Trinta e Dois

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Pisquei algumas vezes, incrédula, observando Ino naquela pouca luminosidade que vinha daquele pedaço pequeno de vela. Como ela podia me pedir algo tão impossível, como se eu tivesse o poder de adivinhar? Como ela me confidencia uma missão daquela magnitude sem me dar nenhuma só dica por aonde começar, me deixando a mercê da própria sorte?

A bruxa aqui era ela e não eu.

- Como é? – Minha voz soou baixa, ainda digerindo o que ela acabara de me dizer. – Ino, você só pode estar pirada. Como pode me dizer que tenho que achar uma pedra super rara e não me dizer a localidade exata ou por aonde começar? Isso é praticamente caçar uma agulha num palheiro... pior, é como se procurasse um granulo de areia num deserto de areia.

- Acredite em mim, Sakura, você vai encontrá-la.

Em seguida ela foi até a porta de madeira velha e a abriu, olhando do lado de fora. Voltou a fechá-la em seguida e veio até mim.

- Nosso tempo aqui está acabando.

- Como assim?

Ino foi até um velho baú que estava próximo da cama e o abriu, começando a remexer nos panos que havia lá, caçando.

- O que diabos você está fazendo? – Perguntei, me aproximando dela ao mesmo tempo que a vertigem da viagem fez minha visão escurecer por alguns segundos. Parei.

- Procurando algo para você vestir – respondeu sem me olhar. Franzi o cenho. – As pessoas se virem você de jeans vai pensar que é uma prostituta ou até mesmo uma feiticeira. E vai por mim, você não vai querer esse tipo de atenção.

- Ahn?

- Isso vai ter que servir.

E se endireitou, virando para a minha frente com um monte de panos nas mãos, um vestido para falar a verdade. O branco que havia nele era encardido com detalhes em vermelho e a saia era marrom... aquilo ali era um corpete?

- Agora tire essas roupas.

Dei um passo para trás automaticamente e a minha cabeça girou, mas consegui o equilíbrio.

- Acho que não.

- Sakura, você vai ter que confiar em mim.

- Ino...

- Anda, Sakura, a dona dessa cabana não vai demorar para chegar – sua voz era impaciente e ela batia com o pé em sinal de agitação.

Meu rosto se contorceu numa careta, incerta de tudo o que ouvi e de toda a situação. A meia hora atrás eu estava colocando a minha filha para dormir com a mente no escritório de Sasuke, tentando imaginar o que os irmãos vampiros estavam discutindo. E num passe de mágica Ino aparece na minha frente e desestabiliza tudo, me trazendo para um lugar distante e frio que eu não fazia ideia aonde estava.

- Isso é mesmo necessário? Essas roupas são de outra pessoa.

E como resposta ela arqueou aquela sobrancelha bem-feita, em sinal de que ela falava supersério. E por mais que eu achasse tudo aquilo bizarro com as meias verdades que ela contava, resolvi arcar com seu pedido.

Tirei os tênis e as meias, e nossa, como o chão de terra batida estava gelado. Desabotoei o jeans e o tirei em seguida do casaco e a blusa. Me encolhi de frio, meu corpo desnudo estava congelando.

- O sutiã também – ela disse.

- Espero que isso valha a pena – murmurei enquanto desabotoava o fecho detrás e tirava o sutiã.

Ino se aproximou e colocou um vestido branco de mangas compridas que mais parecia uma camisola que ia até os pés, em seguida a saia marrom de tecido mais grosso e pesado, amarrando as fitas entrelaçadas na minha cintura. E por último amarrou o corpete, prendendo minha cintura e os meus seios, me faltando o ar por um momento quando ela os amarrava. Em seguida ela me fez senta-se na cadeira para calçar as meias velhas e encardidas e os sapatos velhos e marrons que havia ficado um pouco grande nos meus pés.

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⏰ Última atualização: Feb 02, 2022 ⏰

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