltarmos para casa, até por que o tempo estava ameaçando a chover a qualquer momento.

The SecretOnde histórias criam vida. Descubra agora