Sarada e eu estávamos na cozinha preparando juntas o seu primeiro bolo de aniversário e a empolgação de minha menina era grande o suficiente que contagiava tudo. Riamos juntas do jeito desengonçado quando ela quebrou o ovo, eu a ensinava e me sentia a pessoa mais feliz do mundo. A cozinha naquele momento estava toda suja de farinha de trigo e aquela foi a primeira vez que vi uma expressão diferente no rosto de Karin quando ela adentrou o cômodo.
- Minha nossa! Senhorita Haruno, isso aqui está uma desordem!
Ainda rindo eu fitei Karin parada no meio da cozinha, observando tudo com uma expressão pouco incrédula, pois aquela parte da casa estava fora de seu controle.
- Quando terminar aqui eu juro que limpo tudinho – respondi, segurava a bacia tendo o apoio da minha barriga para apoiá-la enquanto eu batia a massa com uma colher de pau.
- Karin, a minha ma... babá está fazendo um bolo de aniversário para mim. – Sarada própria se interrompeu quando iria mencionar a mim como sua mãe.
Depois que contamos a verdade a ela, Sasuke explicou de um jeito mais fácil e menos complicado o fato de ela não me chamar de mãe na frente de outras pessoas. Ele disse que ninguém podia saber que eu era sua mãe, pois estávamos passando por uma situação complicada e que o avô, pai de Sasuke, não podia nem sonhar que eu estava viva. E só de mencionar a palavra avô que Sarada logo concordou sem piscar, e o medo era visível em seu rosto enquanto me abraçava forte com a possibilidade de algo acontecer comigo. E não tirava a razão de ela temê-lo, pois pelo pouco que eu o conhecia falar sobre o progenitor do pai da minha filha, ele era o próprio diabo em pessoa.
Por essa razão Karin nem sonhava que eu não era uma simples babá. E por mais que ela fosse uma das pessoas que Sasuke mais tem confiança nesse mundo, segundo ele, aquele segredo não podia ser revelado, ainda.
- Eu procurei por velinhas e outras coisas e não achei nada por aqui, então eu pensei que...
- Eu já providenciei esses utensílios, senhorita Haruno – ela me interrompeu, voltando a sua fisionomia de sentinela, fitando-me sem um pingo de humor. – O mestre Uchiha comunicou-me sobre a festinha da pequena Sarada.
Apenas assenti, sorrindo forçado e desviei meus olhos para Sarada que estava sentada em cima do balcão catando as cascas dos ovos e colocando dentro do saco vazio da farinha de trigo.
Quando nos vimos sozinhas novamente acabamos rindo da expressão surpresa de Karin quando viu a cozinha imunda. As risadas de Sarada eram altas enquanto imitava a expressão da governanta. Depois de um tempo Karin adentrou novamente a cozinha com uma caixa de papelão abarrotada de coisas, alegando ser os utensílios para a pequena festinha. Sarada estava animada e dando gritinhos com as coisas que haviam ali, doces, velas coloridas, confetes, bolas de bexiga, brigadeiros enlatados e várias outras coisas, uma imensidão de cores.
Nós duas acabamos nos sentando no chão daquela cozinha revirando toda aquela caixa, imaginando aquela decoração no final enquanto o bolo assava no forno. Sarada não sabia se assoprava a língua de sogra ou a cornetinha amarela, ou brincava com os outros brinquedinhos de plásticos que haviam nas festinhas infantis. Nunca a tinha visto tão feliz e rindo como uma verdadeira criança saudável, tudo aquilo era novidade para ela, e eu não podia deixar de mencionar que eu estava amando tudo aquilo, era empolgante.
Eu ria toda vez que a via se empolgar demais e pular quando descobria para que aqueles brinquedinhos faziam, e ela amou os ioiôs e os apitos, soava bem alto, fazendo barulho, seu pulso lotado de pulseirinhas de plásticos coloridas e os dedos cheios de anéis.
E no meio disso tudo eu senti um pequeno arrepio em minha nuca e uma sensação de que estava sendo observada. Quando virei meu rosto para trás eu pude ter o vislumbre de Sasuke parado na entrada da cozinha, os ombros apoiados na parede e os braços cruzados enquanto um meio sorriso estava no canto esquerdo de sua boca. Observava o quando a nossa filha estava feliz com aqueles brinquedinhos de festas tão insignificantes, e que só quem já foi criança sabia o quanto aquilo tinha valor. Nossos olhos se encontraram por um segundo e reprimi um sorriso, voltei minha atenção para Sarada que agora percebia o pai e corria até ele para mostrar as suas joias de plásticos e assoprar a língua de sogra. Sasuke apenas riu baixinho, passando a mão na cabeça dela.
VOCÊ ESTÁ LENDO
The Secret
FanfictionDepois de um acidente misterioso que fez perder dois anos de suas memórias, Sakura Haruno tentou voltar a sua vida normal, mas algo estava errado. Com a superproteção de seus pais, e a ignorância de suas amigas, fez Sakura tomar uma decisão drástic...